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Com uma série de problemas, Xiaomi estaria considerando deixar o Brasil

Não faz nem um ano que a Xiaomi começou a vender seus produtos no Brasil e ela já pode estar de saída.

Não faz nem um ano que a Xiaomi começou a vender seus produtos no Brasil e ela já pode estar de saída. De acordo com o Manual do Usuário, a chinesa vem enfrentando uma série de problemas e cogita deixar o país – o que pode acontecer nos próximos meses.

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Emily Canto Nunes e Rodrigo Ghedin falaram um pouco sobre a situação atual da Xiaomi no Brasil. Ao desembarcar no país, a ideia inicial era reproduzir o modelo de negócios usado na China e na Índia, em que as vendas aconteciam apenas pelo site da empresa e em datas específicas.

Não deu certo. A Xiaomi aos poucos abandonou o plano e chegou a inclusive disponibilizar o Redmi 2 e o Redmi 2 Pro em operadoras – eles fizeram um evento para anunciar a parceria com a Vivo, inclusive. Hoje em dia dá para encontrar os dispositivos em lojas tradicionais de varejo online.

O Redmi 2 foi lançado em julho do ano passado por R$ 499, um preço bastante agressivo para um bom smartphone. Mas as coisas não saíram como o planejado e as vendas estão bem baixas – uma fonte disse ao Manual do Usuário que 10 mil smartphones são vendidos todos os meses pela chinesa, enquanto dados do IDC mostram que em 2015 a média de smartphones vendidos no Brasil foi de 3,9 milhões por mês.

No momento, a Xiaomi teria um estoque enorme de smartphones Redmi 2 e a fabricação de novas unidades está suspensa.

Mas não é apenas a baixa participação no mercado que está fazendo a Xiaomi considerar a saída do Brasil. A empresa enfrenta problemas também com a Anatel, que não homologou a Mi Power Bank até o momento. A bateria externa da Xiaomi não está mais sendo vendida no Brasil, e também passou por problemas com a Receita Federal: lotes do produto foram barrados por estarem classificados incorretamente no processo de importação, o que rendeu uma multa à empresa.

Enquanto define seu futuro no país, a Xiaomi estaria inclusive com as operações administrativas em marcha lenta: funcionários comparecem esporadicamente ao escritório da empresa, e muitos buscam um novo emprego.

Ao Manual do Usuário, a empresa negou a possibilidade de deixar o país:

“A informação não procede. Estamos inclusive expandindo os canais através dos quais vendemos nossos produtos, vide as parcerias com Walmart, CNOVA, Webfones, etc.”

A Xiaomi chegou fazendo barulho, mas aparentemente não teve o impacto que desejava no mercado brasileiro. Se a empresa realmente decidir por deixar o Brasil, ela deve fazer uma queima de estoque dos seus produtos.

Caso permaneça, ela não deve mais apostar em produtos fabricados por aqui – com o fim da isenção fiscal na Lei do Bem, os incentivos para a produção local não são mais tão vantajosos como pareciam no passado.

[Manual do Usuário]

[ATUALIZAÇÃO – 06/05 às 17h55]

A Xiaomi se pronunciou sobre a reportagem do Manual do Usuário e voltou a negar a possibilidade de deixar o país no momento. Abaixo alguns trechos da nota emitida pela empresa (colocamos apenas os pontos em que a Xiaomi rebate o que publicamos em nosso texto original – a matéria do Manual do Usuário entrou em outros detalhes que deixamos de fora):

Em esclarecimento à matéria “Xiaomi enfrenta dificuldades no Brasil e cogita sair do país”, publicada no Manual do Usuário no dia 06/05/2016, a Xiaomi, exercendo seu direito de resposta, reforça a informação de que os produtos do portfolio são montados no Brasil quando e se a fabricação se justificar frente à importação e que não estamos encerrando nossas operações no Brasil. Essas foram as únicas verificações feitas pelo Manual do Usuário junto à Xiaomi antes da publicação da matéria.

(…)

* Nosso modelo de vendas, em todos os mercados que operamos, se inicia com Eventos de Vendas com data e hora marcadas e evolui para vendas regulares online assim que somos capazes de gerenciar a demanda. Uma rápida pesquisa nas nossas maiores operações (China e Índia por exemplo) mostra que vendemos principalmente fora de eventos de vendas, com parceiros de ecommerce e com operadoras também. No Brasil, uma das implementações que fizemos foi a opção de pagamento por boleto, a pedido de nossos consumidores.

*É absolutamente improcedente a alegação de que o carregador portátil Mi Power Bank tenha apresentado problemas, quer seja na Anatel, quer seja na Receita Federal. O produto jamais apresentou qualquer falha em testes como as levianamente alegadas e tampouco a Xiaomi foi multada por quaisquer irregularidades. O site Manual do Usuário não conseguiu confirmar a informação destas fontes porque elas não procedem. Nos causa estranheza que ainda assim tenham decidido por divulgar essa informação incorreta, não verificada e que pode trazer preocupações infundadas aos consumidores, como confirmado pelo IBRACE (Instituto Brasileiro de Certificação, Organismo de Certificação Designado pela ANATEL):

“O OCD IBRACE notifica que a informação da matéria “Xiaomi enfrenta dificuldades no Brasil e cogita sair do país” não procede quanto à realização dos ensaios e as condições de Homologação da Mi Power Bank ou modelo NDY-02-AD.
Acessórios de Celular do tipo Bateria Auxiliar ou Baterias de Lítio são submetidas aos testes da Resolução 481, as quais permitem o uso de Certificados provisórios de quatro meses, não tendo nenhuma relação com as condições de teste.
Os testes deste processo não tiveram nenhum vazamento ou quaisquer intercorrências conforme podem verificar nos Certificados e Relatórios em anexo.”

Viviane Aparecida Arnoni Martins- IBRACE

A Xiaomi esclarece que o certificado encaminhado pelo IBRACE é público e pode ser verificado no site da ANATEL .

(…)

* Quanto à também inverídica alegação de que a Xiaomi teria sido multada por classificação incorreta no processo de importação, esclarecemos que o processo citado se refere a uma análise de compensação de tributos federais que passou por averiguação quanto à sua validade, tendo seu mérito reconhecido e arquivado, conforme descrito no próprio documento. Esse processo não tem qualquer relação com importação de produtos, que é realizada diretamente por empresas especializadas ou parceiros varejistas.

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