O que se sabe sobre a Sputnik V, vacina russa que promete imunizar contra COVID-19

A Rússia anunciou o registro da primeira vacina para prevenção de COVID-19. Chamada de Sputnik V, ela deve começar a ser aplicada em trabalhadores da saúde e professores ainda este mês e para a população em geral até o fim do ano, segundo Mikhail Murashko, ministro da saúde do país. O anúncio foi feito pelo […]
Imagem microscópica do SARS-CoV-2
Imagem microscópica do SARS-CoV-2. Crédito: CDC

A Rússia anunciou o registro da primeira vacina para prevenção de COVID-19. Chamada de Sputnik V, ela deve começar a ser aplicada em trabalhadores da saúde e professores ainda este mês e para a população em geral até o fim do ano, segundo Mikhail Murashko, ministro da saúde do país. O anúncio foi feito pelo presidente da Rússia, Vladimir Putin.

Apesar de ter sido aprovada pelas autoridades do país, nem todos os testes em relação à eficácia e à segurança da vacina foram concluídos. Também não houve a divulgação de nenhum estudo com dados clínicos, o que levanta preocupações e questionamentos.

A Sputnik V teve um desenvolvimento bem apressado. Como lembra a BBC, os primeiros testes começaram em junho, meses depois das candidatas de outros países, e ainda não foram conduzidos os testes da chamada fase 3, a última antes da aprovação.

Além disso, não houve a divulgação de dados clínicos ou evidências das duas primeiras fases de testes conduzidas pelo Centro Nacional de Investigação de Epidemiologia e Microbiologia, também conhecido como Instituto Gamaleya de Moscou, responsável pelo desenvolvimento da vacina.

Toda vacina passa por três fases de testes clínicos para ser aprovada. Nos dois primeiros, ela é testada em pequenos grupos para verificar efeitos colaterais e resposta do sistema imunológico.

Se aprovada nessas duas fases, ela segue para a fase 3, que envolve um número muito maior de pacientes e a comparação com o uso de um placebo para verificar se a proteção imunológica foi mesmo eficaz. Por envolver mais pessoas, outros efeitos colaterais e questões de segurança também são verificados também nesta fase.

A Food and Drug Administration (FDA) dos EUA, órgão com atribuições equivalentes às da Anvisa no Brasil, diz que serão necessários resultados pelo menos 50% melhores em relação ao placebo para aprovar uma vacina contra o coronavírus.

De acordo com o rastreador de vacinas do coronavírus da Organização Mundial da Saúde (OMS), apenas seis candidatas estão nessa fase — entre elas, a da Universidade de Oxford, que deve ser testada e produzida no Brasil, e a da empresa chinesa SinoVac, a ser produzida no Brasil pelo Instituto Butantan. A Sputnik V não consta nessa lista.

A OMS disse nessa terça (11) que a Rússia não precisa de seu aval para aprovar uma vacina, mas, está em contato com autoridades do país para revisar os dados do Instituto Gamaleya. Na semana passada, a organização alertou que vacinas não devem ser administradas sem passarem pelas fases protocolares de testes clínicos.

Existe o temor de que os protocolos tenham sido deixados de lado para a Rússia pudesse conquistar o título de primeiro país a desenvolver uma vacina contra o novo coronavírus, um feito que serviria como propaganda. O nome escolhido, aliás, lembra o Sputnik-1, primeiro satélite artificial colocado em órbita pela humanidade no contexto da corrida espacial da Guerra Fria.

Segundo o New York Times, a mídia estatal russa vem promovendo a ideia de que o país lidera a corrida pela vacina. Ao Guardian, Kirill Dmitriev, chefe do fundo soberano da Rússia, disse que o país já fechou acordos internacionais para entregar 500 milhões de doses da vacina, e há pedidos de outros 20 para mais 1 bilhão de doses.

Também houve acusações dos governos dos EUA, do Canadá e do Reino Unido de que hackers bancados pelo governo russo estariam tentando roubar informações sobre o desenvolvimento de vacinas nesses países.

A Sputnik V só vai passar pelos testes de fase 3 nos próximos meses, ao mesmo tempo em que é produzida em massa. De acordo com informações de agências russas, os testes seriam realizados no próprio país e também na Arábia Saudita, nos Emirados Árabes Unidos, no México e no Brasil.

Por aqui, o Governo do Paraná anunciou um acordo com a Rússia para conduzir os testes no Brasil e produzir futuramente a vacina no Instituto Tecnológico do Paraná (Tecpar). O experimento, porém, ainda precisa da liberação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A expectativa é que ela só esteja disponível, se tudo correr bem, no segundo semestre de 2021.

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