Um teste pode ajudar a prever se uma pessoa em coma voltará a acordar

A partir da análise do fluxo energético do cérebro, um novo teste consegue detectar se um paciente em coma voltará a ter consciência.

Para amigos e família, poucas coisas são mais agonizantes que a dúvida se um parente em coma acordará após algum incidente grave, como uma pancada forte na cabeça ou uma overdose causada por drogas. Pesquisadores apresentaram um teste que pode medir o nível de consciência de pacientes em coma — e até mesmo prever se eles podem acordar.

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Como descrito na última edição da Current Biology, um teste ajuda a medir a quantidade de glicose (açúcar) consumida pelo cérebro que pode ser usada para ajudar os médicos a diferenciarem pacientes em coma profundo daqueles em coma parcial ou com sinais ocultos de consciência. Também será possível prever se a pessoa recuperará a consciência (ou não) dentro de um ano.

Na maioria das vezes, pacientes em coma perdem a habilidade de raciocinar e não conseguem ter noção do que acontece ao seu arredor. Mas aqueles em estado vegetativo às vezes dão a impressão que estão deixando o estado de coma. Diferente de pacientes em coma profundo, eles estão em um estado de excitação parcial, mas ainda com falta de consciência. O novo teste tornará mais fácil para os médicos avaliarem a natureza e o grau do coma.

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Diagrama mostra metabolismo da glicose no cérebro de pacientes com disturbios crônicos de inconsciência (Imagem: Stender et al., 2016)

“Em quase todos os casos, o fluxo de energia cerebral nos indica o nível de consciência atual ou sua possibilidade de recuperação”, disse Ron Kupers, da Universidade de Copenhague e da Universidade Yale, em um comunicado. “Em resumo, nossas descobertas indicam que há um requisito mínimo energético para que haja consciência sustentável para uma pessoa acordar após uma lesão cerebral.”

Para chegar a essa conclusão, Kupers e seus colegas quantificaram e mapearam o metabolismo do açúcar no cérebro em 131 pacientes com lesões cerebrais, todos eles tiveram perda parcial ou total da consciência. A análise cerebral foi feita usando uma técnica de imagem conhecida como FDG-PET.

Os resultados mostraram que a resposta comportamental do paciente era fortemente conectada com o fluxo de energia cerebral. Pacientes com metabolismo de glicose abaixo dos 42% da atividade normal pareciam estar completamente inconscientes e nunca mais recuperaram a consciência após um ano. Porém, aqueles com atividade metabólica cerebral acima deste limite mostraram sinais de consciência parcial ou acordaram do coma em um ano. De modo geral, a taxa de metabolismo do cérebro indicou o retorno de consciência em 94% dos pacientes.

“A descoberta de uma clara fronteira metabólica entre os estados de consciência e inconsciência pode indicar que o cérebro sofre um estado fundamental de mudança em um determinado nível de fluxo de energia, de modo que a consciência ativa a atividade cerebral em determinado limite”, disse Johan Stender, que é co-autor do estudo. “Nós não conseguimos testar a hipótese diretamente, mas ela nos dá uma visão interessante para o futuro da pesquisa.”

Os cientistas dizem que será importante para outros pesquisadores verificarem as suas hipóteses em pacientes com diagnósticos distintos dos analisados. Eles agora vão investigar como o metabolismo do cérebro muda em pacientes com lesões cerebrais.

[Current Biology]

Imagem do topo via Pixabay

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