Supercomputador brasileiro é desligado por falta de dinheiro para a conta de luz

Chamado de Santos Dumont, ele tem capacidade de processamento de 1,1 petaflops - mas foi desligado porque a conta de luz é cara demais.

A crise econômica no Brasil afetou o supercomputador mais poderoso da América Latina. Chamado de “Santos Dumont”, ele tem capacidade de processamento de 1,1 petaflops – mas foi desligado porque a conta de luz é cara demais.

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Segundo a CBN, o supercomputador chega a gastar R$ 500 mil por mês em energia elétrica, mas o governo não reajustou o orçamento do laboratório responsável por ele. Assim, a conta de luz chegou a consumir 80% dos recursos do laboratório, tornando inviável seu funcionamento em tempo integral.

O supercomputador começou a funcionar no ano passado, no LNCC (Laboratório Nacional de Computação Científica), em Petrópolis (RJ). Desde então, o laboratório vem selecionando projetos que exijam grande poder computacional – o que inclui pesquisas sobre o vírus zika, mal de Alzheimer e camada pré-sal.

Augusto Gadelha, diretor do LNCC, diz à CBN: “no mês de maio, vimos que não havia a possibilidade de manter o computador ligado e tivemos a decisão de desligá-lo, diante da imprevisibilidade de chegada dos recursos para a energia elétrica”. Seis pesquisas estão atrasadas, e outras 75 ainda estão para serem iniciadas.

O problema pode se agravar ainda mais: como lembra Wagner Leo, coordenador de tecnologia do laboratório, o supercomputador é todo refrigerado a água, e suas peças “podem sofrer danos se ficarem sem uso”. As peças do dispositivo ficam separadas em dois contêineres; ele exige três geradores, uma subestação de energia e uma sala de nobreak.

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O supercomputador consiste em três módulos distintos: o Santos Dumont CPU tem 18.144 núcleos de processadores Intel Xeon; o Santos Dumont GPU tem 10.692 núcleos da Intel e da Nvidia; enquanto o Santos Dumont Hybrid tem 24.732 núcleos Xeon e de coprocessadores Xeon Phi.

Cada um desses três módulos está na lista Top500 dos supercomputadores mais rápidos do mundo. Eles representam o Brasil juntamente ao Cimatec Yemoja, do Senai: ele fica em Salvador, chega a 400 teraflops e realiza pesquisas em geofísica sobre campos do pré-sal. Não há outros países da América Latina na lista mais recente.

Na verdade, duas máquinas nacionais saíram do Top500 mais recente: o Grifo04, da Petrobras; e o Tupã, do INPE, para previsões meteorológicas. Sem o Santos Dumont, ficamos ainda mais desfalcados no mundo dos supercomputadores – onde a China e os EUA estão avançando com força.

É mais um golpe para a ciência no Brasil, e está longe de ser o único. O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) teve seu orçamento reduzido em quase 25% para R$ 3,3 bilhões – o menor dos últimos 12 anos, em valores corrigidos pela inflação. Ainda assim, o ministério disse que está buscando mais recursos para manter o supercomputador funcionando.

[CBN]

Fotos por LNCC

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