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Vértebra de 1,5 milhão de anos achada em Israel sugere migração em ondas

O osso Vale do Jordão, em Israel, pertence a um ancestral humano que tinha entre 6 e 12 anos quando morreu. Saiba como o achado pode reescrever a história

Vértebra Israel

Imagem: Dr. Omry Barzilai, Israel Antiquities Authority/Reprodução

Evidências sugerem que a evolução humana começou na África há seis milhões de anos. Mas foi só nos últimos dois milhões de anos que os antigos hominídeos começaram a migrar e se espalhar pela Eurásia. 

Apesar da existência dessas informações, há ainda uma dúvida que intriga os pesquisadores: esse movimento aconteceu de uma só vez ou em momentos distintos? Uma vértebra encontrada em 1966 no Vale do Jordão, em Israel, e mantida em uma coleção de pesquisa da Universidade Hebraica de Jerusalém pode ajudar a solucionar a questão. 

O osso de 1,5 milhão de anos pertence a uma criança do sexo masculino que faleceu quando tinha entre 6 e 12 anos. O iten foi encontrado no sítio arqueológico de Ubeidiya, um dos mais antigos do continente, onde já foram desenterrados artefatos de pedra e fósseis de mamutes, tigres dente-de-sabre e búfalos gigantes.

Mas é a possível altura da criança que traz a maior novidade. De acordo com os pesquisadores, a vértebra encontrada em Israel indica que esta criança, caso tivesse atingido a idade adulta, poderia ter superado os 180 centímetros, assemelhando-se em tamanho a outros hominídeos encontrados na África Oriental.

Por outro lado, fósseis de 1,8 milhão de anos encontrados em Dmanisi, na República da Geórgia, sugerem que aqueles que vieram da África e habitavam esta outra região eram relativamente pequenos. 

A comparação entre os achados de Ubeidiya e Dmanisi sugere que os hominídeos, que evoluíram de forma diferente, saíram da África em momentos distintos e por razões diversas. A análise completa foi publicada na revista científica Scientific Reports.

Cada grupo tinha suas características. Enquanto o povo de Ubeidiya produzia ferramentas mais complexas de pedra, aqueles que viviam em Dmanisi criavam artefatos mais simples. É possível observar até mesmo preferências ambientais diferentes, já que Ubeidiya possuía clima similar ao do mediterrâneo, enquanto Dmanisi lembrava uma savana.

“Parece então que, no período conhecido como Pleistoceno Inferior, podemos identificar pelo menos duas espécies de humanos primitivos fora da África. Cada onda migratória era de diferentes tipos de humanos – em aparência e forma, técnica e tradição de fabricação de ferramentas de pedra e nicho ecológico em que viviam”, explicou Alon Barash, autor do estudo e pesquisador da Universidade Bar-Ilan (Israel), em nota.

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