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O aquecimento global pode deixar chocolates mais saborosos

A extinção de espécies, o derretimento de calotas polares, as drásticas mudanças climáticas e o aumento do nível do mar são, de fato, alarmantes consequências do aquecimento global, mas uma nova descoberta pode ser um importante argumento para aqueles que não acreditam no fenômeno: de acordo com um novo estudo, tempo quente e seco pode […]

A extinção de espécies, o derretimento de calotas polares, as drásticas mudanças climáticas e o aumento do nível do mar são, de fato, alarmantes consequências do aquecimento global, mas uma nova descoberta pode ser um importante argumento para aqueles que não acreditam no fenômeno: de acordo com um novo estudo, tempo quente e seco pode fazer muito bem aos grãos de cacau, deixando chocolates ainda mais saborosos.

A princípio, os pesquisadores da Universidade de Gotinga, na Alemanha, buscavam determinar se diferentes métodos de plantio alteravam o sabor final do chocolate. Os grãos de cacau crescem próximos do equador, em trópicos úmidos de diferentes condições ambientais, dependendo da região, estação do ano e tipo de sistema de produção — agrossilvicultura ou monoculturalismo.

Agrossilvicultura é o método que planta outras espécies de folhagens ao redor das árvores de cacau. Elas providenciam um clima mais ameno, sombreamento e, consequentemente, um ambiente menos “estressante” para as árvores. Monoculturalismo, por sua vez, faz o contrário. É plantada uma grande quantidade de árvores em uma mesma área. Isso expõe a árvore a um ambiente estressante, o que gera mais — estes contra-atacam danos e podem alterar o sabor e qualidade do produto final, como explica um comunicado da American Chemical Society (ACS).

O estudo avaliou cinco fazendas de cacau na Bolívia que utilizavam um dos dois métodos citados e com condições climáticas iguais. Os pesquisadores mensuraram os fenóis (sabor), gordura e antioxidantes das amostras colhidas.

O resultado não mostrou mudanças significantes: os grãos de cacau analisados não possuíam diferenças químicas consideráveis em suas composições, independente do sistema de plantio utilizado.

Entretanto, a pesquisa determinou que a quantidade de compostos fenóis, gorduras e antioxidantes modificavam de maneira suficiente para alterar o sabor do cacau quando a temperatura do ambiente elevava e a umidade do solo diminuía. Neste caso, o aumento de antioxidantes e fenóis e a diminuição da gordura nos grãos — consequentes da elevada temperatura e solo seco –são fatores que podem contribuir na variedade do sabor do cacau.

Talvez ainda seja muito cedo (e egoísta) considerar isso como um ponto positivo do aquecimento global, mas, como aponta a OxFam, a Bolívia é uma região de extremo risco das consequências de mudanças climáticas devido ao seu clima equatorial, pobreza e biodiversidade.

[Food&Wine, ACS, Modern Farmer]

Imagem de topo: Marco Verch/Flickr

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