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Diplomata diz que EUA podem rever compartilhamento de inteligência se Brasil tiver 5G da Huawei

Tivemos mais um embate de declarações de autoridades americanas sobre o uso no Brasil de tecnologia de 5G de empresas chinesas, como a Huawei. Robert L. Strayer, vice-secretário assistente de Estado dos EUA para comunicações internacionais e cibernéticas, disse que parcerias de inteligência entre o país norte-americano e o Brasil podem ser revistas caso haja […]

Antena de rede de internet móvel

Imagem: Getty

Tivemos mais um embate de declarações de autoridades americanas sobre o uso no Brasil de tecnologia de 5G de empresas chinesas, como a Huawei. Robert L. Strayer, vice-secretário assistente de Estado dos EUA para comunicações internacionais e cibernéticas, disse que parcerias de inteligência entre o país norte-americano e o Brasil podem ser revistas caso haja a adoção de tecnologia chinesa no 5G por aqui.

A afirmação foi dada em uma entrevista à Folha de S.Paulo publicada no sábado (31). Segundo ele, os EUA querem proteger essas informações de inteligência de governos e do setor privado. Por isso, as parcerias podem ser revistas caso um país use tecnologia que os EUA consideram não confiável.

“Se essa informação é transmitida por canais que usam fornecedores não confiáveis no 5G, isso causa vulnerabilidades, e pessoas nas quais não confiamos podem se aproveitar”, disse à Folha, o vice-secretário.

Quando questionado sobre a existência de indícios ou provas do fato de o 5G, Strayer recorreu à legislação chinesa e ao histórico das empresas para explicar a posição dos EUA. “Devido à lei de inteligência nacional da China e do fato de que as empresas são geralmente controladas pelo Partido Comunista, para nós empresas e governo chinês são a mesma coisa”, afirmou o diplomata. Ele também disse que houve “roubo sistemático de propriedade intelectual” por parte da China durante “muitos anos”.

Não é a primeira vez que se tem notícia dos EUA pressionarem países para não usarem tecnologias chinesas de 5G. Também não é a primeira vez que usam o compartilhamento de informações de inteligência como argumento para tentarem convencer aliados. Vale lembrar que os EUA e a China estão em uma guerra comercial desde o ano passado.

Em março, o Wall Street Journal noticiou que o embaixador dos EUA na Alemanha enviou uma carta ao ministro da Economia do país europeu dizendo o compartilhamento de inteligência seria reduzido se a Huawei fosse autorizada a participar de redes 5G.

A discussão sobre a participação de empresas chinesas no 5G brasileiro vem se tornando mais frequente nos últimos meses. Em maio, o vice-presidente da República, Hamilton Mourão, disse em entrevista ao jornal Valor Econômico que o Brasil não vai vetar a presença da Huawei no 5G. Na ocasião, ele também revelou que o presidente dos EUA, Donald Trump, alertou sobre a empresa chinesa em um encontro com o presidente Jair Bolsonaro.

A pressão parece não ser a única medida para barrar a expansão da Huawei no 5G. De acordo com o Notícias da TV, mudanças na regulamentação da TV paga e das telecomunicações, pensadas para facilitar a conclusão da fusão de AT&T e Time Warner, também poderiam permitir que a operadora norte-americana AT&T pudesse comprar a brasileira Oi e barrar a compra de tecnologia chinesa no Brasil.

[Folha de S.Paulo, Notícias da TV]

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