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Um gel inspirado em um organismo unicelular pode criar robôs que se movem como humanos

Pesquisadores dos EUA estão se inspirando em um pequeno organismo para desenvolver meios dos robôs se moverem de maneira mais natural.

Já conseguimos criar robôs eficientes para trabalhos em fábricas e situações de emergência, mas essas máquinas pesadas e grandes sofrem com sérias limitações de movimentação. Mas e se os androides do futuro se mexerem assim como seres humanos?

Pesquisadores da Universidade de Pittsburgh, nos EUA, criaram um polímero em gel que imita o euglena mutabilis, um organismo unicelular que usa energia para mudar sua forma autonomamente e assim conseguir se mover. Esse gel é um sinal de que criações sintéticas também podem se mover da forma como fazem vidas orgânicas, mesmo sem músculos para expandir e contrair.

Isso pode nos levar a uma material que transformaria um desengonçado C3PO em um humanoide perfeito.

O euglena “oferece inspiração para nosso trabalho devido à sua movimentação elegante”, explicou a doutora Anna Balasz, coautora do estudo que foi publicado na Scientific Reports na semana passada.

O polímero em gel pode se tornar uma peça fundamental nos robôs do futuro. Ele não apenas melhora a movimentação, mas também pode deixar as máquinas mais leves ao substituir metais pesados por outros materiais. Esse tipo de gel pode ser o primeiro passo para o desenvolvimento de um material biomimético — aquele criado pelo homem e que tenta imitar características encontradas na natureza.

Para imitar a mobilidade encontrada no euglena, a equipe usou dois polímeros em gel — um que reage à luz e se move autonomamente, e outro que pulsa energia na ausência de estímulos externos. Quando esses dois géis foram combinados, e expostos à luz no lugar certo, eles se moveram. Os pesquisadores conseguiram até fazer eles se moverem em padrões específicos.

Além de inspirar movimentos parecidos com os de humanos, a imitação do euglena pode solucionar outro problema com robôs: o fato deles não conseguirem armazenar a própria energia. O gel pode ajudar no desenvolvimento de robôs que geram a própria energia interna usando propulsão auto-sustentada. Isso ainda pode estar distante, no entanto — o objetivo inicial é a criação de robôs em pequena escala para carregar reações químicas a nível microscópico.

A energia auto-gerada pelo euglena já ganhou bastante atenção no Japão para aplicações que vão além da robótica. Pesquisadores japoneses estão explorando a natureza densa em nutrientes do organismo (ela tem 59 variedades de nutrientes) e seus poderes fotossintéticos, que produzem biocombustível que pode ser usado em jatos.

“Ele colhe luz para permitir seu funcionamento,” explica Balazs. “Em particular, ele contém cloroplastos, e pode usar luz para gerar sua energia. Assim, está entre um animal e uma planta.” Então não apenas ele se move autonomamente como um animal, mas também faz fotossíntese (gerando energia) como uma planta.

Foto de topo: Euglena mutabilis sob um microscópio. Imagem via Wikimedia Commons

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