Rússia ameaça sair da Estação Espacial Internacional após sanções dos EUA

Além disso, astronautas russos já disseram anteriormente que o segmento russo da ISS carece de melhorias cruciais para continuar operando.
Imagem: NASA
Imagem: NASA

Dmitry Rogozin, diretor-geral da Agência Espacial Federal Russa (Roscosmos), disse que a Rússia pode deixar a Estação Espacial Internacional (ISS) em 2025. A declaração em tom de ameaça chega após os Estados Unidos imporem sanções que impedem o desenvolvimento do setor espacial russo em território americano. E o governo russo diz que não vai mudar de ideia, a não ser que os EUA voltem atrás.

De acordo com a agência russa Tass, Rogozin fez os comentários durante uma audiência parlamentar russa, realizada na última segunda-feira (7), para discutir as sanções dos EUA e possíveis contramedidas. Se as medidas “não forem suspensas em um futuro próximo, a questão da retirada da Rússia da ISS será responsabilidade dos parceiros americanos”. Segundo a NBC e a Reuters, Rogozin disse que a Rússia deixaria o posto avançado orbital já em 2025.

“Ou trabalhamos juntos, caso em que as sanções são suspensas imediatamente, ou não trabalharemos juntos e implantaremos nossa própria estação”, completou o diretor-geral da Roscosmos.

O chefe da Roscosmos apontou sanções contra duas empresas russas em particular: a JSC Rocket and Space Center Progress e a JSC Central Research Institute of Machine Building (TsNIIMash). Em dezembro, o governo do então presidente Donald Trump colocou essas companhias espaciais, junto com outras 43 entidades russas, na lista de empresas com suposta ligação aos militares russos. Desde então, americanos que desejam trabalhar com essas companhias precisam obter uma licença especial.

Como resultado dessas medidas, a Rússia agora carece de um ingrediente-chave envolvido na construção de satélites. O país tem “foguetes mais do que suficientes, mas nada para lançá-los”, admitiu Rogozin. “Temos naves espaciais que estão quase montadas, mas carecem de um conjunto de microchip específico que não temos como comprar por causa das sanções”, destacou.

Sanções internacionais foram impostas à Rússia após a anexação da Crimeia da Ucrânia em 2014. De lá para cá, os EUA baixaram mais medidas devido a supostas intromissões eleitorais, ataques cibernéticos e o envenenamento do ativista Alexei Navalny, crítico do presidente russo Vladimir Putin. O próprio Rogozin está sob sanções pessoais impostas pelos Estados Unidos e pela União Europeia.

Quanto à flexibilização das sanções pelo governo Biden às duas empresas citadas, isso parece improvável, visto que essas medidas estão prejudicando a Rússia — o próprio Biden anunciou novas sanções recentemente, em abril.

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O fim de uma parceria?

A ISS está em órbita desde 1998 e consiste em um segmento conjunto entre americanos e russos. Em outubro do ano passado, o veterano cosmonauta russo Gennady Padalka disse que os módulos russos estão “esgotados”, equipados com equipamentos vencidos que precisam urgentemente de uma substituição. Incidentes recentes no segmento russo incluem vazamento persistente de ar, falha no sistema de suprimento de oxigênio e falha no banheiro.

Alguns anos atrás, o fim da parceria com a Rússia teria sido ainda mais complicado, já que a Nasa comprou viagens em foguetes russos para levar seus astronautas ao espaço. Mas agora a situação mudou, uma vez que a agência espacial americana tem usado veículos da SpaceX. Além disso, a Rússia, ao que parece, não está mais investido pesado na ISS. Em abril, o país declarou que planeja lançar uma estação espacial própria em 2030.

Em todo o caso, seria uma pena ver essa parceria espacial entre EUA e Rússia acabar dessa maneira. Bell Nelson, administrador da Nasa, declarou recentemente que “não seria bom” se a Rússia deixasse o programa. Desde 2000, a estação espacial sempre hospedou pelo menos um americano e um russo juntos. Isso sem contar que a ISS representa um ambiente seguro, onde americanos e russos podem trabalhar juntos e deixar a política de lado. O plano atual dos EUA é apoiar a ISS pelo menos até 2030, quando será decidido o futuro da estação espacial.

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