Três tendências que vão guiar a saúde no mundo em 2023
Remédios psicodélicos e revoluções nas vacinas: essas são algumas das tendências para a saúde previstas para 2023.
No terceiro ano de pandemia, a ciência mira em imunizantes para barrar as transmissões da Covid, enquanto pesquisadores buscam a cura para doenças mentais, como depressão e Alzheimer.
Podemos esperar que 2023 repercuta temas revolucionários na saúde, como vacinas nasais contra a Covid, um remédio inovador para combater o avanço do Alzheimer e até drogas psicodélicas para tratar transtornos psicológicos.
A seguir, confira três tendências para a ciência e a saúde em 2023.
Vacinas mais modernas
Uma estimativa da revista Economist apontou que a última geração de vacinas contra a Covid deve fazer mais diferença em 2023. Até o final de 2022, a OMS (Organização Mundial da Saúde) contava com mais de 170 ensaios clínicos, em especial de doses aplicadas pelo nariz e à prova de variantes.
As vacinas nasais, pulverizadas no nariz ou na garganta, têm como objetivo dar imunidade às primeiras células que entram em contato com o vírus. Na teoria, isso impediria a proliferação até interromper a cadeia de eventos que dá origem à doença causada pelo agente infeccioso.
A expectativa é que essas vacinas previnam a transmissão, o que as doses atuais ainda não fazem, apesar de reduzir o risco de adoecimento grave por causa do vírus. As doses nasais já foram aprovadas pela Índia e China, mas ainda não há dados publicados sobre sua eficácia. A expectativa é que os primeiros resultados saiam em 2023.
Já as vacinas contra quaisquer variantes têm como alvo grupos específicos de coronavírus, como o resfriado sazonal e o vírus SARS-Cov original. Os testes em humanos para algumas dessas doses devem começar já no próximo ano. Se tudo der certo, é possível que uma vacina mais ampla já fique disponível a partir de 2024.
Remédio para Alzheimer
O próximo ano também deve ser de avanços nos estudos para avaliar o Lecanemab, fármaco experimental com “potencial” para tratar a doença de Alzheimer.
No final de novembro, a publicação de um estudo associou o medicamento a mais depuração das proteínas amilóides e menor declínio cognitivo. Mas ainda há preocupações sobre a segurança do medicamento e sua relação com efeitos colaterais graves.
Varreduras cerebrais indicaram que 17% dos participantes mostraram risco de ter hemorragias e 13% de inchaço no cérebro após o tratamento. No geral, 7% dos participantes precisaram suspender o uso do medicamento por causa dos efeitos colaterais.
Em 2023, reguladores dos EUA devem avaliam os dados e decidir pela aprovação, ou não, do lecanemab. Ao mesmo tempo, as farmacêuticas Eisai e Biogen, que desenvolvem o medicamento, planejam iniciar o processo de aprovação em outros países.
Se comprovar efetividade, o lenacemab deve abrir caminho para uma nova era de medicamentos para tratar o Alzheimer, a forma mais comum de demência. Por enquanto, os cientistas verificaram que a droga funciona nos estágios iniciais da doença – o que contém o avanço se usado logo após a detecção.
O tratamento atual para a doença inclui medicamentos que controlam os sintomas, mas nenhum que interfere em seu avanço. A grosso modo, o medicamento combate o acúmulo de proteínas amilóides que formam uma espécie de gosma que se acumula no cérebro das pessoas com Alzheimer.
Medicamentos “psicodélicos”
Pílulas de remédios. Imagem: Christina Victoria Craft/Unsplash/Reprodução
O ano de 2023 deve ser um marco na era dos medicamentos psicodélicos. Logo em janeiro, a droga MDMA deve concluir o segundo teste da fase 3 para o tratamento de Transtorno de Estresse Pós-traumático nos EUA.
O MDMA é uma droga psicoativa que produz uma sensação de “abertura” emocional. Assim como outras drogas, como LSD e cetamina, o MDMA causa mudanças de ação rápida na função cerebral.
Se tudo correr como esperado, a droga pode seguir para a aprovação da FDA, a Anvisa norte-americana. Estudos indicam que três doses de MDMA, além de terapia de 18 semanas, pode proporcionar uma redução significativa nos sintomas do transtorno.
Depois que o processo entrar no FDA, é difícil precisar quanto tempo levará até a decisão final. Mas no estado de Oregon, por exemplo, o uso terapêutico da psilocibina – composto psicodélico produzido a partir de fungos – se torna legal a partir de 1º de janeiro. A ideia é usar o medicamento para tratar casos de depressão grave.
Além de Oregon, a província de Alberta, no Canadá, também começará a permitir o uso regulamentado de drogas psicodélicas para terapia a partir de janeiro. Isso inclui psilocibina, MDMA, LSD, mescalina, DMT e cetamina.