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Um experimento científico maluco provou uma hipótese evolucionária simples

Cientistas finalmente conseguiram provar uma hipótese antiga: algumas espécies perderam órgãos inúteis para economizar energia.

Você deve considerar seus olhos muito valiosos, mas para o peixe tetra-cego mexicano, estes órgãos eram um peso morto. Em um estudo inédito, cientistas descobriram exatamente quanta energia um animal desses economiza abandonando a visão — neste caso, entre 5% e 15%.

Estas descobertas, publicadas na Science Advances, endossam a antiga hipótese de que o tetra-cego, como muitas outras criaturas que vivem imersas na escuridão, ficaram cegas para economizar energia. Isso parece um achado bastante intuitivo, mas historicamente, a chamada “hipótese do tecido caro” não foi uma coisa fácil de ser provada por biólogos. Para mostrar que um animal poupa recursos, você teria que comparar o uso nos estados anatômicos do animal moderno e do ancestral. Na grande maioria dos casos, isto é simplesmente impossível.

Entretanto, este não é 0 caso do tetra mexicano Astyanax mexicanus: as variantes de superfície da espécie ainda têm olhos funcionais. Para descobrir exatamente o quanto “custa” manter os olhos funcionando, o biólogo Damian Moran e seus colegas coletaram espécimes com e sem visão. Depois, eles –cuidado, vegetarianos, cenas fortes– removeram os globos oculares e os cérebros dos peixes e mantiveram os órgãos vivos no laboratório por meio da imersão deles em fluido cerebrospinal artificial. Os cientistas calcularam o custo de energia da visão medindo exatamente quanto oxigênio a menos era necessário para manter os órgãos visuais dos peixes cegos funcionando.

“Nossas medidas no peixe-cego mexicano mostram que o sistema visual requer entre 5% e 15% do custo de energia total do animal, dependendo da idade do peixe”, Moran afirma. “É um custo extremamente alto! Com a evolução, esta variante da espécie perdeu olhos e córtex visual, sem dúvidas por causa de um custo de energia insustentável para manter um sistema sensorial que agora era insignificante.”

O estudo também serve como um ótimo lembrete de que mesmo com uma coisa parecendo ser “senso comum”, pode ser terrivelmente difícil prová-la cientificamente. Não raramente, você precisa pensar de um jeito meio maluco para conseguir isto — como colocar cérebros e globos oculares em fluido espinal artificial. Mas é por isso que amamos a ciência, não é mesmo?

[Leia o artigo completo na Science Advances. Via Science News]

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