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Depois de ameaçar funcionários por Twitter, Elon Musk é condenado por violar lei trabalhista

Agência federal dos EUA determinou que Musk removesse um tuíte com tom ameaçador e oferecesse emprego de volta a funcionário demitido.

Elon Musk. Maja Hitij (Getty Images)

Crédito: Maja Hitij (Getty Images)

O Conselho Nacional de Relações do Trabalho (NLRB, na sigla em inglês), agência federal dos Estados Unidos responsável por fiscalizar práticas desleais de trabalho, decidiu na quinta-feira (25) que a Tesla violou repetidamente a lei trabalhista dos EUA ao longo dos últimos anos: primeiro, quando a empresa demitiu um sindicalista em 2017, e depois, quando o CEO Elon Musk publicou um tuíte potencialmente ameaçando os funcionários que eles perderiam seus direitos a ações se optassem por se sindicalizar.

Como parte da decisão, o NLRB determinou que Musk removesse o tuíte ofensivo e oferecesse um emprego de volta ao funcionário demitido, Richard Ortiz, nas próximas duas semanas. Paralelamente a isso, a Tesla também foi condenada a pagar Ortiz por “qualquer perda de receita” e “quaisquer consequências fiscais adversas” que resultaram de sua demissão.

Tradução: Nada impede a equipe Tesla em nossa fábrica de se sindicalizar. Poderiam fazer isso amanhã se quisessem. Mas por que pagar taxas sindicais e desistir de opções de ações por nada? Nosso histórico de segurança é 2 vezes melhor do que quando a fábrica era UAW e todos já recebem assistência médica.

Ortiz foi um dos nomes por trás do “Futuro Justo para Tesla”, uma campanha de 2017 que tentou sindicalizar a montadora. Pouco depois de Ortiz começar a fazer lobby por melhores condições de trabalho na Tesla, ele foi despedido sem cerimônia por — entre outras coisas — violar as políticas de confidencialidade da empresa depois que ele e outros funcionários falaram à imprensa sobre as condições de trabalho nas instalações da Tesla. O sindicato United Auto Workers (UAW) então apresentou acusações contra a Tesla naquele mesmo ano.

O tuíte de Musk de 2018, entretanto, atraiu imediatamente críticas do UAW, que entrou com uma queixa separada junto ao NLRB alegando que o post era “uma ameaça aos trabalhadores e uma violação direta da Lei do Trabalho”. Na época, a Tesla rebateu que o tuíte simplesmente refletia o fato de que os membros do sindicato de outras grandes montadoras não recebem opções de ações. Mas, como a ex-presidente do NLRB, Wilma Liebman, apontou em uma entrevista à Bloomberg sobre o caso, os funcionários da Tesla provavelmente viram esse tuíte como um aviso: se eles optarem por sindicalizar seu local de trabalho, perderão suas opções de ações.

Além de remover este tuíte e restabelecer o cargo de Ortiz, o NLRB ordenou que a Tesla revise seu acordo de confidencialidade para refletir a legislação trabalhista nacional, que “protege os funcionários quando eles falam com a mídia sobre as condições de trabalho, disputas trabalhistas ou outros termos e condições de emprego”. Anteriormente, a equipe da Tesla era informada de que não poderia falar com a mídia sem permissão explícita por escrito.

“Esta é uma grande vitória para os trabalhadores que têm a coragem de se levantar e se organizar em um sistema que atualmente está fortemente a favor de empregadores como a Tesla, que não tem receio de violar a lei”, disse a vice-presidente do UAW, Cindy Estrada, em um comunicado.

“Embora celebremos a justiça na decisão de hoje, ela destaca as falhas substanciais na legislação trabalhista dos Estados Unidos”, ela continuou. “Esta é uma empresa que claramente infringiu a lei, mas ainda faltam três anos para que esses trabalhadores alcancem um mínimo de justiça”.

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