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Na Venezuela em crise, Moto G pode custar até US$ 12.700

Os smartphones estão longe de ser um luxo na Venezuela, mesmo com a crise, mas a situação econômica cria níveis de preço absurdos.

A Venezuela entrou em uma crise que lembra o Brasil dos anos 80: mercados desabastecidos, filas enormes para comprar, inflação galopante e recessão econômica. Nesse cenário, o que acontece quando uma tecnologia se torna quase tão essencial quanto itens básicos como alimentos? Bem, ela fica absurdamente cara e inacessível.

Segundo a Bloomberg, os smartphones estão longe de ser um luxo na Venezuela, mesmo com a crise. Na verdade, existem apps que ajudam as pessoas a encontrar itens escassos em supermercados. Mas a situação econômica cria níveis de preço absurdos, como um iPhone 6 que sai a US$ 47.678 pelo câmbio oficial.

O preço de outros smartphones é igualmente absurdo: o Moto G de segunda geração custa em média US$ 12.700, e o Lumia 530 chega a US$ 2.700.

Como isso é possível? É que existem diferentes taxas de câmbio para converter bolívares – a moeda nacional – em dólares. A taxa oficial (6,3) é artificialmente baixa, e o governo limita a quantidade de dinheiro que você pode trocar.

Por isso, o jeito é obter a moeda americana no mercado negro, onde recentemente a taxa era de 456 bolívares por dólar. Neste caso, o iPhone 6 vendido pelo Mercado Libre sai a US$ 658; o Moto G, a US$ 175; e o Lumia 530, a US$ 37.

A Bloomberg cita o caso de Maria Veronica Fernandez, cujo Galaxy S4 foi roubado à mão armada: ela teve que substituí-lo por um Galaxy Fame porque não havia muita escolha, e ele era mais barato. Fernandez pagou 17.000 bolívares, que equivalem a 2,3 salários mínimos. (No Brasil, ele custa R$ 380, ou meio salário mínimo.)

Os estoques de smartphone são limitados na Venezuela. Toda importação precisa passar pela estatal Telecom Venezuela, e o país está sem dólares para importá-los: o petróleo corresponde a 95% das exportações, e seu preço caiu pela metade.

Isso faz com que os celulares sejam muito visados por criminosos: os ladrões ficam à espreita de pessoas caminhando ou presas no trânsito, e revendem o aparelho no mercado negro. Não bastando os roubos, a Venezuela tem uma das taxas de homicídio mais altas do mundo.

Por isso, o país anda na contramão da América Latina: as vendas de celulares estão caindo. Estima-se que serão apenas 4,9 milhões de unidades este ano, metade do que se viu em 2012. Mais pessoas preferem consertar o celular do que ter a dor de cabeça de comprar um novo.

Enquanto isso, o mercado brasileiro de celulares (incluindo aparelhos simples e smartphones) encerrou 2014 em alta de 7%, segundo a IDC, tornando-nos o quarto maior mercado do mundo.

Voltando à Venezuela:

A escassez de celulares é tão grave que a disponibilidade é muitas vezes restrita a apenas duas ou três lojas em Caracas inteira… Os iPhones mais recentes são quase impossíveis de se encontrar, pois as lojas oferecem em sua maioria smartphones feitos na China por empresas como Huawei e ZTE, e alguns modelos da Samsung, Nokia ou LG.

A Venezuela encerrou o ano passado com 39,7% de smartphones Android, seguido pelo BlackBerry (30,9%), Windows Phone (5,4%) e iOS (4,1%), de acordo com a agência reguladora Conatel. [Bloomberg]

Foto por Japanexperterna.se/Flickr

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