De olho no combate às fake news, WhatsApp vai limitar uso do recurso encaminhar

Recentemente, o Facebook anunciou que apagaria da plataforma notícias falsas que motivam violência no mundo real. No dia seguinte, na última quinta-feira (19), foi a vez de o WhatsApp anunciar uma mudança para tentar reduzir o compartilhamento desenfreado de conteúdos. • WhatsApp vai oferecer bolsas de estudo a quem se dedicar a entender funcionamento de […]

Recentemente, o Facebook anunciou que apagaria da plataforma notícias falsas que motivam violência no mundo real. No dia seguinte, na última quinta-feira (19), foi a vez de o WhatsApp anunciar uma mudança para tentar reduzir o compartilhamento desenfreado de conteúdos.

WhatsApp vai oferecer bolsas de estudo a quem se dedicar a entender funcionamento de fake news
Facebook é cada vez menos usado como meio de informação, e quem agradece é o WhatsApp

Na prática, o aplicativo de mensagens informa que vai limitar o uso do recurso encaminhar. Apesar de não dar muitos detalhes, o anúncio só vai um pouco mais além ao citar a Índia, onde usuários vão poder compartilhar conteúdos com até cinco pessoas de uma vez. Depois de ultrapassar esse limite, será desativada a funcionalidade. Ao Recode, o WhatsApp afirmou que a regra geral permitirá que sejam compartilhados conteúdos com até 20 pessoas de uma vez. Antes, o limite era 250.

No blog post em que cita a mudança, o WhatsApp não traz em nenhum momento termos como “fake news”, notícias falsas ou mesmo rumores. No entanto, se considerarmos os fatos recentes, essas mudanças têm como objetivo tentar sanar a disseminação de notícias falsas na plataforma.

O caso mais emblemático é o da Índia. A própria rede informa que os usuários compartilham mais menagens, fotos e vídeos com outras pessoas do que qualquer outro país do mundo. Conforme noticia o New York Times, desde abril, 24 pessoas já foram assassinadas no país em decorrência do compartilhamento de rumores — geralmente, boa parte das vítimas fatais foi alvo de linchamento público por supostamente serem sequestradoras de crianças.

É importante lembrar que no Brasil tivemos um caso parecido há uns tempos, que ocorreu no Facebook. Em 2014, uma mulher foi linchada publicamente no Guarujá (SP) depois de rumores na rede social darem conta de que ela estaria sequestrando crianças para rituais de magia negra. Era tudo mentira.

Como sabemos, o WhatsApp é praticamente uma caixa preta por causa do uso de criptografia. Então, a plataforma tem apresentado algumas iniciativas que visam limitar ou tirar o incentivo do compartilhamento desenfreado. Primeiro, foi começar a notificar que a mensagem foi encaminhada, e, mais recentemente, noticiamos um teste da rede que iria exibir se um link compartilhado é suspeito.

O desafio do WhatsApp em coibir notícias falsas é muito mais complexo que o do Facebook, pois, por não conseguir analisar conteúdo, a rede só tem metadados (informações de horário e com que número você conversou) das troca de mensagens. Talvez a solução demore, pois uma das alternativas é investir em alfabetização midiática — fazer com que as pessoas tenham critérios minimamente críticos antes de compartilhar algo.

De qualquer jeito, por ora, a rede tem agido e deveremos saber nos próximos meses como essas medidas devem afetar mercados em que muito conteúdo é compartilhado (como a Índia) ou mesmo as eleições deste ano no Brasil. Com limitação de compartilhamento, os spammers vão ter de achar outras formas automatizadas para enviar mensagens de políticos.

Imagem do topo: Pixabay

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