Universitários mostram como é fácil usar uma controversa técnica de engenharia genética

A genética dirigida permitiria que cientistas alterem a constituição genética de uma espécie inteira, se sobrepondo à seleção natural durante a reprodução.

A genética dirigida está rapidamente se tornando uma tecnologia bem controversa. Suas possibilidades são ao mesmo tempo espetaculares e alarmantes: ela permitiria que os cientistas alterassem a constituição genética de uma espécie inteira, se sobrepondo à seleção natural durante a reprodução.

Isso pode ser usado para eliminar doenças e proteger habitats naturais, mas também poderia causar problemas se cair em mãos erradas. É por isso que a comunidade científica ficou surpresa com um grupo de universitários que chegou muito perto de realizar genética dirigida como parte de uma competição.

Os alunos da Universidade de Minnesota foram inspirados por um artigo que explicava como a genética dirigida funciona e como realizá-la. Ela tem esse nome por forçar determinados traços selecionados em laboratório nos descendentes de uma espécie, se sobrepondo à seleção natural.

Em tese, isto significa que a genética criada em laboratório da espécie alterada poderia se espalhar, ao longo de várias gerações, por toda uma população se for liberada no meio ambiente.

Reversão dirigida

Os universitários, que estavam competindo no concurso internacional de biologia sintética iGEM, não conseguiram realizar com sucesso a genética dirigida. Na verdade, eles estavam interessados ​​em criar uma “reversão dirigida”, que poderia desfazer os efeitos da genética dirigida em levedura.

Isso significaria primeiro alterar a genética da levedura e, em seguida, criar um antídoto para desfazer isto. O plano dos alunos era remover o gene ADE2 em células de levedura, alterando sua cor de vermelho para rosa e, em seguida, restaurá-las à sua cor original.

Eles obtiveram a sequência genética da levedura a partir de um artigo científico, e enviaram as informações para uma empresa de síntese de DNA, acompanhadas da sequência para a reversão dirigida que eles próprios criaram. Então eles começaram a introduzir a genética dirigida e sua reversão na levedura.

No final, os universitários foram frustrados por equipamentos de laboratório inadequados e pelo tempo escasso. Quando o prazo da competição expirou em outubro, eles mal tinham terminado a primeira fase do projeto.

Mas o projeto chamou a atenção da comunidade, mostrando como seria fácil criar uma tecnologia impactante sem um laboratório requintado nem anos de treinamento avançado.

Neste caso, os universitários tomaram precauções para se certificar de que a sua criação feita em laboratório não se espalharia na natureza. Por exemplo, eles usaram uma linhagem de levedura que tem dificuldade em sobreviver fora de um laboratório.

Mas o título de seu artigo, “Revertendo a genética dirigida: com a levedura, os mosquitos são a menor de nossas preocupações”, também sugere que eles estavam interessados ​​em fazer experimentos de genética dirigida em insetos, não apenas em leveduras coloridas.

“Nós pensamos que seria muito legal, mas imediatamente começamos a pensar em algumas das implicações negativas”, disse um dos estudantes ao STAT News.

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A proposta de um grupo de universitários para um experimento de genética dirigida (Universidade de Minnesota/iGEM)

Controvérsia

Em outras palavras, o experimento era controverso. Desde então, o conselho da competição delineou regras rígidas para os estudantes que desejam testar a tecnologia de genética dirigida – que ainda não está regulamentada, e que atrai críticas mesmo quando é realizada por cientistas renomados.

Na semana passada, na Convenção das Nações Unidas sobre Biodiversidade no México, os governos mundiais rejeitaram os apelos por uma moratória global sobre a genética dirigida. Mas a convenção pediu cautela em testes de campo da biologia sintética, e pediu melhores esforços para avaliar o risco potencial.

O Pentágono disse que a genética dirigida pode ser usada para o bioterrorismo. Até mesmo os pioneiros dessa tecnologia vêm insistindo aos cientistas que os riscos pedem que futuros avanços sejam feitos com extrema cautela e cuidado.

O potencial para acidentes de laboratório verdadeiramente catastróficos é improvável, mesmo que exija precauções. E, em última análise, a crescente acessibilidade das tecnologias de ponta é provavelmente algo bom. Isso significa que há mais mentes contemplando os problemas que afligem nosso mundo, e mais pessoas contribuindo para a pesquisa científica – contanto que possamos manter tudo sob controle.

[STAT News]

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