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Mark Zuckerberg defende Facebook dizendo que a rede faz mais bem que mal

Os escândalos recentes do Facebook incluíram o compartilhamento de dados com terceiros, como a Cambridge Analytica, várias violações de segurança de grande repercussão, e abuso contínuo de suas plataformas para a disseminação de desinformação e propaganda durante as eleições. Outras coisas piores podem ser incluídas neste balaio, como a lentidão da empresa ao responder a […]

Marcio Jose Sanchez/AP

Os escândalos recentes do Facebook incluíram o compartilhamento de dados com terceiros, como a Cambridge Analytica, várias violações de segurança de grande repercussão, e abuso contínuo de suas plataformas para a disseminação de desinformação e propaganda durante as eleições. Outras coisas piores podem ser incluídas neste balaio, como a lentidão da empresa ao responder a relatos de que o Facebook teve participação no genocídio de Myanmar, ou ainda de como as ferramentas de propaganda poderiam facilmente ser utilizadas para propósitos de discriminação.

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A companhia passou por um outro problema na última semana quando o New York Times publicou uma reportagem dizendo que o Facebook discutiu apagar um post de Trump em que ele pedia o banimento de muçulmanos do país, mas não o fez temendo a reação de políticos republicamos; tentou suprimir evidências da participação russa nas eleições dos EUA, e contratou uma empresa chamada Definers para plantar notícias contra concorrentes.

Como a bagunça da Cambridge Analytica, isso parece que foi o suficiente para o Facebook enviar seu CEO para a TV, no caso a CNN, para dar o lado da história da companhia. Em uma entrevista para a CNN na terça-feira, o CEO do Facebook disse que considera injusta o tipo de cobertura feita pela mídia sobre sua empresa:

“Um monte de críticas sobre os grandes problemas foi justa, mas acho que, se formos realistas, existe uma visão maior, de que temos uma visão de mundo diferente de algumas pessoas que cobrem a nossa empresa”, disse Zuckerberg para a repórter Laurie Segall, da CNN Business, em entrevista em Menlo Park, a sede do Facebook na Califórnia (EUA).

“Houve grandes problemas, e eu não estou tentando dizer que eles não existiram”, disse. “Mas eu acho que às vezes, pelo tipo de abordagem, pode se achar que aquilo é tudo, e não penso que isso é certo.”

Especificamente, ele sugeriu que a história do New York Times era falsa:

“Não está claro para mim se a reportagem está correta”, disse. “Um monte de fatos que estão na reportagem nós já tínhamos falado anteriormente com repórteres e dissemos a eles tudo que tínhamos visto e que era mentira, mesmo assim eles resolveram publicar.”

O chefão do Facebook também informou que manteve a decisão de deixar no ar o post em que Trump exigia o banimento de muçulmanos dizendo à CNN que “acho que é importante as pessoas terem a oportunidade de ouvir o que os líderes políticos estão dizendo”. Além disso, falou que as políticas internas dão “uma deferência especial” para posts de cunho noticioso.

Como o Wall Street Journal reportou recentemente, a portas fechadas, Zuckerberg tem sido mais agressivo ao se referir à matéria do New York Times como “besteira” e dizendo que os vazamentos foram resultado de uma “moral baixa” na empresa por causa do escrutínio midiático que o Facebook vem sofrendo. O WSJ informa que Zuckerberg havia repreendido Sheryl Sandberg pela forma como ela lidou com a Cambridge Analytica e por não ter revisado “conteúdos problemáticos” no site. No entanto, ele disse que está bem satisfeito com o desempenho dela nos últimos meses. Paralelo a tudo isso, o pessoal da comunicação parece ter ficado com raiva de Sandberg, pois ela jogou a responsabilidade pela contratação da Definers para eles:

O comentário de Sandberg em particular deixou muita gente da equipe de comunicação brava, de acordo com pessoas envolvidas no assunto, pois ela acompanhou e gerenciou de perto a estratégia de mídia do Facebook, em alguns momentos se envolvendo até na mudança de palavras. Em uma sessão de perguntas e respostas na última sexta-feira, Sandberg assumiu toda a responsabilidade pelas ações da equipe de comunicação.

Na entrevista à CNN, Zuckerberg negou que ele tinha planos de deixar o cargo de presidente do conselho de diretores do Facebook, e também disse que espera que ele e Sandberg “trabalhem pelas próximas décadas”. Na ocasião, o cofundador da rede fez uma defesa de sua companhia falando que “haverá problemas que eles precisarão resolver com o passar do tempo, mas que, ao fazer isso, não podemos nos esquecer de todas as coisas positivas que estão acontecendo aqui.”

Em outras palavras, você pode confiar em Mark Zuckerberg ou você pode confiar no New York Times. Enquanto você pensa em quem confiar, talvez seja bom se lembrar que uma dessas escolhas envolve manter uma empresa multibilionária, cujas ações caíram bastante nos últimos dias. Enquanto do outro lado, tem um jornal de 167 anos e que já ganhou 125 Pulitzer, um dos maiores prêmios de excelência em jornalismo dos Estados Unidos. Ah, e tem ainda a defesa de Zuckerberg dizendo que ele não sabia da contratação da Definers, uma empresa que trabalhava para atingir competidores do Facebook, até ver no New York Times sobre a atuação dessa companhia.

Como nota a CNN, o NYT manteve sua reportagem dizendo que foi feita com base em entrevistas “com mais de 50 fontes, incluindo executivos que trabalharam e que trabalharam na companhia, além de outros funcionários, legisladores, oficiais do governo, lobistas e membros do congresso dos EUA.”

[CNN]

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