
Vai ter erupção? Vulcão zumbi da Bolívia passa por tomografia sísmica
Pesquisadores da China, Reino Unido e EUA descobriram o que está deformando o vulcão zumbi Uturuncu, na Bolívia. A resposta é o acúmulo de fluido — e não o magma — como se imaginava. As descobertas estão disponíveis na revista PNAS.
O vulcão nas profundezas dos Andes Centrais é conhecido como “zumbi” porque entrou em erupção pela última vez há 250 mil anos, mas ainda apresenta sinais de atividade. Entre elas, terremotos frequentes e emissões de gases, por exemplo, como ocorreu em abril deste ano.
A união de sismologia, modelos baseados em física e análise da composição das rochas identificou as causas das agitações e reduziu as preocupações sobre erupções iminentes. De acordo com a pesquisa, a agitação cria um padrão de deformação único, em que a terra no centro do sistema vulcânico sobe enquanto a área circundante afunda.
Afinal, o que causa a agitação do vulcão zumbi Uturuncu, na Bolívia?
O estudo utilizou sinais de mais de 1.700 eventos sísmicos para gerar imagens de alta resolução do sistema de encanamento na crosta superficial sob Uturuncu. Eles descobriram que a agitação “zumbi” se deve ao movimento de líquido e gás sob a cratera, com baixa probabilidade de erupção.
Para compreender melhor, os sistemas de encanamento vulcânicos misturam fluidos e gases em reservatórios magmáticos e sistemas hidrotermais. Uturuncu está acima do maior corpo de magma na crosta terrestre, o Complexo Vulcânico Altiplano-Puna, e um sistema hidrotermal ativo conecta esse corpo à superfície.
Com imagens do interior do vulcão obtidas por tomografia sísmica, foi descoberto que ondas sísmicas viajam em velocidades diferentes através de diferentes materiais. Isso explica o funcionamento interno do vulcão.
A análise das propriedades físicas do sistema, incluindo a composição da rocha, também ajudou a identificar possíveis rotas de migração ascendente de fluidos aquecidos geotermicamente e como líquidos e gases se acumulam em reservatórios abaixo da cratera do vulcão. A equipe acredita que esta seja a causa mais provável para deformação no centro do sistema vulcânico, cujo risco de erupção é baixo.
Os cientistas esperam que, futuramente, estudos semelhantes sirvam para visualizar a anatomia de outros sistemas vulcânicos.