Twitter adiciona checagem de fatos em publicações conspiratórias de Donald Trump

O Twitter pela primeira vez incluiu links de verificação de fatos a dois tuítes do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. A medida está relacionada à publicações que aludiam a supostas fraudes de eleitores democratas.
Donald Trump em púlpito
Crédito: Win McNamee/Gizmodo

O Twitter pela primeira vez incluiu links de verificação de fatos a dois tuítes do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. A medida aconteceu nesta terça-feira (26) e está relacionada à publicações que aludiam a supostas fraudes de eleitores democratas.

Com a iniciativa, esses tuítes possuem um link intitulado “get the facts about mail-in balllots” (veja os fatos sobre sobre as cédulas por correio, em tradução livre), que leva a um Moments da plataforma que contém tuítes de jornais, jornalistas e uma verificação feita pela União Americana pelas Liberdades Civis (ACLU).

Por enquanto, parece ser somente essa a iniciativa da plataforma. Nenhum dos outros tuítes de Trump parece ter sido modificado. Embora nenhum de seus tuítes tenha sido apagado, o presidente dos EUA se lançou em uma série de reclamações, alegando que a verificação de fatos no Twitter sobre os tuítes a respeito de fraude eleitoral constituía uma interferência eleitoral deliberada.

Tradução: @Twitter está interferindo nas Eleições Presidenciais de 2020. Eles estão dizendo que a minha afirmação sobre cédulas pelos correios, que irá levar a grande corrupção e fraude, é incorreta, baseada em checagem de fatos pela Fake News CNN e Amazon Washington Post. O Twitter está sufocando completamente a liberdade de expressão e eu, como presidente, não vou permitir que isso aconteça!

O Twitter utilizou checadores internos para criar o Moments, que tem links para reportagens da CNN.

Em um comunicado, um porta-voz do Twitter direcionou ao Gizmodo um anúncio anterior no qual o Chefe de Integridade de Site, Yoel Roth, e o Diretor de Estratégia e Desenvolvimento de Políticas Públicas Globais, Nick Pickles, escrevem que a plataforma estaria adotando uma nova abordagem para desinformação relacionada à pandemia do coronavírus.

Aquele post definiu métricas nas quais os moderadores do Twitter determinam se uma declaração é enganosa, contestada ou não verificada, depois a combinarem com uma classificação de “propensão a danos” para determinar se o tuíte seria rotulado, removido, ignorado ou resultaria em um aviso para o usuário.

Tabela de marcação de conteúdo do TwitterCaptura de tela: Twitter

O Twitter identificou duas categorias em que os tweets podem receber um rótulo: aqueles com “informações enganosas” ou uma “reclamação contestada” com uma propensão moderada para o dano. Esse post também traça um desdobramento que certamente beneficia o presidente, cujas táticas retóricas incluem anedotas muito vagas para serem verificadas ou supostos rumores flutuantes sobre seus adversários. Essas afirmações que são meramente “não verificadas” não resultarão em nenhuma ação, independentemente de sua “propensão para danos”.

O Twitter disse anteriormente que poderia expandir essa rubrica para cobrir outras questões, além da pandemia. Na segunda-feira (25), o porta-voz apontou para as regras da plataforma sobre integridade eleitoral, que proíbe “postar ou compartilhar conteúdo que possa suprimir a participação ou enganar as pessoas sobre quando, onde ou como participar de um processo cívico”.

Em uma declaração ao Washington Post, a porta-voz do Twitter Katie Rosborough disse que os tuítes de Trump “contêm informações potencialmente enganosas sobre os processos de votação e foram rotulados para fornecer contexto adicional em torno das cédulas de correio.”

Até agora, o módulo de verificação de fatos parece ser a única medida que o Twitter tomou para verificar o comportamento de Trump em sua plataforma (além de deletar tuítes de citação ou remover anúncios de campanha que violavam direitos autorais). O Twitter deixou claro que nunca irá banir o presidente dos EUA ou apagar seus tuítes.

Nos últimos anos, a plataforma tem usado diversas justificativas para justificar dar carta branca ao presidente para violar as suas regras: que as publicações são dignas de notícia, que têm “valor de interesse público”, que são “vagos e obscuros”, ou simplesmente que não violam proibições de conduta de ódio por razões que o Twitter não precisa explicar.

Esse módulo de checagem de fatos é um desvio bastante notável dessa política – principalmente porque enfurece diretamente a Trump. Porém, as esperanças de que tais módulos sejam eficazes para mudar as ideias de uma pessoa são baixas. Esse módulo também não faz nada para diminuir o ritmo a que Trump faz propaganda na plataforma, pois não há praticamente nenhuma chance de que ele possa ser desacelerado pela perspectiva do constrangimento. Não há indicação clara de que o Twitter irá mudar suas políticas sobre os outros tuítes do presidente.

“Nós traçamos linhas para certas áreas temáticas, incluindo integridade cívica e votação”, disse um porta-voz do Twitter, Trenton Kennedy, à NPR. “No entanto […] temos trabalhado para expandir as características e políticas de produtos existentes para que possamos lidar mais efetivamente com coisas como esta mais para frente, e esperamos ter essas mudanças em breve.”

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