Testando o Milo de Molyneux: um garoto virtual com – isso mesmo – um cão
Eu conversei com o virtual boy de Peter Molyneux pelo Xbox 360. E ele gostou da cor da minha camiseta.
Na segunda-feira à noite, eu tive acesso às demos bem breves do que talvez seja o software mais ambicioso em desenvolvimento para o novo Project Natal de controle de movimento da Microsoft: o jogo em pessoa virtual conhecido por Milo.
E sim, Molyneux me disse, isto será um jogo.
Três meses atrás, na Game Developers Conference, Molyneux foi esperto quando eu perguntei pra ele sobre qual seria a evolução do cão do Fable II. Ele disse que ele queria me contar, mas não podia. E agora ele admitiu que ele estava fazendo alusão ao Milo. É a evolução do seu interesse em criar personagens de jogo que pareçam reais. A propósito, Milo terá o seu próprio cãozinho (a presença dele foi aludida em uma imagem da demo de um garoto, um cachorro, ambos em silhueta, e a fala: “Nunca é tarde demais para ter uma infância feliz”).
Molyneux é cauteloso ao fazer promessas nos dias de hoje. Ele fica com mais pé atrás do que antes, quando ele costumava soltar logo cedo as características de jogos como Fable e The Movies. A breve demo do Milo introduziu um novo elemento: ele repetidamente alertou quanto a partes do que eu experimentaria serem apenas “truques”.
A demo rolou em um quarto branco bastante iluminado no Hotel Standard em Los Angeles. Uma versão de teste do Project Natal estava montada, incluindo uma câmera sobre uma TV e alguns outros sensores (nenhuma das demos do Natal da Microsoft que eu vi estava usando qualquer coisa que parecesse ser o hardware final).
Na TV, um garoto, Milo, sentava sobre um balanço dependurado de uma árvore. Molyneux pediu para que eu ficasse de pé em frente à TV e começasse a olhar de um lado pro outro. Descobri que o jogo usava tecnologia de head-tracking. Inclinando minha cabeça para a esquerda ou para a direita – ou me afastando ou me aproximando da TV – o jogo ajustava o ângulo da câmera do jogo. O acompanhamento da câmera era responsivo e intuitivo.
Eu me sentei enquanto o meu sucessor Russ Frushtick tentava a parte seguinte da demo do Milo. Ele ficou em frente à TV e, usando as suas mãos para formar binóculos sobre o seu resto, ele deu início à novidade do estilo EyeToy. Ele balançou suas mãos para fazer a água ondular (Molyneux nos contou que você também pode ajudar o Milo a construir uma casinha de árvore).
Eu me afastei da TV para perguntar ao Molyneux o que eu deveria interpretar deste projeto Milo. Estaria certo considerá-lo um jogo? Ele disse que precisava ser visto como um jogo. Ele precisa ter um objetivo e até mesmo um final, disse ele. Em um sentido resumido, ele disse que poderíamos enxergar o Milo como um Tamagotchi, mas que seria muito mais avançado e mágico que aqueles antigos bichinhos de estimação virtuais.
Molyneux me fez continuar na demo ao me aproximar do Milo novamente. Ele pediu para que eu chamasse pelo Milo ao dizer o meu próprio nome e agindo de forma alegre. Milo andou em minha direção e me cumprimentou com a minha camiseta azul (minha camiseta de fato era azul). Daí ele ficou lá, parado, esperando que eu dissesse alguma coisa. Foi um momento meio constrangedor. A demo de Milo estava sendo parcialmente manipulada por um desenvolvedor que estava sentado por perto e eu não conseguia dizer se ele estava meramente calibrando o jogo ou o quanto ele estava mexendo os pauzinhos. Eu disse coisas gentis para o Milo e o garoto virtual sorriu. Eu disse que eu estava de pé ao lado do Peter Molyneux e ele deu uma espécie de suspirada. O momento mais encantador foi o da camiseta azul. Me fez sentir que aquela pessoa virtual estava fazendo uma conexão comigo.
Após eu me afastar, Molyneux me perguntou o que eu achava. Eu disse a ele que o conjunto era promissor, mas que eu precisaria usá-lo mais para saber como ele funcionava direito. Considerando a novidade do Project Natal – e dado o tempo que eu sei que o Molyneux tem passado querendo criar um jogo sobre influenciar a vida de uma criança virtual – eu perguntei há quanto tempo ele e a sua equipe tiveram a ideia de integrar uma câmera. Molyneux disse que ele há muito tempo ele quer fazer algo como Milo, mas que a ideia não tinha se ajustado direito com a Microsoft até o Project Natal surgir. Ambos viriam juntos.
Eu saí de lá impressionado com a ambição à mostra, mas também com a certeza de que o que nos foi mostrado estava ainda fraco e mal-preparado. Ainda é preciso fazer muito ajuste para fazer com que o Milo dê a sensação de ser mais do que apenas uma coletânea de experiências tecnológicas – ou melhor, de ser cheio de vida. O que me empolga é que este é justamente o objetivo de Molyneux.