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Como cientistas poderiam usar sequenciamento de DNA para identificar vida alienígena

Eis um enigma: se uma forma de vida alienígena é, bem, um alienígena, como saberemos o que ela é? DNA e RNA são os blocos de construção da vida na Terra, mas as moléculas de vida podem ser substancialmente diferentes em outro planeta. Portanto, se cientistas observando, digamos, as águas potencialmente habitáveis da lua Europa, […]

Eis um enigma: se uma forma de vida alienígena é, bem, um alienígena, como saberemos o que ela é? DNA e RNA são os blocos de construção da vida na Terra, mas as moléculas de vida podem ser substancialmente diferentes em outro planeta. Portanto, se cientistas observando, digamos, as águas potencialmente habitáveis da lua Europa, de Júpiter, encontrassem uma nova forma de vida, como eles saberiam o que descobriram?

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Um novo estudo feito por cientistas da Universidade Georgetown, publicado neste mês no periódico Astrobiology, sugere um método para identificar vida alienígena usando tecnologia moderna de sequenciamento de genoma.

“[A] maioria das estratégias para detecção de vida dependem de encontrar características conhecidas por serem associadas com a vida terrestre, como classes particulares de moléculas”, escreveram os pesquisadores. “Mas a vida pode variar vastamente em outros planetas e luas, particularmente conforme expandimos nossos esforços para explorar mundos oceânicos como (as luas) Europa e Encélado.”

Funciona assim: ácidos nucleicos como o DNA formam estruturas que vão, inerentemente, se ligar a uma série de materiais e formatos, incluindo moléculas orgânicas, minerais e até metais. No sistema que os pesquisadores propõem, uma técnica às vezes usada na detecção de câncer chamada “Evolução Sistemática de Ligantes por Enriquecimento Exponencial”, eles sugerem criar ácidos nucleicos que possam se ligar a moléculas orgânicas que são indicadores da vida.

Os ácidos nucleicos iriam, teoricamente, agir como uma espécie de sensor que pode ser amplificado, e os padrões de ligação seriam analisados, revelando um tipo de assinatura bioquímica — uma “impressão digital”, como os pesquisadores definem.

A bioquímica da vida alienígena pode ser completamente diferente de qualquer coisa que já vimos na Terra, mas ainda seria possível ter uma ideia dos padrões moleculares e da complexidade dessa forma de vida e, consequentemente, uma ideia mais ampla do que ela é. Para começo de conversa, se as estruturas moleculares identificadas forem complexas, isso é um sinal muito bom de que se trata, de fato, de uma vida.

O sistema que os pesquisadores da Georgetown propõem é apenas uma ideia de como identificar melhor formas de vida alienígena, mas é um sistema muito menor e menos complicado do que outros métodos de detecção de sinais moleculares de vida, como os sistemas de espectroscopia de massa a bordo do rover Curiosity, em Marte.

Os pesquisadores apontam que os esforços para miniaturizar sequenciadores de genoma, como o MinION, da Oxford Nanopore, que cabe na palma da mão, poderiam um dia resultar em métodos leves e extremamente pequenos de detecção de formas de vida no espaço.

“Sem pressupor qualquer estrutura molecular específica, essa abordagem agnóstica na detecção de vida poderia ser usada de Marte aos mais distantes cantos do Sistema Solar, tudo dentro da estrutura de um sistema que extraia pouco calor e energia”, escreveram os pesquisadores.

Em 2016, a NASA sequenciou DNA no espaço pela primeira vez na história. A agência tem explorado maneiras de tornar a tecnologia mais adequada para a exploração espacial.

Imagem do topo: NASA

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