Sério, HP? Agora você quer demitir seu CEO?

Notícia de hoje da Bloomberg informa que o conselho da HP pretende se reunir em breve para decidir se deve ou não demitir Léo Apotheker, atual CEO da empresa. E eu só consigo pensar em quão pior as coisas podem ficar. Veja bem, nós criticamos muito as últimas manobras da HP, desde o fiasco do […]

Notícia de hoje da Bloomberg informa que o conselho da HP pretende se reunir em breve para decidir se deve ou não demitir Léo Apotheker, atual CEO da empresa. E eu só consigo pensar em quão pior as coisas podem ficar.

Veja bem, nós criticamos muito as últimas manobras da HP, desde o fiasco do TouchPad, passando pelo desmantelamento da divisão de PC e a aquisição da Autonomy. E, sim, seria negligência se o conselho não discutisse pelo menos como a empresa chegou a uma situação dessa. Mas se Apotheker cair, ele será o bode expiatório mais descarado desde Bill Buckner.

Do jeito que as ações da HP foram surpreendentes e errôneas nos últimos meses, é importante lembrar quem é Apotheker, e de onde ele veio. No resumo, em primeiro lugar, ele é o cara que o conselho da HP escolheu. E se você conhece o perfil dele, é fácil reparar como todas as últimas ações fazem muito sentido.

Apotheker chegou à HP após passar pela SAP, onde ele pilotou desde 2008 uma das empresas de software empresarial mais importantes do mundo. Ele não é um cara de hardware. Ele não é um cara que entende do mercado consumidor comum. Ele é um vendedor empresarial dos bons que, no caso de uma companhia passando por problemas e tendo lideranças complicadas como a de Carly Fiorina ou a de Mark Hurd, Apotheker representa solidez. Mais importante, em um mundo pós-PC, ele dá a chance de fazer um remake da visão de mercado que a IBM teve. Ou que a SAP teve.

O conselho da HP sabia disso quando o contratou. E isso foi essencialmente o que eles receberam em troca: o debate do TouchPad assassinou uma plataforma que Apotheker herdou e um mercado que não o deixava muito à vontade. Por isso também a mudança na divisão de PCs. E a compra da Autonomy (mesmo com a HP pagando mais do que a empresa vale) é a chance da companhia de utilizar direito as expertises de Apotheker e reconstruir a marca, criando uma gigantesca máquina de software empresarial. Se alguma das escolhas dessa estratégia estão certas ou erradas, tudo isso é muito discutível. E a execução sem dúvida foi muito desajeitada. Mas eu acho difícil imaginar que o conselho da HP não sabia o que estava por vir.

O que eles pensaram que ia acontecer? Eles trouxeram um cara com habilidades únicas e qualificadas para transformar a HP em uma empresa quase irreconhecível se comparada ao cenário atual. E se eles consideram que Apotheker foi uma escolha ruim, bem, adicione-o à longa lista de contratações ruins da HP. E talvez seja hora de olhar para as pessoas que assinam os contratos com os CEOs. Ou seja, eles mesmos.

E assim chegamos ao cenário atual: enquanto as transformações dramáticas de Apotheker na HP possam ter sido para pior, ele é também (ironicamente?) a pessoa mais qualificada para comandar o que restou. Por que não dar a ele a chance de provar que ele sabia o que estava fazendo? Quem será mais capaz de azeitar cada gota de sinergia da Autonomy? O nome de Meg Whitman surge como um possível sucessor, mas ela está desconectada da HP atual do mesmo jeito que Apotheker estava quando assumiu.

Conselho da HP, dê uma chance ao cara. Ninguém colocará a HP nos trilhos, ou pelo menos não da forma que vocês querem. Então talvez seja melhor ficar com o cara que saiba fazer o melhor omelete. [Bloomberg]

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