Ter amigos pode fazer bem para o intestino, aponta pesquisa
Uma pesquisa com macacos feita por pesquisadores da Universidade de Oxford, no Reino Unido, relacionou habilidades sociais com a abundância de bactérias que fazem bem ao intestino. O estudo foi publicado na última sexta-feira (11) na revista científica Frontiers in Microbiology.
Cientistas, destacaram que as conexões são essenciais para uma boa saúde e bem-estar nos animais sociais, como os humanos e primatas.
A pesquisa observou um grupo de 38 macacos-rhesus da ilha de Cayo Santiago, na costa leste de Porto Rico. 22 eram machos e 16 fêmeas, todos com idades entre seis e 20 anos. Hoje mais de 1 mil macacos da espécie vivem na ilha.
Para a análise, os pesquisadores coletaram 50 amostras de fezes entre 2012 e 2013. O material foi comparado com o tempo que cada macaco passou se arrumando ou sendo tosado por seus parceiros de limpeza no mesmo período — hábitos típicos da espécie.
“Os macacos são animais altamente sociais e a higiene é a principal forma de fazer e manter relacionamentos”, explicou Karli Watson, coautora do estudo. “Por isso, a higiene fornece um bom indicador de interações sociais”.
Ao verificar os dados da sequência de DNA das amostras de fezes para medir a diversidade de micróbios no intestino dos animais, os pesquisadores observaram como cada um dos macacos se comportava socialmente.
Bactérias que fazem bem
Os macacos mais sociáveis – ou seja, com mais amigos – tinham intestinos que funcionavam melhor do ponto de vista imunológico e menos micróbios com potencial para causar doenças.
Eles também apresentaram abundância do micróbio intestinal Faecalibacterium, conhecido por suas propriedades anti-inflamatórias.
Por outro lado, macacos menos sociáveis apresentavam em maior incidência a bactéria Streptococcus, que pode causar doenças como faringite estreptocócica e pneumonia nos humanos.
Agora, os cientistas tentam entender quais são as causas para que isso aconteça. A hipótese é que a relação entre o comportamento social e a abundância microbiana resulte da transmissão social de bactérias – especialmente, através da higiene.
Mas também pode ter outros efeitos indiretos. “Macacos com menos amigos podem ficar mais estressados, o que afeta a abundância desses micróbios”, disse Katerina Johnson, a principal autora do estudo.
“Além do comportamento que influencia o microbioma, também sabemos que é uma relação recíproca, em que o microbioma pode, por sua vez, afetar o cérebro e o comportamento”, pontuou.
A descoberta acende um alerta para os humanos e suas relações virtuais. “Devemos ficar atentos ao fato de que, como primatas, nós [humanos] não evoluímos apenas no mundo social, mas também no mundo microbiano”, afirmou o coautor Robin Dunbar.