
Supernovas provocaram (e podem provocar) mudanças climáticas; entenda
As estrelas de grande massa quando chegam ao final de suas vidas explodem na forma de supernovas. Durante esses eventos, elas lançam alta radioatividade no espaço e podem provocar mudanças climáticas na Terra.
De acordo com um estudo publicado na edição de junho da revista da Sociedade Astronômica Real, do Reino Unido, supernovas causaram drásticas mudanças climáticas na Terra no passado.
O autor do estudo, Robert Brakenridge, do Instituto de Pesquisa Ártica e Alpina (INSTAAR) da Universidade do Colorado, nos EUA, afirma que a radiação de supernovas próximas do nosso planeta foi responsável por iniciar vários eventos climáticos.
O pesquisador identificou evidências em núcleos de geleiras, anéis de tronco de árvores e camadas geológicas na Groenlândia, Sibéria, Antártida e na Argentina.
As evidências indicam ações de supernovas na história da Terra, mas questiona “como ocorreram essas mudanças e, sobretudo, o fato de não sabermos o porquê”.
Para isso, o cientista usou dados recentes de telescópios orbitais para criar modelos climáticos. Em simulações, o astrônomo observou como supernovas no céu disparavam fótons de alta energia e provocaram mudanças climáticas na Terra.
Supernovas provocaram mudanças climáticas no período mais recente do planeta
Nos testes, Brakenridge realizou datações dendrométricas em 15 mil anos de registros de anéis de tronco, que armazenavam isótopos de carbono absorvidos da atmosfera.
Os resultados das simulações demonstraram que as supernovas próximas ao nosso planeta deixariam a camada de ozônio mais fina e permitiriam que mais radiação ultravioleta passasse pela atmosfera.
Além disso, como uma bala de canhão, o disparo dos fótons das supernovas romperiam o metano da estratosfera, consequentemente, enfraquecendo o efeito estufa.
A junção desses fatores resultaria em um resfriamento global, mas, também, no aumento de queimada e, principalmente, em extinções seletivas. E isso aconteceria mesmo com as explosões a anos-luz de distância.
A análise identificou 11 concentrações de carbono radioativo que se alinham com as datas e intensidade de 11 supernovas que ocorreram entre o final do Pleistoceno e início do Holoceno.
Aliás, o Dryas recente, período de resfriamento abrupto entre o Pleistoceno e o Holoceno, foi uma das mudanças climáticas da Terra que as supernovas provocaram na Terra.
No entanto, hipóteses como tempestade solares também podem explicar o agravamento climático, mas Brakenridge acredita mais na teoria das supernovas.
Betelgeuse pode ser uma ameaça
“Um dia, quando uma supernova se formar, a forte radiação pode afetar muitas vidas. Por isso, precisamos descobrir se as supernovas estiveram, de fato, por trás das mudanças climáticas do passado”.
O autor ressalta que esse dia pode chegar a qualquer momento. A Betelgeuse apresenta indícios de que pode virar uma supernova daqui a 100 mil anos, ou até mesmo antes.
Como publicamos no final do ano passado, cientistas descobriram que a Betelgeuse pode ser um sistema binário, ou seja: compartilhando sua órbita com outra estrela menor.
Mas, como citamos na matéria:
“Se não houver uma ‘Betelbuddy’ [companheira de Betelgeuse], então algo muito mais estranho está acontecendo com a Betelgeuse. E o que quer que seja, não conseguimos explicar com a física atual”