Sinais de Wi-Fi um dia podem ser utilizados para saber se você está sonhando
Pesquisadores do MIT desenvolveram um sensor sem fio, com inteligência artificial, capaz de detectar os diversos estágios do sono, incluindo o movimento rápido dos olhos – estágio associado com os sonhos. O sistema não invasivo poderia mudar a forma com que clínicos diagnosticam doenças relacionadas ao sono e outras complicações de saúde.
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Sinais de rádio Wi-Fi são extremamente sensíveis, e já foram utilizados para enxergar através de paredes, e monitorar os movimentos e humor de uma pessoa. Essas reflexões invisíveis também já foram utilizadas para monitorar a respiração, batimentos cardíacos de crianças adormecidas, além de inspirar uma equipe do MIT a desenvolver um sensor que possa detectar as três principais fases do sono: leve (que reforça os processos cognitivos), profundo (associado com a consolidação da memória) e REM (associado com sonhos mais intensos).
Trabalhando com pesquisadores do Massachusetts General Hospital, Dina Katabi e seu time do MIT utilizaram um algoritmo de inteligência artificial conhecido como rede neural profunda. Ao analizar as pequenas mudanças nas frequências da reflexão dos sinais na frequência de rádio enquanto elas batiam no paciente que dormia, o sistema consegue combinar esses dados com diversas fases do sono, incluindo estar acordado. O que torna o sistema particularmente poderoso, dizem os pesquisadores, é que ele consegue ignorar movimentos supérfluos e barulhos externos, focando apenas nas medições comportamentais do sono, como pulso e taxa de respiração.
O sensor em si emite baixos sinais de frequência de rádio, tem o tamanho de um laptop e pode ser acoplado em uma parede próxima ao paciente adormecido. Em testes com 25 voluntários saudáveis, a tecnologia teve precisão em 80% do tempo, o que é comparável com as taxas de precisão de medições de eletroencefalografia (EEG). Mas esse dispositivo, que não utiliza fios ou acessórios estranhos, é muito menos intrusivo e muito mais cômodo para pacientes que estão tentando dormir.
“Nosso dispositivo permite não apenas remover todos aqueles sensores que se colocam nas pessoas, e tornar uma experiência melhor que pode ser feita em casa, mas também torna o trabalho do médico é do tecnólogo muito mais fácil”, disse Katabi em um comunicado. “Eles não precisam passar pelos dados e classificá-los manualmente”.
Os pesquisadores do MIT, que apresentaram o artigo na Conferência Internacional de Machine Learning no dia 9 de agosto, gostariam de utilizar o dispositivo para entender melhor como a doença de Parkinson afeta o sono – a doença neurodegenerativa também é associada com deficiências no sono complexas e pouca entendidas. Aplicações futuras também podem envolver pacientes com Alzheimer, insônia e apneia do sono. O sensor poderia ser utilizado até mesmo em pacientes que sofrem de epilepsia, que é difícil de detectar quando acontecerão durante o sono.
Além dos benefícios para pesquisa, a ideia de uma inteligência artificial dentro de um roteador Wi-Fi monitorando o seus padrões de sono é legal – e um pouco assustador.
[MIT News]