_Ciência

Um teste simples de computador mostra os limites do nosso livre arbítrio

Nós realmente temos livre arbítrio? Um estudo mostra que sim, até temos, mas até certo ponto.

A questão de se os seres humanos possuem ou não livre arbítrio é fonte de um intenso debate, particularmente entre neurocientistas e filósofos. Um novo estudo opôs humanos contra computadores para testar se as nossas decisões conscientes são efetivamente determinadas por processos inconscientes. Talvez a gente só ache que tem livre arbítrio ao tomar uma decisão.

Pesquisadores do Centro Bernstein de Neurociência Computacional estudaram um padrão de atividade cerebral conhecido como “potencial de prontidão”. Este padrão precede cada decisão que você toma. Só depois dele que você faz alguma escolha.

Para confirmar os resultados, os pesquisadores colocaram voluntários contra computadores projetados para conferir se as pessoas entravam em piloto automático após o início do potencial de prontidão, e publicaram os resultados no Proceedings of the National Academy of Sciences.

Os voluntários foram informados de que iriam jogar um jogo contra o computador. Durante o jogo, eles precisavam tomar decisões sobre o momento de apertar um botão. O computador tentava prever quando eles iam pressionar o botão e então emitiam um sinal para parar. Se o voluntário pressionasse do mesmo jeito, ele perdia pontos. Se ele pressionasse o botão com sucesso sem que o computador conseguisse prever, ele ganharia pontos.

Mas o jogo era meio que fraudado. Enquanto jogavam, os voluntários vestiam um capacete de eletroencefalograma projetado para dar ao computador um pouco de vantagem. Os pesquisadores programaram o computador para reconhecer o potencial de prontidão, que só é ativado no último segundo antes de uma decisão.

O computador sentia o padrão antes de a pessoa se mexer, e então conseguia vencer o ser humano. Se as pessoas estivessem no piloto automático, apenas achando que fizeram uma decisão consciente, elas não conseguiriam “vetar” a escolha pré-determinada de se mexer, e assim o computador venceria em todas as vezes.

O computador não vencia todas as vezes. As pessoas tinham controle consciente das suas ações depois do estado de potencial de prontidão ser iniciado – mas só até certo ponto. Se as pessoas vissem o sinal de parar menos de 200 milissegundos antes do movimento, elas perderiam para o computador.

Ainda assim, se você acreditar na estimativa de livre arbítrio dos cientistas, isso mostra que o estado de “potencial de prontidão” não governa nosso cérebro. Podemos conscientemente mudar uma decisão que foi preparada inconscientemente para tomarmos.

[PNAS]

Imagem via Warner Brothers

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