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Tim Berners-Lee, o pai da web, está propondo um novo pacto para não arruinar a internet

Berners-Lee lançou o “Contract for the Web” para que governos, empresas e indivíduos garantam que a internet seja utilizada para beneficiar a humanidade.

Getty

A internet tomou diferentes rumos desde que Tim Berners-Lee inventou a World Wide Web em 1989, e nem sempre ela foi utilizada de maneira saudável. Para tentar impedir que sua criação saia ainda mais de controle, Berners-Lee decidiu lançar o “Contract for the Web” para que governos, empresas e indivíduos se comprometam a proteger a web de abusos e garantam que ela seja utilizada para beneficiar a humanidade.

“Se deixarmos a web como está, há um número muito grande de coisas que darão errado. Poderíamos acabar em uma distopia digital se não mudarmos as coisas. Não precisamos de um plano de 10 anos para a web, precisamos mudar a web agora”, disse Berners-Lee ao Guardian.

Esse contrato é o resultado da colaboração de 80 organizações que vêm trabalhando no projeto há mais de um ano. São nove princípios centrais distribuídos entre governos, empresas e indivíduos, sendo cada grupo responsável por três deles. Caso algum signatário não demonstre que está implementando os princípios ou trabalhando em soluções, será removido da lista.

Para os governos, o contrato exige que eles façam o possível para garantir que todas as pessoas tenham acesso à internet e tenham sua privacidade respeitada. Os usuários devem saber quais dados pessoais estão sendo coletados e terem o direito de contestar ou impedir que seus dados sejam processados.

Já para as empresas, uma das medidas inclui tornar a internet acessível, seja para pessoas de baixa renda, com deficiência e falantes de minorias linguísticas. As companhias também devem simplificar as configurações de privacidade oferecendo um painel de controle para que as pessoas possam acessar seus dados e gerenciar as opções de privacidade em um único lugar.

O documento ainda aborda a questão da diversidade, exigindo que as empresas diversifiquem suas equipes, consultem comunidades antes e depois de lançarem novos produtos e avaliem o risco de suas tecnologias disseminarem desinformação de modo a prejudicar o comportamento ou bem-estar das pessoas.

Em nível individual, o contrato estabelece que as pessoas devem criar conteúdo rico e relevante para tornar a internet um local de valor, além de construir comunidades fortes para que todos se sintam seguros e acolhidos. Por fim, o projeto pede que as pessoas lutem pela web, para que ela se mantenha aberta a todos e em todos os lugares do mundo.

Dentre os três grupos a que o documento se destina, Berners-Lee ressalta que o mais importante deles são os indivíduos. “Seja você uma empresa ou um governo, controlar a web é uma maneira de obter grandes lucros ou garantir que você permaneça no poder. As pessoas são indiscutivelmente a parte mais importante disso, porque são apenas elas que serão motivadas a responsabilizar os outros dois”.

O documento foi publicado pela Web Foundation, de Tim Berners-Lee, e já conta com o apoio de mais de 150 organizações, incluindo Microsoft, Google e Facebook. Segundo o Guardian, até o momento da publicação da reportagem, nem a Amazon ou o Twitter haviam aderido ao projeto.

O jornal britânico ainda observa que algumas empresas podem não durar muito na lista de signatárias. Um relatório da Anistia Internacional, por exemplo, acusa o Google e o Facebook de “permitirem violações de direitos humanos em larga escala”. E isso só reforça a necessidade de começarmos a controlar melhor, e o quanto antes, a direção que a internet está tomando.

[The Guardian]

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