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Uma abordagem científica sobre o que deixa você mais bêbado: drinques batidos ou mexidos

Alguns bartenders realmente compram uma briga feia quando se trata de drinques. Bater na coqueteleira deixa aguado, segundo eles, mexido é melhor. Nós ficamos pensando – qual é a diferença científica? Será que alguma das maneiras faz com que o líquido flua de um jeito que produz mais calor e, portanto mais água? A dinâmica […]

Alguns bartenders realmente compram uma briga feia quando se trata de drinques. Bater na coqueteleira deixa aguado, segundo eles, mexido é melhor.

Nós ficamos pensando – qual é a diferença científica? Será que alguma das maneiras faz com que o líquido flua de um jeito que produz mais calor e, portanto mais água? A dinâmica dos fluidos dentro das coqueteleiras leva a outros fatores que deixam o seu drinque favorito tão delicioso? Prepare-se para ter sua fé abalada porque chegamos a algumas conclusões que irão mexer com você.

O final de semana chegou, você sobreviveu a mais uma longa semana, e chegou a hora do Happy Hour. A coluna semanal do Gizmodo sobre biritas que é uma dose de inovação, ciência e álcool. “Não, Mr. Bond, eu espero que você beba.”

A pergunta

O que deixa mais bêbado: um coquetel que é batido ou mexido?

A metodologia

Nós já vimos testes subjetivos sobre o debate de batido versus mexido – o Mythbusters confirmou que você pode sentir a diferença pelo sabor. Mas é devido à temperatura, porcentagem de álcool, ou alguma outra coisa? E todos esses pedacinhos de gelo que você vê em um drinque batido – eles fazem diferença?

Nós começando o teste medindo todos os ingredientes por peso, começando com o gelo. Cubos de gelo diferentes têm áreas maiores ou menores e por isso derretem de maneira diferente. Então nós fizemos 14 cubos de gelo idênticos na mesma bandeja, cada um usando exatamente 25 gramas de água.

Para o álcool eu medi 70 gramas de uma vodca terrivelmente barata com 40% de teor alcoólico. Um termômetro digital indicou que a temperatura da vodca seria de 23ºC.

Para calcular o conteúdo das amostras batidas ou misturadas, nós usamos uma balança digital para medir quanto de água a solução ganhou e um hidrômetro de destilação – chamado de alcoômetro – para medir o teste. Esse negócio é bem legal: ele flutua em um recipiente com líquido, com níveis predefinidos correspondentes ao teor alcoólico da solução. Nós testamos a precisão do hidrômetro verificando a água e depois a vodca pura, e ele marcou exatamente 0 e 40%, respectivamente. Excelente.

O experimento

Para criar a solução A, nossa amostra batida, nós colocamos 70 gramas de vodca em uma coqueteleira padrão de metal. Adicionamos de uma vez cinco cubos de gelo de 25 gramas, fechamos a tampa e batemos o drinque por 30 segundos como se a coqueteleira tivesse xingado nossas mães. Nós imediatamente coamos o drinque em um copo seco em temperatura ambiente e inserimos um termômetro digital. Deixamos o drinque de lado, cobrimos e esperamos que ele voltasse para a temperatura ambiente para uma leitura precisa do hidrômetro. Então, colocamos na balança para verificar o peso.

Para criar a solução B, nós repetimos os passos anteriores – 70 gramas de vodca, cinco cubos de gelo de 25 gramas – e então gentilmente, mas cuidadosamente mexemos com uma colher longa por 30 segundos. O drinque foi coado em um copo separado, idêntico ao da mistura anterior, e então foi verificada temperatura, teor alcoólico e peso.

O resultado

– Temperatura: esta foi a primeira diferença dramática. O drinque batido caiu para -1,7 graus Célsius, enquanto o drinque mexido mediu apenas 3,4 graus. Os cubos de gelo não podiam ter deixado a bebida nessa temperatura sem derreter e diluir a solução. Hora da pesagem.

– Peso: Ambas soluções começaram com exatamente 70 gramas de vodca pura. Depois de mexer a bebida com os cubos de gelo, a solução B ganhou 16 gramas de água, chegando a 86 gramas. Isso parece significativo, até que é comparado com o peso da solução batida A: 116 gramas! Ela ganhou impressionantes 46 gramas – mais da metade de seu peso original – da água que veio do gelo.

– Teor alcoólico: Agora, o hidrômetro – o momento da verdade. Uma vez que ambas as soluções atingiram uma temperatura de exatamente 22,4ºC, eu as testei, girando o hidrômetro para eliminar qualquer bolha que ainda estivesse por lá. O drinque mexido havia caído de 40% de teor alcoólico para 30%. Agora, algo importante: a pureza da bebida batida havia caído ainda mais, com o hidrômetro marcando cerca de 23% de teor alcoólico. Em outras palavras, bater apenas gelo e álcool pode cortar a potência de um destilado em quase metade, e dilui 1.75 vezes mais do que simplesmente misturar com uma colher.

Nós comparamos o resultado com a quantidade de peso que os drinques ganharam e isso bate. De acordo com o peso, a solução batida A está agora com 24,1% de teor alcoólico e a solução B está com 32.6%. Em outras palavras, nós estamos dentro de uma margem de erro de 2%, o que não é nada mal.

Eu passei com os copos pelo escritório para um teste subjetivo de sabor e todos concordaram que o drinque mexido tinha um gosto muito mais forte. E olha que esse pessoal conhece bem o gosto de uma pinga vagabunda.

Então eu devo bater ou mexer?

Quem quer economizar normalmente quer mais bebida pelo que gasta, então parece que mexer é a melhor solução. Leitores atentos podem lembrar-se do Happy Hour da semana passada, Lendas da Manguaça, que dizia que drinques diluídos na verdade deixam você bêbado mais rápido do que drinques puros. Mas um copo de Martini vai ter o mesmo tamanho de qualquer maneira. E em bares, o que não cabe no copo é descartado. Um Martini de 120 ml que tem 30% de água simplesmente tem menos vodca que um com 15% de água. Então esqueça o James Bond com aquele mantra de “batido, não mexido”. Ele provavelmente estava indo com calma para poder lutar ou seduzir alguém na cena seguinte.

Mas existe uma ocasião onde você deve bater o drinque. A maioria dos bartenders segue essa regra geral: biritas que levam suco, leite ou claras de ovos devem ser batidas. Bater deixa esses coquetéis aerados de uma maneira agradável, criando um efeito espumoso bacana. É quase como fazer um merengue. Por outro lado, drinques que levam apenas destilados – tais quais Martinis e Manhattans – devem ser mexidos. Um Manhattan mexido é forte, transparente e bonito. Você já viu um Manhattan batido? Parece até esgoto.

Claro, não estamos contando aqui com gosto pessoal. Algumas pessoas irão ignorar estes dados valiosos depois de tanto trabalho duro para obtê-los. Hereges.

Dê uma olhada no próximo final de semana para ver novas variáveis ligadas à nossa equação favorita: Manguaça + Ciência = Happy Hour.

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