Tubarão antigo com dente em formato de espaçonave é batizado em homenagem a game arcade

Um tubarão de água doce do Período Cretáceo foi recentemente descrito, apresentando dentes que se assemelhavam ao icônico caça espacial do game Galaga. Curiosamente, os restos mortais desse tubarão foram encontrados na mesma pilha de detritos que continha a T. rex “Sue” — o maior e mais completo fóssil da espécie já encontrado. • Pegadas […]
Velizar Simeonovski, Museu Field de História Natural

Um tubarão de água doce do Período Cretáceo foi recentemente descrito, apresentando dentes que se assemelhavam ao icônico caça espacial do game Galaga. Curiosamente, os restos mortais desse tubarão foram encontrados na mesma pilha de detritos que continha a T. rex “Sue” — o maior e mais completo fóssil da espécie já encontrado.

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Apelidado de Galagadon nordquistae, em referência ao jogo arcade, ele é um tubarão de água doce recém-descoberto que nadou nos rios cretáceos da Dakota do Sul há 67 milhões de anos. Ele não era muito grande, medindo cerca de 30 cm a 45,7 cm de comprimento, e provavelmente varria o leito dos rios em busca de pequenos peixes, caracóis e lagostim, de acordo com uma nova pesquisa publicada nesta segunda-feira (21), no Journal of Paleontology. Os cientistas que descobriram o Galagadon disseram que o tubarão é parente dos tubarões orectolobiformes modernos, sendo o tubarão wobbegong um bom exemplo.

Tudo o que sobrou do Galagadon são duas dúzias de pequenos dentes, que foram encontrados no mesmo sedimento que deu origem a Sue, o famoso esqueleto T. rex. Os restos desse temível tiranossauro foram descobertos há 20 anos na Formação Hell Creek, na Dakota do Sul. Inteligentemente, o sedimento restante desse trabalho, chamado de matriz, não foi jogado fora, sendo armazenado no Museu Field de História Natural, em Chicago, por segurança. Recentemente, uma equipe de cientistas e voluntários decidiu dar uma segunda olhada nessa pilha de duas toneladas de terra na esperança de encontrar alguns fósseis — o que acabou sendo uma boa ideia.

Esquerda: um dos minúsculos dentes fossilizados de Galagadon. Direita: o caça espacial Galaga. Imagem: Terry Gates/Gizmodo

Como apontado, restam apenas os dentes do Galagadon. Suas outras partes do corpo já se foram, principalmente porque a cartilagem não se preserva muito bem. O paleontólogo Terry Gates, autor principal do novo estudo e professor da Universidade Estadual da Carolina do Norte, e seus colegas deduziram tamanho, forma e comportamento do Galagadon, comparando seus dentes com os de espécies semelhantes de tubarões, tanto extintos como existentes.

“Felizmente, os dentes de tubarão em nosso estudo indicam um parentesco próximo aos tubarões orectolobiformes vivos, por isso temos deduções razoáveis sobre seus estilos de vida antigos”, disse Eric Gorscak, paleontólogo do Museu Field de História Natural e coautor do novo estudo, ao Gizmodo. “Dentes são geralmente bons indicadores de dieta por razões óbvias. Esses tipos de reconstruções são geralmente mais difíceis com outros animais extintos, como dinossauros não avianos, na medida em que diferem muito significativamente da maioria dos animais vivos análogos.”

Os dentes do Galagadon têm menos de um milímetro de largura e, portanto, poderiam ter sido facilmente ignorados.

“Era tão pequenos que você poderia não perceber se não estivesse olhando com muita atenção”, afirmou Karen Nordquist, química aposentada e voluntária que ajudou a encontrar os dentes no sedimento, em uma declaração. “A olho nu, parece apenas uma pequena protuberância, é preciso ter um microscópio para ter uma boa visão.”

Nordquist ficou impressionada com a forma desses dentes, que a lembravam das naves espaciais no jogo Galaga. Seus colegas gostaram da comparação e decidiram nomear o tubarão em homenagem ao clássico game e à própria Nordquist.

Um conjunto de dentes de Galagadon. Imagem: Terry Gates, Universidade Estadual da Carolina do Norte

O Galagadon e o T. Rex, como essa descoberta sugere, eram contemporâneos. A descoberta de um tubarão de água doce nesta parte do mundo, no entanto, é um desafio ao pensamento convencional sobre o ambiente na Dakota do Sul na época. Pensava-se que Sue vivera e morrera perto de um lago que se formou a partir de um rio em evaporação, mas a presença do Galagadon sugere que a região estava ligada ao mar, provavelmente por um rio, permitindo que os tubarões do mar se movessem para o interior e desenvolvessem uma capacidade de viver em água doce.

“Pode parecer estranho hoje, mas, há cerca de 67 milhões de anos, o que hoje é a Dakota do Sul estava coberto de florestas, pântanos e rios sinuosos”, disse Gates em um comunicado. “O Galagadon não estava se aproximando para capturar T. rex, Tricerátops ou quaisquer outros dinossauros que surgissem em seus riachos. Esse tubarão tinha dentes que eram bons para capturar peixes pequenos ou esmagar caracóis e lagostim.”

A descoberta também é importante porque ajudará os cientistas a “entender a diversidade e a dinâmica potencial dos ecossistemas antigos, especialmente no contexto de dinossauros não avianos, como a mundialmente famosa T. rex Sue”, disse Gorscak. “Os tubarões descritos em nosso artigo ajudam a informar a história evolutiva dos tubarões orectolobiformes modernos, um grupo de tubarões que atualmente vive no sudeste asiático e na Austrália, mas que agora sabemos que tiveram uma maior variedade em seus milhões de anos de história.”

Trabalhos futuros podem lançar mais luz sobre o Galagadon e seu habitat, mas, por enquanto, a descoberta de um tubarão antigo dentro do mesmo sedimento que continha a T. rex Sue parece bastante apropriada.

[Journal of Paleontology]

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