Filipinas interrompe programa de vacinação contra a dengue por conexão com mortes

Na sexta (2), autoridades filipinas conectaram pelos menos três mortes a distribuição de Dengvaxia, a primeira vacina contra a dengue do mundo, reporta a Reuters. O fabricante da vacina, Sanofi Pasteur, admitiu em novembro que a Dengvaxia poderia aumentar as chances de grave enfermidade em crianças que não foram infectadas com o vírus da dengue […]

Na sexta (2), autoridades filipinas conectaram pelos menos três mortes a distribuição de Dengvaxia, a primeira vacina contra a dengue do mundo, reporta a Reuters.

O fabricante da vacina, Sanofi Pasteur, admitiu em novembro que a Dengvaxia poderia aumentar as chances de grave enfermidade em crianças que não foram infectadas com o vírus da dengue anteriormente. Mais de 800 mil crianças receberam a vacina, e um conselho formado por especialistas para investigar as 14 mortes concluiu que pelo menos três delas foram causadas por “associação casual” com o antiviral, como explica a Reuters:

Foi descoberto que três casos possuíam associação casual. As vítimas morreram de dengue apesar de terem recebido a Dengvaxia. Duas delas podem ter morrido por falha do antivírus. A vacina já falhou em algumas crianças. A Dengvaxia ainda não está pronta para vacinações em massa e precisaria de mais três ou cinco anos para observar e monitorar se ela pode causar outras reações adversas.

A Sanofi nega que as mortes estão conectadas, e o conselho de especialistas recomenda que mais estudo seja feito graças a dificuldade de verificar as conexões. Em um comunicado a Reuters, a Sanofi escreveu que “Simpatizamos com todas as famílias que sofreram com a perda de uma criança. A missão da Sanofi Pasteur é reduzir e eliminar o sofrimento de milhões por todo o mundo por meio de vacinas, incluindo as Filipinas”.

De acordo com a BBC, preocupações sobre a Dengvaxia progrediram para preocupações injustificadas sobre vacinas como aquelas para poliomielite, catapora e tétano, todas as quais são comprovadamente seguras. O Philippine Star reportou que um grupo de “doutores, acadêmicos, cientistas e ativista” pede ao Departamento de Justiça do país que pare com as autopsias das crianças mortas pela suposta ligação com a Dengvaxia, dizendo que as descobertas mostram que os riscos são muito baixos:

Depois da divulgação das descobertas, um grupo que inclui a ex-secretária de saúde Esperanza Cabral e a especialista em vacinas Lulu Bravo disse [que a Defensoria Pública] não deveria mais efetuar autopsias porque “não faz sentido para nenhuma das famílias ser submetida a tortura de ter um de seus entes queridos exumados e cortados apenas para descobrir que nenhuma informação útil foi adquirira durante esse ato cruel”.

Em um comunicado conjunto, o grupo pede “ao Departamento de Justiça que ordene a Defensoria Pública a interromper as autopsias nas crianças e deixar o trabalho de determinar a causa das mortes aos patologistas forenses competentes”.

Autoridades da saúde nas Filipinas reconheceram que o programa de imunização em massa poderia ter sido atrasado até que testes de segurança da Dengvaxia fossem concluídos, o que alertaria os médicos a não vacinar indivíduos que não tiveram contato prévio com o vírus. Mas é fácil entender porque eles estavam ansiosos para iniciar o programa: a endemia de dengue causa cerca de 200 mil infecções anualmente no país.

Mais de 400 milhões de pessoas todos os anos são infectadas com dengue, de acordo com o Centros de Controle e Prevenção de Doenças. Mais de 500 mil casos evoluem para a dengue hemorrágica, que mata cerca de 25 mil pessoas por ano. Não há outro método preventivo além do extermínio do mosquito ou impedir que eles piquem humanos. A doença costumava ser contida a um punhado de países, mas tem se espalhado por mais de 100 nações, de acordo com a Organização Mundial de Saúde, e pesquisas recentes indicam que ela pode chegar a Europa graças as mudanças climáticas.

Décadas de pesquisa provam que as vacinas são seguras e efetivas, mas possuem uma pequena chance de causarem efeitos colaterais. Quando vacinas são aprovadas, as autoridades da saúde geralmente garantem que os benefícios são muito maiores que os efeitos colaterais, e repetidos estudos mostram que reações sérias causadas por vacinas são muito raras. No entanto, ativistas antivacinas que se recusam a aceitar o consenso cientifico sobre a segurança dos antivirais têm aumentado cada vez mais nos últimos anos, graças em parte as mídias sociais, além de estarem conectados em surtos de doenças controláveis.

[Reuters]

Imagem de topo: AP

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