As fabricantes de smartphone vêm surpreendendo os clientes brasileiros com preços cada vez mais altos. Um dos motivos é o fim da isenção fiscal dada pela Lei do Bem. Esse também é uma das justificativas para a Sony interromper a produção de smartphones no país.
Segundo o G1, a Sony Mobile mudou a estratégia no Brasil para se concentrar apenas em smartphones importados. A diretora de marketing Ana Peretti diz que “só temos produtos acima de R$ 1.800”; como a Lei do Bem afetava apenas smartphones de até R$ 1.500, não havia porque produzi-los no país.
Isso está valendo desde o fim do ano passado, com o lançamento do Xperia Z5 Premium (por R$ 4.699) e Z5 (R$ 4.299), e continua com os novos Xperia X (R$ 3.799) e Xperia XA (R$ 1.799).
Essa estratégia de apostar só no segmento premium parece estranha, mas segundo a IDC, a venda de smartphones acima dos R$ 3.000 dobrou em relação ao mesmo trimestre do ano passado. Enquanto isso, aparelhos abaixo dos R$ 500 estão sumindo do mercado.
Você já sabe o que aconteceu: o dólar alto encareceu smartphones importados, assim como os componentes dos aparelhos montados no Brasil; e o fim da isenção fiscal na Lei do Bem só contribuiu para deixar tudo mais caro.
O analista Leonardo Munin, da IDC Brasil, também diz que “houve uma mudança no comportamento dos consumidores, que passaram a investir em celulares mais caros”; enquanto que “os anos de 2013 e 2014 foram marcados pela popularização do smartphones”.
Há outro possível motivo para a Sony fabricar smartphones só no exterior, reduzindo custos: a empresa cogita desistir da linha Xperia se a divisão não der lucro em 2016.
A Xiaomi também deixou de fabricar smartphones no país, culpando o fim da isenção fiscal na Lei do Bem, assim como as novas regras do ICMS para o comércio eletrônico, que dividiam o imposto entre os estados de origem e destino de cada mercadoria (essas regras foram suspensas por liminar em fevereiro).
Esse cenário reduz a quantidade de fabricantes realmente atuando no Brasil: a Microsoft praticamente desistiu de vender Lumias por aqui; a HTC saiu há anos; e a presença de empresas como Huawei ainda é tímida. Samsung, Lenovo/Motorola, LG e Apple dominavam 75% do mercado de smartphones no ano passado.
Foto por Maurizio Pesce/Flickr