De tablets a TVs, o que vem por aí nas tecnologias de telas

Desde 2010, quando a Apple lançou a tela Retina e a transformou num ponto central de marketing, as telas saíram de uma fase de estagnação para uma renascença sem precedentes, com o lançamento de novas tecnologias para smartphones, tablets e TVs, além de categorias completamente novas de produtos, como dispositivos vestíveis. Além de deixar os […]

Desde 2010, quando a Apple lançou a tela Retina e a transformou num ponto central de marketing, as telas saíram de uma fase de estagnação para uma renascença sem precedentes, com o lançamento de novas tecnologias para smartphones, tablets e TVs, além de categorias completamente novas de produtos, como dispositivos vestíveis.

Além de deixar os consumidores impressionados, essa mudança de comportamento fez toda a indústria de telas progredir. Mas a Apple acabou perdendo a liderança — agora, Amazon, Google, LG e Samsung estão lançando produtos com telas melhores e mais inovadoras, como documentamos nesta série de artigos (em inglês). A tela do novo iPad mini retina, por exemplo, ficou num distante terceiro lugar num comparativo recente. Esperamos que a Apple novamente se aproxime dos líderes em 2014.

Até 2012, os aumentos no tamanho de tela, resolução e pixels por polegada (ppi) eram a vanguarda da inovação em displays.  Em 2013, vimos a chegada dos pontos quânticos e das telas curvas — duas das mais revolucionárias tecnologias da última década, assim como a OLED. Além disso, há um desenvolvimento constante na gama e na precisão de cor, resoluções e densidade de pixels mais altas, telas com melhor iluminação e menor reflexo para uma melhor visibilidade em ambientes iluminados, além de muitas outras novidades em OLEDs e LCDs. Discutiremos isso abaixo.

Tecnologias de tela para 2014

As atuais tendências para melhorar os pontos que listamos acima irão se acelerar em 2014, graças a novas tecnologias e ao aumento da concorrência.

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Os pontos quânticos irão revolucionar e reenergizar as LCDs nos próximos anos. Eles estiveram em desenvolvimento durante muito tempo, mas só em 2013 saíram dos laboratórios para chegar aos produtos: em alguns modelos de TV da linha Sony Bravia, com pontos quânticos da QD Vision, e no Kindle Fire HDX 7, com pontos quânticos da Nanosys, que nós testamos recentemente num artigo comparativo.

Em 2014, haverá muitas novas telas de LCD com pontos quânticos em smartphones, tablets e TVs, já que os fabricantes irão se apressar para não ficar para trás em relação à concorrência; entretanto, muitos produtos não irão mencionar a tecnologia em suas campanhas de marketing.

Telas curvas e flexíveis

O Samsung Galaxy Round e a TV LG OLED estão aí para tentar mostrar o quanto a curvatura melhora o desempenho da tela. É importante notar que a curvatura é pequena e sutil — as bordas da tela são apenas 2,5mm (0,1 polegada) mais altas que o centro no display de 5,7 polegadas do Galaxy Round, e apenas 35,5mm (1,4 polegada) na tela de 55 polegadas da TV da LG. Esta é a quantia certa para melhorar significativamente a qualidade da imagem sob luz ambiente, mas não o bastante para fornecer uma vista panorâmica ou interferir na vista quando o observador estiver fora do eixo (como muitos reviews sugeriram).

A curvatura sutil da TV melhora a visibilidade porque reduz a distorção angular (trapezoidal) e de perspectiva da imagem, vista em muitas telas planas, chegando, em alguns casos, a 50% — mas que é encarada como normal, pois as pessoas estão acostumadas a ver assim. A maioria das telas curvas usa tecnologia OLED, mas há algumas LCDs também.

Por causa destas melhorias de desempenho, mais produtos serão desenvolvidos com telas curvas, mas ainda veremos poucas unidades em 2014, devido à capacidade de produção limitada. No entanto, estes produtos também podem encalhar no mercado, já que os consumidores ainda não valorizam sua importância.

Telas flexíveis: O Galaxy Round é, na verdade, feito com uma tela OLED flexível, que é colocada sob uma cobertura curva fixa de vidro. Neste artigo, nós também testamos a mesma tela sem a cobertura (como o mastro de uma bandeira, que é flexível mas não pode ser dobrado). Ela funciona ainda melhor que a tela curva fixa do Galaxy Round, mas produtos com displays flexíveis não devem chegar antes de 2015. O que, sem dúvida, irá aparecer em já 2014 são smartwatches com telas curvas flexíveis, com cantos arredondados, para fornecer visão em múltiplas direções. O Samsung Gear já indicou o caminho.

Telas com gama de cores mais ampla e completa

Até pouco tempo atrás, a maioria dos LCDs tinha apenas 55 a 65% da gama de cor Standard sRGB/Rec.709, que é usada para produzir praticamente todo tipo de conteúdo — o que resultava em cores menos vivas em imagens, vídeos e fotos. Esta limitação é consequência da redução de brilho e de eficiência de energia que se dá quando a gama de cores é aumentada (agora, isto pode ser superado com o uso dos pontos quânticos).

A maioria dos melhores LCDs de hoje tem gamas de cor superiores a 85%, com as melhores destas próximas a 100%. Os retardatários mais notáveis de 2013 foram o iPad Mini Retina e o Microsoft Surface 2, cujas telas só alcançavam 63% da gama padrão. Os pontos quânticos mencionados anteriormente terão um papel importante em melhorar as LCDs neste aspecto. Note que, às vezes, a gama NTSC é mencionada; no entanto, ela é obsoleta há bastante tempo e, hoje, é completamente irrelevante.

Telas anunciadas com amplas gamas de cor, maiores que 100% do Standard sRGB/Rec.709, não podem exibir as cores que não estão na imagem original do conteúdo. Então, ao invés disso, elas produzem cores distorcidas e supersaturadas. OLEDs, atualmente, têm gamas de cores nativas bastante amplas, com cerca de 130%, mas as melhores OLEDs – como as do Samsung Galaxy S4 e do Galaxy Note 3 – agora incluem modos com gerenciamento de cor avançado, que reduz a gama nativa para aproximadamente 100%, para entregar imagens com cores precisas.

Há, entretanto, uma vantagem muito importante nas telas com gamas de cor maiores que 100%, pois a luz ambiente lava as imagens produzidas na tela — e elas quase nunca são utilizadas na escuridão total. Então, com gerenciamento de cor em tempo real que ajusta de maneira precisa a gama de cor para valores maiores que 100%, baseado no nível de luz ambiente medido, estas telas podem compensar a redução das cores por meio da saturação, e produzir imagens precisas mesmo na iluminação natural, que é o que discutiremos abaixo.

Precisão de cor absoluta e qualidade de imagem

A qualidade de imagem, a fidelidade e a precisão de cor foram melhorando regularmente graças a melhorias na tecnologia das telas, processamento de sinal avançado, calibração de fábrica automática e aumento da concorrência. Nossa série de testes e medidas de laboratório mostra que os melhores smartphones, tablets e TVs são comparáveis, em precisão, com os monitores profissionais de estúdio. Com tamanha qualidade, você pode ver suas fotos digitais em alta fidelidade.

Isto é especialmente importante, já que, geralmente, você conhece as cores das coisas que aparecem nas fotos que você tirou. Outra vantagem aparece na hora de fazer compras pela internet: as mercadorias aparecerão em cores precisas, então você terá uma boa ideia do que está comprando, diminuindo assim as chances de você não gostar do produto e querer trocar. As desvantagens, por outro lado, incluem a fome causada pelas imagens de alimentos apresentadas na tela e o tempo gasto vendo séries e filmes, pois eles ficarão ótimos na sua tela.

Se você já se perguntou por que certas cores ficam muito diferentes na tela, saiba que há muitos fatores e causas para isto, incluindo a gama de cor, a calibração do branco, a escala de intensidade, o gerenciamento de cor e, por fim, possivelmente o processamento dinâmico de imagens implementado de maneira inadequada.

É possível medir e mapear a precisão de cor absoluta, bem como os erros, em qualquer tela, usando um espectroradiômetro e modelos de teste proprietários, que é o que nós fazemos em nossa série de artigos de teste. Nós fornecemos os erros de cor médios e máximos em Diferenças de Cor Perceptíveis (JNCD, do inglês Just Noticeable Color Differences), e incluímos um mapa de precisão de cor, que é mostrado na figura 2 abaixo.

Cores de referência sRGB / Rec.709
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Gráfico de precisão de cor absoluta do Kindle Fire e do Nexus
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Gráfico de precisão de cor absoluta do iPad Mini Retina
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Visite o DisplayMate para mais destes gráficos de precisão de cor

Em 2013, a tela mais precisa que avaliamos foi a LG OLED TV, com um erro médio de cor absoluta de apenas 1,3 JNCD, o que é visualmente indistinguível de uma tela perfeita. A figura 2 tem gráficos de precisão de cor absoluta para o Kindle Fire HDX 7 e para o Google Nexus 7, e também mostra claramente os erros de cor bem maiores do iPad Mini Retina. Em 2014, nós esperamos ver grandes melhorias neste aspecto, como consequência dos pontos quânticos e de avanços de processamento no gerenciamento de cores.

4K UHD e telas de alta densidade de pixels

Vender resoluções maiores sempre foi fácil — de TVs de definição padrão 720×480 a TVs de alta definição 1920×1080, câmeras digitais com mais de 8 megapixels, produtos Apple com tela Retina e seus concorrentes, os smartphones com mais de 326 ppi e os tablets com mais de 264 ppi. Agora, estamos vendo telas de dispositivos móveis com mais de 450 ppi e TVs UHD com resoluções acima de 3840×2160. Mas você realmente consegue ver a melhora de nitidez e de resolução num smartphone ou numa TV UHD 4K?

Há um limite de acuidade visual no olho humano — poucos têm uma visão 20/20, sendo que a maioria de nós tem menos que isso. Sendo assim, há um limite bastante útil para a resolução e a densidade de pixels das telas — ultrapassá-lo não tem nenhum sentido prático, pois não há benefícios visuais e o desempenho da tela geralmente decresce (além de, claro, o custo total do aparelho subir significativamente).

Então, existe algum bom motivo para smartphones com mais de 450 ppi e TVs UHD de 4K?

Smartphones: Se você segurar um smartphone de 450 ppi bem perto dos olhos (cerca de 20cm), poderá ver todos os detalhes da imagem, caso tenha uma visão 20/20. No entanto, para perceber densidades de pixels ainda maiores, terá que aproximá-lo ainda mais do seu rosto, o que não é nem um pouco frequente no uso cotidiano. Então, baseando-se apenas na acuidade da visão 20/20, o limite prático da resolução de um smartphone está em cerca de 450 ppi. Mas há um número considerável de outras vantagens obtidas ao ultrapassar esta marca; nós iremos discutir isso na seção “Smartphones” abaixo.

TVs: Para TVs UHD 4K, a questão é: você vai realmente conseguir ver melhoras na nitidez e nos detalhes numa TV com mais de 1920×1080, que é a resolução HD? Para uma visão 20/20, se você tiver uma TV de 40 polegadas, terá que vê-la de uma distância menor que 1,60m para notar a diferença; com uma TV de 50 polegadas, menos de 2m; com uma TV de 60 polegadas, menos de 2,35m; com uma TV de 70 polegadas, menos de 2,75m; e com uma TV de 80 polegadas, menos de 3,15m.

Nos EUA, a distância média para a televisão é de cerca de 2,75m — para uma visão 20/20, nesta distância, você deveria ter uma tela de mais de 70 polegadas. Para ver os todos os detalhes das imagens numa TV UHD 4K, tendo uma visão 20/20, você precisaria colocar a TV na metade das distâncias listadas acima.

Então, quanto maior a TV e menor a distância até o sofá, melhor o aproveitamento do 4K — levando em conta apenas a visão 20/20, TVs com mais de 80 polegadas são as melhores para o UHD 4K, enquanto em aparelhos com menos de 40 polegadas esta tecnologia não faz sentido (a menos que ela seja usada como monitor de computador, já que geralmente eles são vistos a uma distância de 75cm ou menos). Mas há um grande número de outras vantagens de progredir rumo ao 4K, que discutiremos na seção “TV”, abaixo.

Telas brilhantes e de baixa refletância em ambientes iluminados

As telas de todos os displays são espelhos que refletem a luz de tudo que é iluminado e que está diante delas, incluindo lâmpadas, janelas e luz do sol direta ou indireta. Tudo isso, por sua vez, lava as cores da tela, degrada o contraste das imagens e interfere na visualização do que está sendo exibido. Veja abaixo a figura 3 e este comparativo, que mostra como vários displays se comportam sob até 40.000 lux de luz ambiente, e perceba como as cores e o contraste se deterioram.
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Veja o restante destes resultados aqui.

Um bom jeito de reduzir os efeitos da luz ambiente é diminuindo a refletância da tela, que está cada vez menor — em 2013, nós medimos um recorde negativo de 4,4%, abaixo da faixa entre 8% e 15% verificada em 2011. Outro método é aumentar o brilho — em 2013, nós medimos um recorde também nesse quesito, de 684 cd/m² (em 2011, estes números ficavam entre 300 e 450). Estes dois pontos vão continuar melhorando em 2014.

Mas há outros métodos mais avançados para melhorar o desempenho da tela sob luz ambiente, e nós os veremos em 2014. Um deles é usar uma tela com o vidro ligeiramente curvo (côncavo), o que reduz os reflexos, como mencionado acima. Outro jeito é usar um sensor de luz ambiente para ajustar o brilho da tela — a maior parte dos usos dados a eles hoje não serve para muita coisa, mas eles já estão melhorando, só que aos poucos. O método mais avançado é usá-lo para variar, de maneira precisa, a gama de cores e a escala de intensidade, para compensar as imagens lavadas causadas pelo reflexo da luz ambiente na tela. Veja a figura 4 acima e este artigo. Em 2014, algumas telas podem incluir estes métodos.

LTPS e IGZO

Todos os displays, tanto LCD quanto OLED, têm uma camada interna com os circuitos eletrônicos necessários para controlar milhões de sub-pixels. Seu desempenho é crucial, especialmente em telas com grande densidade de pontos por polegada. A maior parte das LCD ainda usa silício amorfo (a-Si, do inglês amorphous silicon), enquanto muitas com ppi elevado usam polisilício de baixa temperatura (LTPS, do inglês low temperature polysilicon), cuja mobilidade de elétrons é consideravelmente maior que a do a-Si, o que permite que o circuito seja bem menor. O resultado disso é um aumento significante em brilho e em eficiência energética; por outro lado, o custo de fabricação também sobe consideravelmente.

A maioria dos smartphones de topo de linha usa LTPS, incluindo o iPhone 5 e todos os com tela OLED (exceto os flexíveis). Mas a maior parte dos tablets, monitores e TVs de tela LCD ainda usa a-Si, porque, com telas bem maiores, o custo de fabricação iria disparar com o LTPS. Uma tecnologia alternativa é a IGZO (do inglês indium gallium zinc oxide, óxido de índio-gálio-zinco), cuja performance é melhor que a da a-Si, com custos (e desempenho) menores em relação à LTPS. A IGZO deveria estar disponível em 2012 para tablets, monitores e TVs, mas problemas na produção atrasaram e limitaram sua disponibilidade em 2013. Isto irá perdurar em 2014, já que a Sharp é a única grande fabricante de telas desse tipo.

Por isso, dois dos tablets com telas de alto desempenho que testamos recentemente, o Amazon Kindle Fire HDX 8.9 e o Google Nexus 7, foram early adopters da LTPS nesta categoria. Por outro lado, os últimos iPads ainda dependem da a-Si e da IGZO e seu desempenho limitado, o que prejudica o brilho, a gama de cor e a eficiência energética. Em 2014, os duradouros problemas com a IGZO irão beneficiar a LTPS e os painéis de óxido metálico, cuja performance é muito superior. Eles estão atualmente em desenvolvimento pela CBRITE e devem começar a chegar no final de 2014.

OLEDs

Desde que começaram a aparecer, em 2010, as telas OLED foram se aperfeiçoando numa velocidade impressionante, com melhoras em brilho, gerenciamento e precisão de cor, resolução, densidade de pixels e eficiência energética na casa dos 20% ao ano. Tudo isso está documentado nos nossos testes nas OLEDs dos Samsung Galaxy S/S 2/S 3, Galaxy S4 e Galaxy Note 3. Estas telas também são incrivelmente finas, com apenas algumas frações de milímetros, o que é uma grande vantagem para dispositivos móveis, especialmente em aparelhos vestíveis (que também aproveitam o fato de elas serem flexíveis e curváveis).

Em 2013, a LG e a Samsung lançaram TVs de 55 polegadas com telas OLED curvas (usando IGZO e LTPS, respectivamente) e smartphones com telas OLED curvas e flexíveis (feitas em substratos plásticos flexíveis). Em 2014, haverá mais melhorias semelhantes às mencionadas acima, além de muito mais telas OLED maiores, curvas e flexíveis, tanto em dispositivos móveis –incluindo aí tablets e smartwatches— quanto em TVs. Por outro lado, a indústria ainda tem pela frente desafios como reduzir os custos e aumentar a capacidade de produção.

LCDs

Em 2014, a novidade mais significativa nas LCD de topo de linha será a adoção dos pontos quânticos por muitos fabricantes, o que trará melhorias na gama e precisão de cor, eficiência energética, brilho e/ou consumo de bateria, no caso de dispositivos móveis. Sistemas de iluminação e filmes óticos para painéis LCD também irão aumentar o brilho, os ângulos de visão e o consumo de energia.

A concorrência irá resultar numa escalada rumo à adoção de circuitos LTPS de alta performance e de painéis com tecnologias como IPS, FFS e PLS, que fornecem excelentes contrastes e cores mesmo nos ângulos mais amplos. E haverá também alguns models de TVs LCD curvas, incluindo um impressionante modelo com tela flexível que a Samsung irá lançar em algum momento de 2014.

2014 por produto

Abaixo, discutimos como as tecnologias de tela irão se apresentar em TVs, tablets, smartphones e produtos vestíveis.

TVs

O primeiro grande impulso da indústria em direção ao 4K foi dado no começo de 2013. Esta tendência continuará crescendo em 2014. O maior problema é que ainda há muito pouco conteúdo em 4K disponível. Assistir a alguma coisa em Full HD (1920×1080) numa TV 4K produz uma imagem de 1920×1080 numa tela de 3840×2160, já que o up-scaling não é capaz de dar detalhes que não estão presentes na imagem original.

A mudança deste quadro terá seu início em 2014: alguns conteúdos em 4K estarão disponíveis para streaming e o padrão 4K Blu-ray está a caminho, apesar de que a produção de discos deve começar apenas em 2015. Além de streaming em 4K, as TVs UHD poderão exibir fotos digitais de alta resolução, que ficarão muito bem nestas telas.

Outra boa aplicação para toda esta definição é poder ver quatro programas Full HD ao mesmo tempo e na mesma tela, incluindo navegar na web enquanto se vê TV. A qualidade das imagens provavelmente será melhor, graças a painéis e processamento de sinal superiores — e isso vale também para o conteúdo 1920×1080. Verifique a seção 4K UHD acima para mais informações sobre tamanhos de tela, acuidade visual e distância mínima necessária.

Há muito mais para as TVs do que a resolução 4K: Nós já falamos sobre os pontos quânticos e as telas curvas. Em 2014, a tendência é que tenhamos TVs enormes, de 80 a 120 polegadas. Também devem ser lançadas TVs muito largas, com proporções de 21:9, que são ótimas para filmes, cuja proporção normalmente fica entre 1,85 e 2,39 — dessa forma, as barras pretas acima e abaixo da imagem, chamadas de letterboxing, não serão mais necessárias. Outros pontos que deverão ser mais frequentes são as gamas de cor amplas (Rec.2020) e telas e conteúdo com HDR. Para mais detalhes, consulte as seções OLED e LCD acima.

Tablets

2013 marcou uma inclinação para telas de 7 a 8 polegadas, menores que as primeiras gerações desse tipo de aparelho, que ficavam entre 9 e 10 polegadas. 2014, ao contrário, irá incluir tablets com telas entre 12 e 13 polegadas, voltados para fins profissionais e educacionais. A Samsung já anunciou um TabPRO de 12,2 polegadas, e há rumores de que a Apple está produzindo um iPad de 12,9.

A resolução e a densidade de pixels também devem continuar crescendo, com tablets Android chegando até 2560×1600, ou o Quad HD (2560×1440). A densidade de pixels, nesses casos, deve ficar entre 300 e 340 ppi. Já os iPads continuam com a resolução atual de 2048×1536, com 264-326 ppi. Entretanto, um iPad de 12,9 polegadas com estas especificações teria apenas 198 ppi; portanto, para ter uma tela Retina, um salto para uma resolução 4K de 4096×3072 parece provável.

Também espere em 2014 ver alguns tablets com tela OLED de alta resolução, e muitos outros com tela LCD com tecnologia LTPS e pontos quânticos, que irão fornecer imagens com muito brilho e amplas gamas de cor, como mencionamos acima. O desempenho em ambientes muito iluminados também continuará melhorando e deverá superar os atuais recordistas: o Amazon Kindle Fire HDX 8.9 e sua refletância de apenas 5%, e o Nokia Lumia 2520 e sua tela brilhante de 684 cd/m².

Smartphones

O tamanho, a resolução e a densidade de pixels das telas dos smartphones continuarão crescendo em 2014. Os displays estão cada vez maiores, mas a dimensão máxima não deve superar os atuais recordistas — o Huawei Ascend Mate, de 6,1 polegadas, e o Samsung Galaxy Mega, de 6,3. Espere mais telas curvas e muito mais com pontos quânticos, que terão um brilho notável e gama de cor ampla, como mencionamos acima.

Em 2013, um grande número de smartphones recebeu telas Full HD 1920×1080 de 5 a 6 polegadas, com densidades de pixels entre 400 e 468 ppi, incluindo seis que testamos: as telas LCD da LG, da Sony, da HTC e da Huawei e as telas OLED do Galaxy S4 e do Galaxy Note 3.

Em 2014, a concorrência cada vez maior e as melhorias da tecnologia devem levar as resoluções das telas dos smartphones ao Quad HD, com 2560×1440 pixels. A LG deve anunciar seu novo topo de linha, o G3, com uma tela Quad HD IPS LCD de 5,5 polegadas e 538 ppi, e a Samsung deve anunciar o Galaxy S5 com uma tela OLED Diamond Pixel com de 5,25 polegadas, também com resolução Quad HD e 560 ppi. (Nota: o S5 foi anunciado na MWC com uma tela Full HD, mesma resolução do S4, de 5,1 polegadas.)

Assim com nas TVs, há algumas vantagens em ir além do limite da acuidade visual. Nos smartphones, mais resolução resulta em melhor exibição de fotos digitais, a capacidade de exibir imagens Full HD, de 1920×1080 pixels, e ainda ter 1,6 megapixel adicional para mostrar conteúdo extra, adaptação mais simples e eficiente dos outros vários formatos HD existentes e melhorias na eficiência de processamento e, por isso, na qualidade das imagens.

O desempenho em ambientes muito iluminados também vai continuar melhorando. Os recordistas de 2013 em refletância (Samsung Galaxy S4, com 4,4%) e brilho (Samsung Galaxy Note 3, com 660 cd/m²) devem ser batidos.

Telas vestíveis

A nova fronteira para as telas são os dispositivos vestíveis. Falamos principalmente de variações dos smartwatches, mas também de óculos como o Google Glass. Para smartwatches, a tela é um ponto importantíssimo e um enorme desafio, pois ela precisa ser muito pequena e fina, além de ter um consumo baixo de energia para durar mais de um dia e, por fim, conseguir gerar imagens excelentes mesmo em ambientes muito iluminados.

Como esperado, a maioria destes aparelhos tem telas de cerca de 1,6 polegada. Mas o que é especialmente interessante nestes displays é a variedade de tecnologias que estão em cena, incluindo aí a aparição surpreendente da Mirasol, da Qualcomm, uma tecnologia única de telas reflexivas coloridas que estava no limbo até um tempo atrás. Muitas dessas telas são transflexivas, o que significa que elas podem transmitir retroiluminação ou refletir a luz ambiente, o que economiza energia e melhora a visibilidade e legibilidade em locais muito iluminados.

Os smartwatches mais notáveis que temos hoje incluem uma LCD transflexiva tradicional (Sony SmartWatch 2, 220×176 com 176 ppi e cor 16-bit), um LCD transflexivo preto-e-branco com efeito memória, que está sendo chamado de e-paper (Pebble, 144×168 com 176 ppi e cor 1-bit), uma Mirasol reflexiva colorida (Qualcomm Toq, 288×192 com 223 ppi), e uma OLED colorida (Samsung Galaxy Gear, 320×320 com 278 ppi).

Prós e contras: Todas as telas reflexivas estão sempre ligadas, são legíveis ao sol e incluem retroiluminação para quando está escuro. Telas OLED normalmente ficam desligadas, mas ligam automaticamente com um movimento no pulso, e tem melhor responsividade e ângulo de visão que outras telas. LCDs são mais eficientes no que diz respeito à consumo de energia, mas são planas e mais espessas, enquanto, por outro lado, as OLEDs são bem mais finas e flexíveis. Surpreendentemente, nenhuma dessas telas inclui um sensor de luz ambiente para controle automático de brilho, o que poderia melhorar e muito a duração da bateria.

O que vem por aí: Há rumores de que um Samsung Galaxy Gear 2, esperado para março ou abril de 2014, virá com uma inovadora tela OLED curva e com alta densidade de pixels. (Nota:  o Gear 2 foi lançado, mas continua com a mesma tela do antecessor.) A tecnologia de tela cuja ausência é notável nos smartwatches é a Pixel Qi, que são LCDs com um modo preto-e-branco reflexivo visível à luz do sol e também um modo colorido com retroiluminação. Uma aposta é que o Google pode apresentar um smartwatch com esse tipo de display.


Dr. Raymond Soneira é o presidente da DisplayMate Technologies, que trabalha com produtos de calibração, avaliação e diagnóstico de equipamentos de vídeo para consumidores, técnicos e fabricantes. Ele é um pesquisador cuja carreira engloba física, ciência da computação e projetos de sistemas de televisão.

Este artigo foi republicado do DisplayMate.com com permissão. Lá, você pode encontrar a versão completa do texto.

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