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USP cultiva amostras do coronavírus para a facilitar o diagnóstico

Pesquisadores do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da USP isolaram o novo coronavírus e conseguiram cultivá-lo. Esse avanço pode agilizar e baratear o processo de identificação de pacientes infectados.

Estrutura do novo coronavírus COVID-19

Imagem: CDC

Pesquisadores do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da USP isolaram o novo coronavírus SARS-CoV-2, que causa o COVID-19, e conseguiram cultivá-lo. Com esse avanço, os cientistas poderão distribuir amostras do vírus cultivado para laboratórios da rede pública e particular que tenham estrutura para fazer testes do tipo PCR em tempo real, agilizando e barateando o processo de identificação de pacientes infectados.

PCR é técnica utilizada em laboratórios para amplificar cópias de DNA ou RNA em tubos de ensaio. De acordo com o Jornal da USP, somente quatro laboratórios da rede pública estão fazendo os testes: Instituto Adolfo Lutz, em São Paulo; Instituto Evandro Chagas, no Pará; Fiocruz, no Rio de Janeiro; e o Laboratório Central de Goiás.

Segundo o Ministério da Saúde, os médicos do Brasil coletam duas amostras de materiais respiratórios (aspiração de vias aéreas ou indução de escarro), que são encaminhadas para o Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen).

Para confirmar a doença é necessário realizar exames de biologia molecular que detecte o RNA viral. O diagnóstico do coronavírus é feito com a coleta de amostra, que está indicada sempre que ocorrer a identificação de caso suspeito.

Neste momento, os casos passam por testes em hospitais estaduais, que enviam o material coletado a esses quatro laboratórios para fazer a contraprova.

“Os laboratórios que vão fazer o diagnóstico precisam de um controle para dizer que o teste funciona, isto é, de uma amostra que dê positivo”, disse Edison Luiz Durigon, professor de Virologia e coordenador do Laboratório BSL3+ do ICB, ao Jornal da USP.

Essa logística, no entanto, é bastante cara. Durigon explica que “enviar o vírus por correio é muito complicado, então o que mandam é um RNA sintético. Só o transporte custa por volta de R$ 12 a 14 mil”.

Esse custo está relacionado com os desafios para preservar as moléculas de RNA – é preciso que o material fique em baixa temperatura.

A ideia dos pesquisadores do ICB é distribuir o vírus cultivado utilizando o mesmo método que adotaram durante a epidemia de zika, entre 2015 e 2016. Naquela ocasião, foi aplicada uma substância capaz de tornar o vírus inativo. Desta maneira, o coronavírus poderá ser transportado em temperatura ambiente.

O vírus cultivado no ICB foi isolado a partir de amostras orais dos dois primeiros pacientes brasileiros diagnosticados com a doença no Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo.

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