
Trump quer reduzir orçamento da NASA pela metade e cancelar telescópios
De acordo com uma proposta inicial ao Congresso dos EUA, o governo de Donald Trump pretende reduzir o orçamento da NASA quase pela metade.
As informações são do jornal The Washington Post, que cita duas fontes com conhecimento direto sobre os planos do governo Trump, ressaltando que os cortes podem decretar o fim de várias missões futuras.
De acordo com a matéria, a minuta orçamentária enviada à NASA pelo Escritório de Gestão e Orçamento dos EUA (OMB) ainda não foi formalizada. No entanto, a proposta do governo Trump já preocupa a NASA e a comunidade científica, com os cortes no orçamento representando um declínio dos EUA na exploração espacial.
A proposta determina cortes nos seguintes setores de operações científicas da NASA:
- Astrofísica: Redução de US$ 1,5 bilhão para US$ 487 milhões
- Ciência Planetária: de US$ 2,7 bilhões para US$ 1,9 bilhão
- Ciência Terrestre: de US$ 2,2 bilhões para US$ 1,033 bilhão
Ao todo, os cortes de Trump no orçamento do setor de missões científicas da NASA correspondem a quase 50%. De acordo com as fontes do jornal, o orçamento atual é de US$ 7,3 bilhões. Com os cortes, esse valor seria de US$ 3,9 bilhões — sendo pouco mais que a metade.
Missões da NASA em risco pelos cortes no orçamento
Caso o congresso, cuja maioria é do Partido Republicano, aprove a proposta de Trump, os cortes no orçamento da NASA afetariam missões em curso e futuras. E isso inclui grandes programas, como as missões a Marte, a busca por exoplanetas e, obviamente, a Artemis.
Por falar em Marte, a missão para trazer as amostras do solo do Planeta Vermelho pode não acontecer. Em janeiro, revelamos aqui no Giz Brasil que o antigo administrador da NASA elaborou novos planos para trazer as amostras, mas a decisão seria de Trump.
Aparentemente, Trump decidiu deixar as amostras em Marte.
Em 2023, dois anos antes de Trump voltar ao poder, o Giz também revelou que cortes na NASA poderiam impactar os telescópios, sobretudo o Hubble.
Na matéria, citamos que a NASA priorizava novos programas, “como o Telescópio Espacial Nancy Grace Roman, planejado para lançamento em 2027”.
Contudo, os cortes no orçamento da NASA pelo governo Trump também colocariam em risco o Telescópio Espacial Nancy Grace Roman, apesar de continuar a sustentar as missões do Hubble e do James Webb.
O portal ArsTechnica obteve acesso aos documentos que o governo Trump entregou à NASA na última quinta-feira (10) informando sobre os cortes.
Esses documentos, conforme o poder executivo dos EUA, são os “passback”, que representam o processo de ida e volta de requisição e aprovação de orçamento. Como se inspira em uma jogada do futebol americano, a versão em português para “passback” seria “tiki-taka”.
E esse processo, após o envio, tem o prazo de 72 horas. Ou seja: a NASA tem até o próximo domingo (13) para revisar a proposta de orçamento e recorrer aos cortes de Trump apresentando justificativas.
As modificações, caso o governo aprove, serão incorporadas ao orçamento fiscal de 2026.
Reações aos cortes de Trump e silêncio de Elon Musk
Bethany Stevens, porta-voz da NASA, confirmou ao Washington Post que a agência recebeu o “passback” e já começou a analisar a proposta, mas não comentou sobre os cortes.
Por outro lado, a comunidade científica alerta que os cortes de Trump na NASA podem ser um “evento de nível de extinção à ciência da NASA”.
“Eles [governo Trump] vão jogar a NASA no fundo do poço se continuarem com esse tipo de atrocidade. Se você destrói a ciência da NASA, você acaba destruindo todo o nosso programa de exploração [espacial], afetando, consequentemente, o programa de exploração enviando humanos”, afirmou Bill Nelson, ex-administrador da NASA.
Nelson também comentou que os cortes de Trump na NASA seriam um tiro no pé, já que o presidente e seu comparsa Elon Musk repetem desde janeiro que astronautas dos EUA viajarão a Marte.
Aliás, desde a matéria do Washington Post, Elon Musk tweetou bastante, mas nenhuma das publicações tem relação aos cortes da NASA.