Trump pode banir TikTok e outros aplicativos de empresas chinesas

A administração do presidente dos EUA, Donald Trump, está considerando banir o popular aplicativo chinês TikTok do país.
Logotipo do TikTok. Crédito: Lionel Bonaventure/Getty
Crédito: Lionel Bonaventure/Getty

A administração de Donald Trump está considerando banir o popular aplicativo chinês TikTok nos Estados Unidos. Na verdade, esse não seria o único aplicativo desenvolvido por companhias chinesas a ser proibido no país, de acordo com Mike Pompeo, Secretário de Estado.

O TikTok é um dos aplicativos mais populares do mundo, com cerca de 800 milhões de usuários. Porém, a administração de Trump acredita que os dados de usuários da plataformas poderiam ser filtrados pelo governo chinês, uma alegação que ainda não possui provas.

“Não quero tomar a frente do presidente, mas é algo para o qual estamos olhando”, disse Pompeo à Laura Ingraham da Fox News na segunda-feira (6) quando perguntado sobre uma possível proibição do TikTok.

Pompeo explicou que os EUA têm sido agressivos ao restringir a forma como as empresas tecnológicas chinesas podem operar em solo americano, citando as recentes proibições da Huawei que efetivamente cercaram a empresa e excluíram de negociações com o mercado americano.

“Trabalhamos nesta questão por muito tempo, sejam os problemas de ter a tecnologia Huawei em sua infraestrutura – viajamos pelo mundo inteiro e estamos fazendo progressos reais para conseguir isso –, declaramos a ZTE um perigo para a segurança nacional”, disse Pompeo. “Com relação aos aplicativos chineses nos celulares das pessoas, posso assegurar que os Estados Unidos também vão fazer isso direito.”

“Você recomendaria que as pessoas baixassem esse aplicativo em seus celulares, hoje à noite, amanhã, a qualquer momento?” Ingraham perguntou retoricamente.

“Somente se você quiser suas informações particulares nas mãos do Partido Comunista Chinês”, disse Pompeo.

TikTok, que é de propriedade da Bytedance, uma empresa de tecnologia sediada em Pequim, não pode ser baixado na China continental. A companhia nega que tenha laços com o governo chinês e afirmou ao Gizmodo que “nunca forneceria dados de usuários ao Partido Comunista Chinês”.

“O TikTok é dirigido por um CEO americano, com centenas de funcionários e líderes-chave em cibersegurança, produtos e políticas públicas aqui nos EUA”, disse um porta-voz do app ao Gizmodo por e-mail. “Nossa maior prioridade é promover uma experiência de aplicativo segura e protegida para nossos usuários. Nunca fornecemos dados dos usuários ao governo chinês, nem o faríamos se nos pedissem.”

Recentemente, a Índia baniu o TikTok e há relatos de que o governo australiano também esteja considerando uma proibição semelhante do aplicativo. A Índia tem experimentado um alto grau de tensão geopolítica com a China nas últimas semanas sobre um território disputado no Himalaia, e a Austrália faz parte da aliança de inteligência Five Eyes que também inclui os EUA, Reino Unido, Canadá e Nova Zelândia.

Pompeo passou grande parte da entrevista com Ingraham se opondo à incursão do governo chinês nos assuntos locais de Hong Kong, após a aprovação de uma lei de “segurança nacional” que deu a Pequim um controle sem precedentes sobre a região semi-autônoma.

Mas Pompeo não mencionou que, embora o presidente Donald Trump fale com frequência com dureza sobre o autoritarismo chinês, ele parece admirar o abuso dos direitos humanos da China e tem dito coisas positivas sobre o país asiático desde pelo menos os anos 1990.

Trump até deu seu aval a Xi Jinping quando o líder chinês começou a construir campos de concentração para os uigures, a minoria muçulmana do país, de acordo com o ex-conselheiro de Segurança Nacional, John Bolton.

Do livro de Bolton, The Room Where It Happened:

A repressão de Pequim aos uigures também prosseguiu a passos largos. Trump me perguntou no jantar de Natal da Casa Branca de 2018 porque estávamos considerando sancionar a China por causa de seu tratamento aos uigures, um povo não-Han chinês, em grande parte muçulmano, que vivia principalmente no noroeste da província chinesa de Xinjiang. Ross tinha me avisado que Trump não queria sanções por causa das negociações comerciais com a China. A questão dos uigures vinha se encaminhando pelo processo do NSC, mas ainda não estava pronta para a decisão. Só piorou. No jantar de abertura da reunião do G20 de Osaka, com apenas intérpretes presentes, Xi explicou a Trump porque ele estava basicamente construindo campos de concentração em Xinjiang. De acordo com nosso intérprete, Trump disse que Xi deveria ir em frente com a construção dos campos, o que ele achou que era exatamente a coisa certa a fazer. Pottinger me disse que Trump disse algo muito semelhante durante a viagem de 2017 à China, o que significava que poderíamos riscar a repressão aos uigures de nossa lista de possíveis razões para sancionar a China, pelo menos enquanto as negociações comerciais continuassem.

Ainda não está claro se uma proibição ao TikTok poderia ser contornada por uma VPN, algo que os internautas de outros países autoritários frequentemente usam para acessar conteúdo proibido. Mas os americanos provavelmente podem se preparar para uma internet muito mais restrita no horizonte, isso se Trump decidir seguir em frente nesses planos.

O presidente tem muita margem de manobra para proibir coisas que podem ser citadas como um risco à “segurança nacional”. Essa provavelmente a justificativa para uma possível proibição TikTok, que já foi utilizado por Trump diversas vezes.

Aumentar os impostos dos carros importados? Trump citou a segurança nacional. Limitar a importação de aço? Trump citou a segurança nacional. O TikTok pode ser o próximo, mas não se sabe o que poderá vir depois disso, especialmente se Trump vencer a reeleição em novembro.

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