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Trump cria portal para pessoas reclamarem de suposta censura nas redes sociais

Donald Trump nunca escondeu seus sentimentos sobre a liberdade de expressão: o presidente dos EUA a odeia a não ser que sirva a ele ou aos seus interesses. Ele já mostrou a intenção de criar “leis de calúnia” para facilitar a abertura de processo contra veículos de imprensa, fez ameaças vazias de revogar as licenças […]

Tuíte do perfil da Casa Branca diz "A Administração Trump está lutando pela liberdade de expressão online. Não importa os seus posicionamentos, se você suspeita que um viés político causou sua censura ou silenciamento online, queremos ouvi-lo!"

Donald Trump nunca escondeu seus sentimentos sobre a liberdade de expressão: o presidente dos EUA a odeia a não ser que sirva a ele ou aos seus interesses. Ele já mostrou a intenção de criar “leis de calúnia” para facilitar a abertura de processo contra veículos de imprensa, fez ameaças vazias de revogar as licenças de transmissão de canais de TV que o deixou irritado ou envergonhado, sugeriu que manifestantes deveriam deixar o país, apoiou campanhas da direita contra o liberdade de expressão em universidades, para citar só algumas de suas ações questionáveis.

Por outro lado, Trump não vê problemas em fazer alegações frenéticas sobre a vitimização de conservadores que insistem que estão sendo discriminados por suas posições políticas em grandes plataformas como Facebook, Google e Twitter.

Quando ele não está apenas inventando coisas, ele faz barulho sobre qualquer um que se identifique como conservador – incluindo trolls de extrema-direita e teóricos da conspiração – que digam que foram banidos das redes sociais ou que reclamam por não ter seguidores suficientes para amansar seus egos.


Tradução: O Twitter removeu muita gente da minha conta e, mais importante, eles aparentemente fizeram algo que torna muito mais difícil de acompanhar – eles sufocaram o crescimento a um ponto em que é óbvio para todos. Há algumas semanas [minha conta] era um Foguete, agora é um Balão! Preconceito Total?

Pouco depois de publicar um comunicado explicando a sua oposição a uma resolução internacional que pede para que países combatam o discurso de ódio violento na internet, a Casa Branca criou um portal oficial onde as pessoas podem registrar queixas de contas que foram “suspensas, banidas ou denunciadas de forma fraudulenta por ‘violações’ vagas sobre as políticas de uso”.

O tuíte diz que Trump quer ouvir essas histórias “não importa quais sejam os seus posicionamentos”.


Tradução: A Administração Trump está lutando pela liberdade de expressão online. Não importa os seus posicionamentos, se você suspeita que um viés político causou sua censura ou silenciamento online, queremos ouvi-lo!

Os visitantes da página são recebidos com a seguinte mensagem:

PLATAFORMAS DE MÍDIAS SOCIAIS deveriam favorecer a LIBERDADE DE EXPRESSÃO. Ainda assim, muitos americanos tiveram suas contas suspensas, banidas ou denunciadas de forma fraudulenta por ‘violações’ vagas sobre as políticas de uso.

Independente de seu posicionamento, se você suspeita que viés político causou tal ação contra você, compartilhe sua história com o Presidente Trump.

Os usuários então precisam dizer qual das companhias (Facebook, Instagram, Twitter, YouTube ou Outras) restringiram suas contas, bem como descrever as circunstâncias sob as quais a suspensão aconteceu e incluir capturas de tela de quaisquer comunicados que receberam explicando que as regras foram infringidas.

O fundo da verdade aqui é que as empresas de tecnologia têm feito um trabalho terrível de definir políticas claras e aplicadas de forma justa sobre quais conteúdos são ou não permitidos.

A desculpa favorita do Vale do Silício quando o discurso de ódio se alastra é basicamente a mesma: nossas plataformas são grandes demais para serem gerenciadas de forma coerente. A falta sistemática de transparência com que quase todas essas plataformas operam minaram a confiança que elas tinham.

Mas essa não é a preocupação da Casa Branca. A menos que haja mudanças dramáticas no ambiente regulatório enfrentado pelas grandes empresas de mídias sociais, são elas que manterão a prerrogativa de banir quem quiserem, quando quiserem.

Os líderes da Divisão de Antitruste do Departamento de Justiça indicados por Trump parecem desinteressados em desafiá-las. Trump também enfrentou processos por ter o hábito de bloquear críticos no Twitter.

Como Kelly Weill do Daily Beast e outros apontaram, a ideia de que o Facebook e YouTube estão minando a força de expressão dos conservadores não tem base nenhuma em dados.

Um “estudo” supostamente rigoroso sobre o site Quillette, que pretendia provar que o Twitter odeia os conservadores, continha graves falhas metodológicas e incluía em sua lista de indivíduos ou grupos banidos do Partido Nazista Americano.

O que a Casa Branca está fazendo é alimentar um complexo conservador que posiciona republicanos e seus aliados como vítimas eternas e dá ao presidente mais um saco de pancada.

Ah, e o site também coleta o número de telefone e endereços de e-mail para algum propósito – que certamente não será o uso na campanha de marketing de Trump em 2020, já que isso seria antiético, né?


Tradução: O conta oficial da Casa Branca “quer ouvir histórias sobre” ser “censurado ou silenciado online”. É claro que, nesse fórum, eles também gostariam que seu endereço de e-mail e número de telefone fossem cadastrados para “mantê-lo informado sobre a luta do Presidente Trump pela liberdade de expressão”.

 


Tradução: Trump lançou uma ferramenta para “denunciar a censura” nas redes sociais para que todos os conservadores que não entendem o que é censura possam gritar “estou contando sobre o que você fez para o PRESIDENTE” quando seus posts forem marcados como impróprios. Mas é apenas um pote de ouro para coleta de informações pessoais.

O portal também tem um termo de uso selvagem que diz que será concedida uma licença permanente ao governo dos Estados Unidos “para usar, editar, exibir, publicar, divulgar, transmitir, postar ou distribuir todo ou parte do Conteúdo (incluindo trabalhos editados, compostos ou derivados feitos a partir dele)” que forem enviados.

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