Startup brasileira estuda a impressão de pele idêntica à humana

Hoje usada como tecido artificial em testes de cosméticos, tecnologia poderá ser empregada na medicina regenerativa no futuro
Protótipo de pele artificial
Imagem: 3D Biotechnology Solutions, YouTube/Reprodução

Uma startup brasileira pode estar no caminho certo para desenvolver pele idêntica à humana através da bioimpressão 3D. A empresa 3DBS (3D Biotechnology Solutions), fundada em 2017, que explicou todo seu processo de trabalho em entrevista à Folha de S.Paulo

A 3DBS trabalha em parceria com a Faculdade São Leopoldo Mandic. Hoje, a tecnologia é focada na produção de tecido artificial para substituir testes de cosméticos em animais. Porém, no futuro, a tecnologia poderá ser utilizada na construção de curativos, que devem ser aplicados na pele para ajudá-la a se regenerar após traumas, como queimaduras.

A “brincadeira” pode ir mais além. Hoje, é possível produzir pequenos tecidos como cartilagem, fragmentos ósseos e pele, mas no futuro os cientistas terão capacidade de desenvolver órgãos ainda mais complexos, o que deve ajudar a diminuir a fila de transplantes. 

Como funciona

Para gerar material orgânico, são necessários polímeros compatíveis com o corpo humano e também biodegradáveis. O colágeno e o ácido hialurônico são bons exemplos. Essas substâncias são misturadas numa solução aquosa, dando origem ao hidrogel. 

Depois desse processo, são adicionadas ainda queratinócitos, que nada mais são do que as células humanas mais comuns da pele, e fibroblastos, um tipo celular envolvido na cicatrização. E voilá, têm-se a chamada biotinta, que é aplicada nas bioimpressoras e permite a formação de tecidos biológicos. 

Desafios

O plano de usar a tecnologia para regenerar pele humana é promissor, mas ainda há um longo caminho a percorrer. Para isso, será necessário vascularizar a pele artificial, um trabalho que exige a adição na biotinta de células endoteliais e pericitos. 

Pense assim: se a pele não tiver vasos sanguíneos, não vai receber nutrientes e oxigênio, e vai necrosar. Porém, quanto mais células, maior o trabalho das tecnologias de bioimpressão –e, claro, maior o esforço dos pesquisadores para lidarem com isso. 

Há uma possibilidade dessa vascularização ocorrer sozinha. Quando as células perceberem que falta oxigênio em um tecido, podem sinalizar células vasculares próximas, solicitando a chamada angiogênese. Esse processo acaba formando vasos sanguíneos na região considerada defeituosa. 

De toda forma, não teremos o material tão já. A empresa planeja iniciar testes pré-clínicos em animais entre janeiro e fevereiro de 2022. Neste período, ainda estarão sendo aplicados os tecidos sem vascularização.

Carolina Fioratti

Carolina Fioratti

Repórter responsável pela cobertura de saúde e ciência, com passagem pela Revista Superinteressante. Entusiasta de temas e pautas sociais, está sempre pronta para novas discussões.

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