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Thomas Edison achava que seria impossível fazer ligações telefônicas cruzando o Oceano Atlântico

Nunca diga nunca. Thomas Edison foi um grande inventor, mas suas previsões viraram piada. Em 1894, ele disse que as ligações telefônicas transatlânticas seriam impossíveis. Sua incredulidade se tornaria estúpida pouco mais de três décadas depois, em 1927, quando esse feito foi alcançado. Edison deu uma entrevista ao jornal texano Galveston Daily News, que foi publicada […]

Nunca diga nunca. Thomas Edison foi um grande inventor, mas suas previsões viraram piada. Em 1894, ele disse que as ligações telefônicas transatlânticas seriam impossíveis. Sua incredulidade se tornaria estúpida pouco mais de três décadas depois, em 1927, quando esse feito foi alcançado.

Edison deu uma entrevista ao jornal texano Galveston Daily News, que foi publicada na edição de 28 de outubro de 1894. Nela, o inventor expressa sua descrença, explicando de maneira bem confusa que seria necessário um tipo especial de cabo.

“Eu não acho que conseguiremos telefonar de um lado do Atlântico a outro. Seria impossível por causa da eletrificação da gutta percha [espécie de látex feito a partir da seiva da árvore de mesmo nome], que reveste o cabo. Toda substância vai eletrificar alguma coisa, então a dificuldade não será superada descartando o que se usa hoje. Entre Valencia e Heart’s Content [em Terra Nova, no Canadá], por exemplo, as toneladas de gutta percha no cabo têm um papel essencial na operação. Todo pedaço tem que ser eletrificado antes de enviar um único sinal. E, quando a corrente é cortada em Valencia, depois da operação, ela vai continuar a fluir até Heart’s Content por um tempo comparativamente longo. Isso tudo interfere nas ondas sonoras. Mesmo no telégrafo, não há pausa real entre os flashes, e há apenas entre dez e 12 ondas sonoras por segundo. Na telefonia, haveria entre duas mil e três mil ao mesmo tempo. O único jeito de resolver isso seria empregando alguma outra força que não afete a matéria usada para revestir.”

A primeira ligação transatlântica ocorreria décadas mais tarde, em 7 de janeiro de 1927, entre Londres e Nova York. A qualidade da ligação, de fato, foi péssima, mas funcionou. A ligação foi completada repetindo ondas de rádio, sem precisar usar um cabo incrivelmente longo.

E o que foi falado na primeira ligação telefônica transatlântica? A conversa se deu entre W.S. Gifford, presidente da companhia que mais tarde seria conhecida como AT&T, em Nova York, e Evelyn P. Murray, chefe dos correios em Londres. Gifford começou a chamada com um discurso preparado.

“Hoje é o resultado de muitos anos de pesquisa e experimentação. Nós abrimos um caminho telefônico entre Nova York e Londres. As pessoas dessas duas grandes cidades poderão se falar e trocar opiniões e fatos como se estivessem cara a cara. Ninguém pode prever a extrema importância da última conquista da organização e da ciência.”

Há um curta documentário fascinante, chamado Speaking From America (“Falando da América”, em tradução livre), sobre como foram feitas as primeiras chamadas telefônicas cruzando o Atlântico. Dirigido por Humprey Jennings em 1938, o filme mostra como as ondas de rádio foram usadas na década de 30 para conectar a Europa e os Estados Unidos. Se você gosta de história da tecnologia, deve assistir (parece que ele não está disponível online em nenhum lugar, mas você pode comprar em DVD ou Blu-Ray o volume 1 da coletânea do Humphrey Jennings, que inclui o curta).

Edison morreu em 1931, alguns anos depois da primeira chamada transatlântica. O inventor não participou desse projeto, mas ele tentou algo ainda mais ambicioso: um telefone para falar com fantasmas. Sério.

Ilustração do topo: arquivo de Matt Novak

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