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Um comum antisséptico pode causar sérios danos ao funcionamento celular

Nós já temos um montão de coisas para nos preocuparmos. Sejam as mudanças climáticas, doenças, cachorros raivosos ou piolhos, a vida é um problema atrás do outro. E aqui vai mais uma coisinha pra lista: virtualmente tudo na sua gaveta de remédios. Desculpa… Mas, calma, porque ainda não há informação o suficiente para saber quão […]

Nós já temos um montão de coisas para nos preocuparmos. Sejam as mudanças climáticas, doenças, cachorros raivosos ou piolhos, a vida é um problema atrás do outro. E aqui vai mais uma coisinha pra lista: virtualmente tudo na sua gaveta de remédios. Desculpa…

Mas, calma, porque ainda não há informação o suficiente para saber quão ruim este químico é e, bem, a vida humana dura só cerca de 80 anos mesmo. Cientistas encontraram um químico antimicrobiano em “loção para as mãos, pasta de dentes, enxagues bucais, soluções nasais, pastilhas para a garganta, desodorantes, esponjas intravaginais e em fórmulas farmacêuticas de multidosagem, como colírios” que potencialmente pode causar efeitos negativos às células humanas.

O químico em questão é o sal quaternário de amônio, ou QUATS. Pesquisadores descobriram as propriedades antissépticas do químico nos anos 1930 e desde então, como costumávamos fazer com químicos no passado, o colocamos em um monte de produtos. A FDA decidiu em 2016 que QUATS vendidos em medicamentos sem prescrição não eram mais seguros. Então pesquisadores decidiram estudar quais efeitos o químico causava em um tipo de célula especifico: a mitocôndria.

E, obviamente, o resultado não foi bom.

Depois de tratar a mitocôndria com QUATS, os pesquisadores notaram que dez dos químicos fizeramm a mitocôndria usar menos oxigênio e produzir menos ATP, a molécula que o corpo usa para energia. Se você se lembrar das suas aulas de biologia, a função literal da mitocôndria é consumir oxigênio e produzir ATP. E os QUATS não fazem só isso, eles também causaram problemas reprodutivos em ratos.

Entretanto o estudo tem alguns poréns: ele foi feito em culturas de células, não em humanos, e com químicos individuais, não com os produtos que fazem uso deles. Cientistas ainda não sabem dizer como estes produtos que usam o químico afetam nossas células. A níveis de tecido, o estudo, publicado na edição de agosto da Environmental Health Perspectives, não sabe dizer quais resultados seriam apresentados. O TOXNET da Biblioteca Nacional de Medicina diz que o cetylpyridinium chloride, o QUATS que os pesquisadores mais exploraram, “toxidade significante é rara depois de exposição a produtos de baixa concentração, tipicamente disponíveis em casa”.

Você já leu “Ruido Branco” de Don Delillo? Eu acabei de terminar. A morte é maior medo do personagem principal, e aí ele é exposto a um químico. Ninguém sabe o que o composto faz (exceto pelo fato de ser tóxico), mas ele surta mesmo assim, sentindo que a vida dele ganhou um prazo de validade.

Enfim, espero que este artigo não cause o mesmo em você, porque cientistas não sabem com certeza os efeitos dos QUATS e nem se o risco de usá-lo é equivalente as bactérias que ele mata. Então, desculpa qualquer coisa. O século 21 é estressante demais.

Imagem de topo: danjo/Flickr

[Environmental Health Perspectives]

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