
Tempestades solares derrubam satélites Starlink, diz estudo de brasileiro da NASA
O número de satélites da Starlink na órbita da Terra está cada vez maior — e não para de crescer —, mas tempestades solares estão afetando o ciclo de vida dos satélites, de acordo com um estudo de um brasileiro da NASA.
Denny Oliveira, brasileiro que trabalha no Goddard Space Flight Center, da NASA, é o autor de um estudo que analisa o impacto das tempestades solares em grandes constelações de satélites, sobretudo os da Starlink.
Publicado na última segunda-feira (2), o estudo observa que o grande número de lançamentos de constelações satélites de baixa órbita coincidem com o atual ciclo solar 25. Por isso, o título do estudo é “Monitorando Reentradas de Satélites da Starlink Durante a Fase de Pico do Ciclo Solar 25”. Conforme publicamos anteriormente aqui no Giz, o pico de atividade solar quebrou recordes em 2024, com a maior tempestade solar dos últimos 20 anos.
O ciclo solar designa o período de mudanças na atividade do Sol a cada 11 anos. No ciclo solar, níveis de radiação, tempestades e outros fenômenos ficam em sincronia de atividade mínima à máxima, até voltarem à atividade mínima.
A atividade máxima, ou o máximo solar, ocorreu no final de 2024, com tempestades solares extremamente fortes, aquecendo e expandindo a ionosfera da Terra — o que aumentam o arrasto atmosférico sofrido por satélites. Assim, esse arrasto atmosférico é o responsável pelo decaimento orbital de satélites como os da Starlink e as tempestades solares são a principal causam o arrasto.
This is what extreme magnetic storms can do to satellites in LEO. It is clear that the satellite starts to lose altitude dramatically due to the storm onset on 2024 October 10 ay 1700 UT. pic.twitter.com/3oQmrXhupP
— Dr. Denny Oliveira (@DrDennyOliveira) October 12, 2024
Tempestades solares derrubaram mais de 500 satélites da Starlink
O estudo analisa justamente a reentrada de satélites da Starlink entre 2020 e 2024, constatando que as tempestades solares mataram os satélites da mega constelação.
Durante o período, houve 523 reentradas de satélites da Starlink na atmosfera da Terra. Quando houve as tempestades solares mais intensas, em 2024, a reentrada dos satélites da Starlink ocorreu em apenas cinco dias.
Vale ressaltar que o máximo solar de 2024 é o primeiro da era das mega constelações de satélites. Tal fato pode ser uma faca de dois gumes. Por um lado, as tempestades solares ajudam a “derrubar” satélites inativos e reduzem o lixo espacial em órbita do planeta.
Por outro lado, as tempestades solares podem complicar as operações de satélites em órbita muito baixa, abaixo de 400 quilômetros e usada para comunicações.