Xiaomi se desculpa pela confusão nas vendas e discute seu futuro no Brasil

Hugo Barra comentou o contato direto com os fãs, quais produtos podem dar as caras no Brasil e como a gigante chinesa pretende dominar o mercado.

Hugo Barra, vice-presidente internacional da Xiaomi, chamou a imprensa para um encontro depois de um conturbado primeiro dia de vendas nessa terça-feira (7). Ele comentou o contato direto com os fãs, quais produtos podem dar as caras no Brasil e como a gigante chinesa pretende dominar o mercado com produtos de qualidade e preços agressivos.

Para comprar o smartphone da Xiaomi, é preciso efetuar um cadastro, e depois acessar o site em uma data específica — nessa terça, apenas quem se cadastrou até a noite de segunda poderia efetuar a compra do aparelho.

A primeira rodada de vendas, nas palavras de Barra, resultou em “um dia maluco”, mas de muito sucesso. Como explicamos anteriormente, o site de vendas não suportou a alta demanda e caiu. O problema aparentemente foi solucionado em alguns minutos, mas irritou muita gente.

Barra não divulga a quantidade de aparelhos vendidos no primeiro dia: é uma regra da empresa não mostrar números para não gerar expectativas incorretas. “Há uma chance de a gente errar feio para baixo, e isso cria uma condição de objetivos que a empresa não quer ter”, explica. Sabemos apenas que mais de 8 mil pessoas se inscreveram.

A venda continuará sendo feita com cadastro e data marcada, explica ele, pois o primeiro lote é importado. “Não temos capacidade de fazer uma venda aberta com esse lote”, diz Barra, mas promete que a situação mudará assim que a empresa estiver com estoque o suficiente para isso.

Fãs

Após os problemas do primeiro dia de vendas, Barra gravou um vídeo para agradecer e se desculpar pessoalmente aos fãs. Sentado no chão, ele agradece ao “dia histórico” para a companhia. Ele jura que o vídeo não foi uma jogada de marketing: “ninguém se importaria em fazer. Fazem uma postagem corporativa e só”, diz o vice-presidente.

E é nisso que a Xiaomi mais impressiona. Não são só os preços agressivos que conquistam, mas também o contato direto e pessoal que a empresa procura construir com seus fãs e consumidores. “Eu nunca tirei tanta foto na minha vida”, conta Barra sobre a imensa fila que se formou para tirar selfies com ele após o evento de lançamento da Xiaomi — o evento lotou os 800 lugares do Theatro NET e precisou ter uma segunda sessão.

O vice-presidente lê com frequência os fóruns da Xiaomi e até participa de grupos do WhatsApp da marca. “O grau de dependência da empresa com a comunidade é muito grande”, diz.

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Preço baixo

Hugo Barra explicou como o preço do Redmi 2 consegue ser tão baixo — a partir de R$ 499 durante o lançamento. Um dos principais motivos é por ser vendido diretamente pelo site da empresa, dispensando parcerias com operadoras e varejistas. Há apenas um acordo com a B2W Digital, que é “responsável pela venda e entrega de produtos Xiaomi” (ela também opera a loja oficial da Motorola).

Fazendo as vendas por conta própria, a Xiaomi consegue eliminar comissões para o varejo, fornecedores e operadoras (que pode chegar a até 30% do valor final do produto). No entanto, Barra não descarta que a estratégia possa mudar no futuro e que vejamos alguns celulares da Xiaomi sendo vendidos nas lojas.

O vice-presidente explicou que eles também não gastam valores astronômicos com marketing e publicidade, focando em ações mais simples e contínuas nas redes sociais — cujo engajamento, Barra ressalta, não depende de investimentos. “A gente não gasta quase nada boosting no Facebook”, diz. “É realmente muito orgânico e o engajamento é muito alto. Então a gente não precisa ficar gastando dinheiro.”

Outra razão que faz o custo dos aparelhos da Xiaomi serem tão baixos é a produção e o tempo de vida. Barra explica que a empresa não lança dezenas de celulares por ano, e prefere focar numa média de quatro modelos (dois da família Mi e dois da família Note). Assim, a empresa consegue se concentrar mais em cada aparelho, fazendo com que eles permaneçam no mercado por mais de um ano, atingindo vendas que ultrapassam a casa dos dez milhões de unidades.

É por conta dessa estimativa de vendas alta que o valor da produção de cada aparelho cai: “comprar 10 ou 20 milhões de processadores é muito mais barato que comprar apenas um milhão”, explica Barra. Cabe lembrar que a Xiaomi é a terceira maior cliente da Qualcomm.

Lançamentos

Xiaomi Redmi 2

“O foco é um modelo de cada vez”, responde Barra quando questionado sobre os lançamentos que chegarão ao Brasil. “A gente vai trabalhar bastante o Redmi 2”, diz o vice-presidente: é preciso, primeiramente, que todo mundo conheça muito bem o produto lançado para depois partir para o próximo.

“Ainda não sabemos qual será o próximo, mas existem alguns candidatos que ainda não foram nem mesmo lançados”, diz. Vale notar que outro smartphone da Xiaomi, o Redmi Note, já foi homologado pela Anatel.

Mas não é só de celular que vive a Xiaomi: a gigante chinesa fornece de tudo um pouco, tendo em seu portfólio tablets, monitores de atividade e câmeras de ação, como a Yi — câmera que Barra não pretende trazer ao Brasil, não nesta versão. “A Yi já tem quase 6 meses. Eu quero esperar a segunda versão para trazê-la ao Brasil”, conta. E ele promete que ela será vendida com a mesma filosofia da empresa, ou seja, produtos de qualidade com preços agressivos. A Yi é uma câmera de ação de US$ 69 equivalente à primeira versão da GoPro Hero.

Futuro

Assim como o próximo aparelho a ser lançado no Brasil, Barra conta que a Xiaomi ainda não faz ideia de qual será o próximo país a receber os dispositivos de baixo custo. Existem vários candidatos óbvios, como Tailândia e Vietnã, mas a empresa ainda não entrou por uma razão muito simples: idioma. “São países razoavelmente impenetráveis porque o idioma é diferente, o alfabeto é diferente e pouquíssima gente fala inglês”, diz o vice-presidente. “É muito difícil eu chegar lá e fazer um evento em inglês porque ninguém vai entender”.

Quanto à América Latina, Barra explica que ainda não existe um plano: sabe-se apenas que a operação se dará do escritório de São Paulo, e que a marca provavelmente se instalará no México e Colômbia em breve. “O pessoal que a gente contrata já tem alguma experiência com a América Latina e fala espanhol. Estamos prontos para iniciar a operação”, diz.

Ele conta também que Rússia e Espanha possuem grandes fãs da MIUI, instalando o sistema operacional da Xiaomi em celulares de outras marcas — tornando ambos potenciais países que podem vir a receber os aparelhos da marca no futuro.

Barra ainda não diz exatamente quando a Mi Band e o Mi Power Bank estarão à venda – será “em breve”. O próximo evento de vendas do Redmi 2 ocorre na próxima terça-feira (14) e, mais uma vez, é necessário fazer o registro no site antes da data da compra.

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