Tentando entender a estratégia da Motorola: lançar dumbphones “espertos” em vez de smartphones baratos

Aparentemente, a Motorola quer nadar contra a maré e não lançar smartphones baratos. Quando a Motorola anunciou o MotoGo, celular com recursos do Google mas sem Android, surgiu a pergunta: por que não colocar Android de uma vez? Conversamos com Amauri Sousa, gerente de produto da Motorola, para tentar entender. Amauri diz que a Motorola […]
Motorola MotoGO

Aparentemente, a Motorola quer nadar contra a maré e não lançar smartphones baratos. Quando a Motorola anunciou o MotoGo, celular com recursos do Google mas sem Android, surgiu a pergunta: por que não colocar Android de uma vez? Conversamos com Amauri Sousa, gerente de produto da Motorola, para tentar entender.

Amauri diz que a Motorola quer “redefinir a categoria dos webphones”, celulares baratos com acesso à internet – como o MotoGo – em vez de levar o Android para aparelhos menos potentes. A concorrência tem o Samsung Galaxy Y, LG Optimus Me, Nokia 500 e outros por cerca de R$329, preço de lançamento do MotoGo. Por que a Motorola não faz o mesmo? Por causa da experiência, e porque o preço vai baixar. Amauri diz que:

Existem no mercado aparelhos com preço um pouquinho menor e que rodam Android, mas a experiência não fica tão boa. A ideia foi: manter a experiência boa, com as aplicações que são essenciais ao usuário, num telefone de baixo custo… E ainda que ele esteja na mesma faixa de preço agora, ele vai ficar abaixo do preço desses aparelhos que você mencionou.

Quanto à experiência, Amauri lembra que o aparelho liga em menos de 5 segundos, e diz que ele funciona bem rápido. O MotoGo tem 3G e Wi-Fi, e o sistema proprietário tem integração com o Google: contatos vão para a nuvem, e Gmail e Gtalk são apps nativos com notificações, e funcionam no plano de fundo.

No mais, ele é um dumbphone comum, e obviamente mais limitado que um Android barato. Todos os apps inclusos (Facebook, Twitter, Opera Mobile) são em Java e o MotoGo não permite multitarefa: se sair do navegador, por exemplo, tem que abri-lo de novo depois. O Ztop tem o hands-on do aparelho, com mais detalhes.

Dumbphones x smartphones

Motorola MotoGO

Faz mesmo sentido pensar em dumbphones “espertos”, em vez de smartphones baratos? A IDC prevê que, em 2012, as vendas de smartphones no Brasil vão crescer em 73%, enquanto os celulares simples vão cair em 8,7%. Pelos critérios da IDC (e da Motorola), o MotoGo não é smartphone. Por que nadar contra a corrente? Sobre os números, Amauri diz:

Isso revela que o mercado está em queda, mas em função da necessidade que não esta conseguindo ser suprida, e com o MotoGo a gente consegue cobrir esse ponto: trazer funcionalidades cada vez mais próximas de um smartphone para redefinir esta categoria.

Ou seja, os consumidores querem migrar para smartphones, mas a Motorola aposta que muitos não o farão pelo preço – vão começar com o MotoGo e depois usar algo melhor. Amauri diz que “o webphone é uma base de entrada para nossa estratégia principal, que é o Android”. Como o MotoGo tem integração com serviços do Google, “no momento que ele migrar para um smartphone Android, ele não perde nada” – contatos, emails etc. Por que não começar direto com o Android, então? Ele diz:

A gente acredita que há um público para cada tipo de equipamento. Quando a gente quer que aquele usuário de base, que tem medo do touch, que não consegue usar a interface, que ainda quer se manter no teclado, quer uma solução barata e quer exatamente aquelas aplicações que atendam o dia a dia dele – redes sociais , Gmail e Gtalk – a gente entende que o MotoGo é uma opção viável para a entrada nesse mundo dos smartphones.

O alvo do MotoGo, pelo visto, são usuários inexperientes. Mas peraí, medo do touch? Isso é real? Amauri diz que isto é baseado em pesquisa da Motorola, e segundo ele “as pessoas estão passando a se acostumar” com o touch.

Apesar das boas intenções, ainda não conseguimos encontrar muito sentido para o MotoGo. Como nota Henrique Martin do Ztop, “vale economizar e ampliar os horizontes em mobilidade” – mesmo que o preço caia um pouco no futuro. Pelo menos o MotoGo não foi ideia do Google, segundo Amauri:

É o tipo de parceria que a gente sempre teve com o Google, nada de especial. A questão do Google pode ter sido uma coincidência este ano, mas a gente já tinha um relacionamento e parcerias em outros telefones com serviços Google, e isso não mudou para este telefone… Com a aquisição, pode ser que a estratégia mude, mas não temos conhecimento disso e não poderíamos comentar.

O MotoGo deve estrear ainda este mês em todas as operadoras e no varejo.

Fotos por Ztop

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