Como funciona o equipamento israelense que pode ajudar nas buscas no desastre de Brumadinho

*Atualizado 29 de janeiro às 14h30 com a declaração do porta-voz dos Bombeiros sobre a efetividade dos equipamentos israelenses, desmentindo o tenente-coronel Eduardo Ângelo, que comanda as operações de resgate. Cerca de 130 militares das Forças de Defesa de Israel (FDI) chegaram ao Brasil nesta segunda-feira (28) para auxiliar nos trabalhos de resgate das vítimas […]
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Divulgacão/Forças de Defesa de Israel

*Atualizado 29 de janeiro às 14h30 com a declaração do porta-voz dos Bombeiros sobre a efetividade dos equipamentos israelenses, desmentindo o tenente-coronel Eduardo Ângelo, que comanda as operações de resgate.

Cerca de 130 militares das Forças de Defesa de Israel (FDI) chegaram ao Brasil nesta segunda-feira (28) para auxiliar nos trabalhos de resgate das vítimas da tragédia em Brumadinho, onde uma barragem de rejeitos de minério da Vale se rompeu.

Composta por engenheiros especialistas, médicos, equipes de busca e resgate, bombeiros, soldados da unidade de missões submarinas da Marinha Israelense e representantes do governo, a delegação trouxe consigo tecnologias que podem ajudar nas buscas e no resgate das vítimas.

Os primeiros integrantes da delegação com 136 militares chegaram à região do rio Paraopeba na manhã desta segunda-feira, e a concentração inicial dos trabalhos se dará, principalmente, próxima à área administrativa da Vale, onde ficava o refeitório.

Conforme um comunicado de imprensa das Forças de Defesa de Israel, “o objetivo principal é localizar e resgatar pessoas desaparecidas na região, portanto, as equipes de busca e resgate realizarão todos os esforços necessários para tal, com auxilio de equipamentos que incluem meios avançados de localização de celulares, radares submarinos e aviões, a fim de ter maior controle da situação”.

Equipamento de detecção de sinal

Um dos equipamentos utilizados pelos israelenses é capaz de detectar sinais de celulares para indicar a presença das vítimas na região.

Trata-se de um dispositivo parecido com um tablet, com uma solução de software embutida, conforme explicou ao Gizmodo Brasil Marcelo Comité, diretor de desenvolvimento de negócios e vendas da NSO Group, empresa que fornece o aparelho por meio da divisão Q Cyber Technology.

Comité explica que a tecnologia permite localizar aparelhos celulares ao se conectar com as redes das operadoras e buscar sinais em uma área de cobertura maior. Caso seja identificado um sinal, uma equipe vai até o local. Segundo ele, é possível chegar a poucos metros de onde o sinal for emitido.

O executivo disse ainda que estão sendo utilizados “muitos” desses aparelhos e que há uma equipe dedicada a essa tentativa, mas não deu um número exato.

A tecnologia é promissora e dá a esperança de localizar mais vítimas, mas há alguns empecilhos. O equipamento consegue detectar o sinal de dispositivos eletrônicos que ainda estejam ligados até uma profundidade de cerca quatro metros. Ou seja, é preciso que os celulares ainda estejam funcionando e com bateria. Além disso, os bombeiros dizem que, em alguns pontos, a lama atingiu cerca de 15 metros.

No sábado (26), a Justiça Federal de Minas Gerais acatou pedido da Advocacia-Geral da União (AGU) e determinou que as operadoras de telefonia móvel forneçam dados sobre os sinais de aparelhos de clientes que estavam na região afetada pelo rompimento da barragem sempre que solicitado pelas autoridades envolvidas com a operação de resgate e salvamento.

Com isso, as equipes podem obter informações sobre qual torre de comunicação recebeu o último sinal emitido por um celular que esteja inativo neste momento. Essas informações ajudam ainda a saber quais aparelhos ainda estão ativos e quais perderam o sinal após a tragédia.

As empresas de telefonia que deverão cumprir o pedido são: Vivo, Tim, Claro, Oi, Nextel, Algar Telecom e Sercomtel.

Sonares

Os militares israelenses também trouxeram sonares, equipamentos utilizados em navios e submarinos para localizar objetos em grandes profundidades com qualidade de recepção e imagem. O equipamento funciona a partir da emissão de ondas sonoras e, segundo o porta-voz do Corpo de Bombeiros, Pedro Aihara, apesar de o Brasil também ter esse equipamento, há uma tentativa de “detectar pela sensibilidade desses sonares a diferença entre o material de lama e o material de um corpo humano”.

As equipes brasileiras de resgate também têm empregado o uso de drones, câmeras termais, georreferenciamento e a busca por últimas localizações disponíveis de dispositivos.

O tempo que os militares de Israel permanecerão em Brumadinho ainda não foi definido. De acordo com Aihara, as buscas devem prosseguir pelas próximas semanas.

As Forças de Defesa de Israel concluíram, em novembro de 2018, o teste do Grupo Consultivo Internacional de Pesquisa e Resgate (INSARAG) e foram qualificadas a se juntar a uma comunidade internacional de Unidades de Busca e Resgate do mundo todo. Essa é a primeira delegação israelense enviada após a adesão à Unidade Internacional.

De acordo com balanço oficial divulgado pelas autoridades nesta terça-feira (29), já são 65 mortos e ainda há 288 desaparecidos. Foram resgatadas 192 pessoas e localizadas 390.

Contradição dos bombeiros sobre efetividade

Em entrevista à Folha de S. Paulo, o tenente-coronel Eduardo Ângelo, que comanda as operações de resgate, disse que os equipamentos trazidos de Israel para Brumadinho “não são efetivos para esse tipo de desastre”. Segundo ele, o equipamento de imagem que capta o calor seria pouco efetivo uma vez que nenhum sobrevivente foi localizado pelas buscas das últimas 48 horas. “O que a literatura fala é que depois de 48 horas, a chance é quase nula”, comentou.

Ângelo disse ainda que “dos equipamentos que eles trouxeram, nenhum se aplica a esse tipo de desastre”, mas que o apoio dos israelenses é importante e funciona “como mão-de-obra”. De acordo com um comunicado das Forças de Defesa de Israel (FDI) enviado ao Gizmodo Brasil, as forças israelenses detectaram e resgataram vários corpos no campo nesta segunda-feira.

Por outro lado, o porta-voz dos Bombeiros, tenente Pedro Aihara, disse em coletiva nesta segunda-feira à noite que é “extremamente equivocada” a informação de que não seriam efetivos os equipamentos enviados por Israel para localizar corpos em Brumadinho.

“A informação de que esses equipamentos não seriam efetivos é extremamente equivocada. Estive com o coronel Ângelo, que é responsável pelas operações. Ele informou que cooperação tem sido extremamente efetiva. Então, a gente já está trabalhando com ele no local. O local selecionado para que eles trabalhassem em conjunto com os bombeiros é o local que tem mais potencialidade para que esses equipamentos sejam utilizados. Isso porque é nessa área que estima-se as pessoas sob maior profundidade. Portanto, será benéfico para nossas atuações”, disse.

Atualização às 18h19: Incluímos o posicionamento do tenente-coronel Eduardo Ângelo, que comanda as operações de resgate sobre os equipamentos israelenses.

Atualização dia 29 de janeiro às 14h30: O porta-voz dos Bombeiros, tenente Pedro Aihara, disse que é “extremamente equivocada” a informação de que não seriam efetivos os equipamentos enviados por Israel para localizar corpos em Brumadinho, após a declaração do tenente-coronel Eduardo Ângelo, que comanda as operações de resgate e havia dito que os equipamentos “não são efetivos para esse tipo de desastre”. Atualizamos também os últimos números do desastre.

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