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Uber estuda usar operadores de frota para não ter que contratar motoristas na Califórnia

Para contornar legislação trabalhista, Uber e Lyft estudam se posicionar como empresa de logística para operadores de frota.

Logo da Uber em uma parede visto de lado, com uma pessoa fora de foco ao fundo.

Foto: Josh Edelson/AFP/Getty

Uber e Lyft ainda buscam maneiras de contornar as tentativas do estado da Califórnia de obrigar que ambas as empresas classifiquem seus motoristas como funcionários em tempo integral. O plano principal neste momento parece ser uma medida que deve ir às urnas para votação geral em novembro. Mas as duas empresas também estudam soluções alternativas, incluindo a medida extrema de licenciar suas marcas para operadores de frota, como um serviço de táxi — a indústria que essas empresas supostamente substituiriam.

O New York Times ouviu fontes familiarizadas com o assunto e relatou na terça-feira (18) que ambas as empresas procuram operar mais como um serviço de transporte executivo na Califórnia, presumivelmente para evitar o pagamento de benefícios aos motoristas.

De acordo com o jornal, o plano seria encaixar Uber e Lyft como plataformas para outras empresas criarem suas próprias frotas de compartilhamento de caronas, um truque inteligente que permitiria que ambas se distanciassem do lado trabalhista de seus negócios e operassem mais como um mero serviço de logística.

Os detalhes de como esse modelo funcionaria não estão claros. Em teoria, operar dessa forma pode permitir que Uber ou Lyft argumentem que são plataformas de software cujos serviços de transporte não são necessariamente essenciais para seus negócios (como têm feito, sem muito sucesso).

A viabilidade desse argumento obviamente dependeria inteiramente dessas incógnitas, principalmente o nível de controle sobre os motoristas que a Uber estaria disposto a ceder sob tal modelo. Um porta-voz da Uber disse ao Gizmodo em um comunicado por e-mail que a empresa “não tem certeza se um modelo de frota seria viável na Califórnia”.

“É semelhante a como o Uber Black operava há uma década, com preços mais altos e menos confiabilidade”, disse o porta-voz. “Em alguns modelos, os motoristas trazem seus próprios carros; em outros, os carros são propriedade da frota. Em ambos os casos, os motoristas provavelmente ganhariam um salário por hora predeterminado por seu tempo no aplicativo, mas, em troca, as frotas precisariam monitorar e fiscalizar a atividade e eficiência dos motoristas, por exemplo, colocando os motoristas em turnos, ditando onde e quando eles deve dirigir e aplicar os critérios de aceitação de viagem.”

Muitos carros do Uber já fazem parte de frotas, principalmente na cidade de Nova York, principalmente pela dificuldade de obter licenças de operação. No Brasil, em empresas de entrega, como o iFood, já existe a figura do operador logístico, empresas menores que contratam motoboys e prestam serviços para o app.

Ambas as empresas ameaçaram fechar temporariamente na Califórnia se forem forçadas a cumprir AB5, embora ambas também estejam apostando no sucesso da Proposta 22, que vai às urnas gerais em novembro. Essa iniciativa permitiria que a empregadores baseados em aplicativos não conceder alguns dos benefícios oferecidos a funcionários em tempo integral.

Quando questionado pelo Gizmodo sobre os planos de licenciamento relatados, um porta-voz da Lyft disse apenas que “modelos alternativos” foram estudados e reafirmou a posição da empresa na Proposta 22.

“Nós olhamos modelos alternativos, e aquele que funcionaria melhor para os motoristas é o que estamos apoiando na medida que vai às urnas gerais — eles permanecem independentes e podem trabalhar quando quiserem, ao mesmo tempo que recebem benefícios adicionais de saúde e uma garantia de ganhos” disse Julie Wood, porta-voz da Lyft, em um comunicado.

Lyft e Uber podem fechar a operação ainda esta semana na Califórnia se forem forçadas a cumprir a AB5, embora não pareça que seja do interesse das companhias. Tal movimento também puniria desproporcionalmente os motoristas que dependem dessas empresas para obter renda em um momento de incerteza econômica sem precedentes — embora, dada a indiferença geral que os empregadores têm demonstrado em relação ao bem-estar de seus trabalhadores humanos, isso não chegaria a surpreender.

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