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Facebook decide remover compartilhamento de notícias na Austrália

Além do Google, que ameaça remover o buscador do país, agora é o Facebook que bloqueia um de seus principais recursos para os australianos.

Brendan Smialowski (Getty Images)

Brendan Smialowski (Getty Images)

Autoridades da Austrália continuam insistindo em leis para forçar o Facebook a pagar sites de jornalismo pelo direito de colocar links para suas matérias. E agora a rede social fez seu contra-ataque: impediu que os usuários do país compartilhem ou vejam artigos na plataforma.

Na última quarta-feira (17), o Facebook explicou em um post que, em sua opinião, a proposta de lei da Austrália “interpreta mal a relação entre nossa plataforma e os editores que a usam para compartilhar conteúdo de notícias”. A origem do mal-entendido? Os legisladores australianos acham que o Facebook não se importa com notícias publicadas diretamente no serviço.

De acordo com o comunicado, as notícias respondem por “menos de 4% do conteúdo” que as pessoas visualizam no feed do Facebook, e a lei que exige pagamentos aos editores “visa penalizar o Facebook por conteúdo que não pediu autorização” para ser publicado.

Para a companhia de Mark Zuckerberg, são os editores que deveriam ser gratos pelas “aproximadamente 5,1 bilhões de referências gratuitas” que o Facebook direcionou no ano passado — um serviço que a rede social estima “em um valor de 407 milhões de dólares australianos”.

A legislação proposta pelo governo da Austrália ainda está em processo de avaliação — em parte porque Facebook e Google estiveram em discussões diretas com autoridades nas últimas semanas. A decisão dos legisladores foi a de que ambas as empresas engoliram a receita de anúncios que teria ido para jornais e agências de notícias. Além disso, há o entendimento de que o público passou a confiar nessas plataformas como portais de notícias, e não somente como serviços ou redes sociais. A resistência do Google à legislação atraiu mais atenção pois a companhia ameaçou encerrar suas atividades na Austrália.

No entanto, o Google parece ter voltado atrás. A empresa anunciou ter feito um acordo com seu inimigo de longa data, Rupert Murdoch, garantindo ao editor do Wall Street Journal, do New York Post e outros veículos de comunicação “pagamentos significativos” pelo direito de compartilhar suas notícias. No início deste mês, o Google também fez acordos com pelo menos sete dos principais jornais da Austrália para incluir seu conteúdo na plataforma de notícias.

É impossível dizer se é bom ou ruim o Facebook proibir o compartilhamento de conteúdo de notícias na Austrália. Tal como acontece com todas as coisas relacionadas à empresa de Zuckerberg, as consequências não intencionais são inevitáveis. É provável que a perda do Facebook como recurso de notícias incentive os usuários a sair de sua bolha e procurar notícias em outro lugar.

Mas as consequências no mundo real que se seguiram ao compartilhamento generalizado de desinformação no Facebook podem ter tornado o conteúdo de notícias menos desejável para os executivos da empresa. E agora, aparentemente, vamos ter a chance de ver como é a plataforma social sem nenhum tipo de notícia.

A Austrália tem uma população de 26 milhões de pessoas, enquanto o Facebook tem cerca de 1,85 bilhão de usuários ativos diários em todo o mundo. Lamento que os australianos tenham de ser as cobaias deste experimento, mas parece que esse vai ser o cenário de testes para descobrir quais serão os efeitos do Facebook não ter notícias no feed principal.

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