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Vírus da dengue e zika tornam humanos mais cheirosos para os mosquitos

Um novo estudo mostrou que quem está infectado exala mais acetofenona, tipo de composto que torna o alvo mais atrativo para o Aedes aegypti. Ao se alimentar do humano "mais cheiroso", o inseto saudável contrai o vírus - espalhando as doenças

Vírus dengue

Imagem: James Gathany/Flickr/Reprodução

Se você já jogou o game Plague Inc, sabe que o principal objetivo de um vírus é se replicar o máximo possível, atingindo novos hospedeiros sem necessariamente matá-los. O Sars-CoV-2 faz isso de forma fácil, já que circula no ar, enquanto vírus como os da dengue e zika precisam do Aedes aegypti. Mas, como esses últimos podem otimizar suas estratégias para atingir mais pessoas? 

De acordo com pesquisadores da Universidade de Tsinghua, na China, esses vírus garantem seu sucesso mudando o cheiro dos humanos. Em resumo, eles tornam nosso odor mais atrativo para os insetos. Isso significa que, quando o mosquito pode escolher entre alguém saudável e alguém contaminado, ele costuma preferir picar quem está doente.

Ao se alimentar do sangue de alguém com dengue ou zika, um inseto saudável contrai o vírus causador da doença. O vírus, então, viaja de carona com o mosquito — pulando para outro hospedeiro quando o A. aegypti se alimentar de novo. Tá aí um mecanismo sofisticado de espalhamento.

Os cientistas fizeram testes em laboratório com camundongos para confirmar a hipótese. Foram usadas três gaiolas interconectadas. Uma delas foi canalizada com ar de roedores infectados pelo vírus zika, enquanto a outra recebia o odor de animais saudáveis. Os mosquitos eram colocados na terceira gaiola e deviam escolher para qual lado correr. 

Ao final, 70% dos mosquitos voaram para o lado com odor de camundongos infectados pelo zika. O mesmo ocorreu quando os animais foram infectados pelo vírus da dengue. 

Para entender o que estava motivando os insetos, os cientistas separaram pacientes saudáveis de pacientes com dengue e limparam suas axilas com material absorvente. Depois, apresentaram o conteúdo para os mosquitos, que novamente optaram pelo cheiro dos infectados. 

A resposta parece estar em uma molécula conhecida como acetofenona. Roedores doentes exalavam cerca de 10 vezes mais do composto do que animais não infectados. O mesmo ocorreu com pessoas infectadas. 

De acordo com os cientistas, bactérias que habitam a pele são a principal fonte de acetofenona. Esses microrganismos, por sua vez, são controlados pela proteína RELMa, que impede a proliferação. No entanto, os cientistas perceberam que os camundongos infectados pelo vírus da dengue ou zika produziam menos RELMa, o que parece causar a mudança do cheiro.

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