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Sean Parker, o fundador do Napster, tem um projeto de US$ 250 milhões para combater o câncer

Bilionário fundou um instituto que compartilhará descobertas de diversos cientistas para acelerar o surgimento de novos tratamentos de câncer.

Sean Parker, o bilionário cofundador do Napster e primeiro presidente do Facebook, anunciou uma iniciativa de US$ 250 milhões para acelerar o desenvolvimento de tratamentos do câncer – e ele está pedindo a ajuda dos maiores cientistas dos EUA para que eles compartilhem com todos as suas descobertas.

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A iniciativa, chamada Parker Institute for Cancer Immunotherapy, vai incluir mais de 40 laboratórios de pesquisa e mais de 300 pesquisadores de seis centros de pesquisa do câncer dos EUA, com a possibilidade de novas instituições ajudarem no futuro. O instituto terá como foco inicial o campo emergente da imunoterapia do câncer, na qual o sistema imunológico do corpo é usado para impedir o crescimento das células cancerosas.

Diferentemente de esforços convencionais de pesquisa, nos quais centenas de laboratórios de pesquisa competem uns com os outros e raramente compartilham suas descobertas, Parker quer cientistas colaborando uns com os outros. Vai ser mais ou menos como o Napster, o site de compartilhamento de música que ele ajudou a fundar; o bilionário quer que seu instituto aja como um hub no qual dados importantes de pesquisas são compartilhados. Mas mais do que isso, a pesquisa não vai parar apenas em revistas científicas – Parker quer ver essas descobertas serem transformadas em tratamentos reais rapidamente.

“Qualquer avanço feito em um centro estará imediatamente disponível para outros centros sem nenhum tipo de propriedade intelectual ou burocracia,” disse Parker em entrevista à Reuters.

Parker está frustrado com a demora no progresso das pesquisas contra o câncer, e decidiu aplicar sua experiência empreendedora para remediar o problema. O Parker Institute vai encorajar cientistas a emprestarem coisas para outros, e também pegar coisas emprestadas de outros laboratórios. Cada instituto conduzirá sua própria pesquisa, mas eles receberão financiamento adicional para acessar novos recursos. Cada universidade participante vai ter um representante em um comitê científico centralizado.

Alguns críticos temem que isso introduza um “pensamento coletivo” à pesquisa do câncer e prejudique a inovação e o pensamento fora da caixa. Em sua defesa, Parker diz que o princípio central por trás do instituto vai ser “liberdade de inovação em sintonia com a colaboração.” Um modelo de compartilhamento de receitas vai ser usado para manter incentivo aos pesquisadores, e também como forma de financiar futuros estudos. Parker vai exercer um papel ativo no gerenciamento do instituto.

O Parker Institute terá sua própria equipe com cerca de 50 pessoas, e vai facilitar o patenteamento de invenções, além de lidar com o licenciamento necessário. Ele pode até gerar outras empresas. Um especialista descreveu o modelo incomum como “biofarmácia acadêmica.” Apesar de, tecnicamente, não se tratar de uma empresa de biotecnologia, o instituto vai lidar com descobertas e desenvolvimentos de medicamentos. Além de contribuir com centros de pesquisas do câncer, a iniciativa também vai incluir parcerias com grupos de defesa de pacientes, assim como com diversas empresas privadas como Merck, Genentech e Grail.

A sede do Parker Institute vai ser em San Francisco, e o foco dela será em três áreas de pesquisa: modificação de células imunológicas para mirar em tumores, melhorar a resposta de pacientes às drogas atuais de imunoterapia, e identificar outros alvos para atacar tumores.

A imunoterapia, que muitos especialistas acreditam que é o futuro do tratamento do câncer, “treina” células do sistema imunológico para atacarem e destruírem certos tipos de câncer. Isso pode ser feito com um estímulo no sistema imunológico do paciente para que ele ataque células cancerígenas com mais força, ou pode ser feito ao melhorar o sistema imunológico com proteínas sintéticas.

Os resultados preliminares se mostraram promissores, com alguns estudos mostrando uma melhoria significativa nas taxas de sobrevivência e períodos livres da doença. Pesquisas mostram que a eficácia das imunoterapias são melhoradas em 20% a 30% quando combinadas com tratamentos convencionais como a quimioterapia. Recentemente, um medicamento imunoterapêutico chamado pembrolizumab foi creditado pelo sucesso do tratamento de câncer do ex-presidente dos EUA Jimmy Carter.

É uma ideia promissora, mas vai exigir bastante trabalho – e dinheiro. De acordo com o Parker Institute:

Pesquisas relacionadas à imunoterapia vão receber menos de 4% dos US$ 4,9 bilhões do orçamento de pesquisa do câncer do Instituto Nacional de Câncer, e a indústria farmacêutica permanece concentrada em quimioterapia e agentes “direcionados”.

O novo instituto é o esforço mais ambicioso no combate a uma doença desde que Bill e Melinda Gates anunciaram seu projeto de combate à malária. O interesse de Parker no câncer cresceu após a morte de Laura Ziskin, uma produtora de cinema e amiga dele que morreu de câncer de mama três anos atrás.

[Washington Post, Reuters, MIT Technology Review]

Foto de topo: imuc.com. Foto de Sean Parker: Amager/Flickr

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