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[Hands-on] Microsoft HoloLens: um começo surpreendente para um mundo de hologramas

O HoloLens é um headset que permite ver objetos e ambientes virtuais como se existissem no mundo real. É uma das experiências mais incríveis que eu já tive.

Acabei de colocar os novos óculos holográficos da Microsoft no meu rosto. É uma das experiências mais incríveis e tentadoras que eu já tive com uma tecnologia: o HoloLens é um headset que permite ver objetos e ambientes virtuais como se existissem no mundo real.

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Eu quebrei uma parede da vida real com uma pá de Minecraft, e encontrei veios de minério precioso lá dentro. Eu instalei um interruptor de luz no mundo real em menos de seis minutos, seguindo as instruções via Skype de um cara chamado Joe, que desenhou círculos em torno dos conectores de torção e busca-polo – as ferramentas de que eu precisava para não levar um choque. Eu pisei na superfície de Marte sem nunca sair do escritório, ajudando um cientista fantasmagórico da NASA a atribuir tarefas para o Mars Rover.

Como tudo isso foi possível? Eu não sei. A Microsoft ainda não disse em detalhes como essa tecnologia funciona (mas eu tenho meus palpites). A empresa apenas levou um grupo gigante de jornalistas para as profundezas de sua sede em Redmond, colocou um headset na cabeça de cada um, e mostrou como ele pode ser incrível. Ah, e eles pegaram todas as nossas câmeras e celulares, então não pudemos tirar fotos; as imagens aqui são da própria Microsoft.

Por que o HoloLens parece tão incrível? Não é porque eu podia ver um mundo virtual, como no Oculus Rift. Não é porque eu ainda podia ver ao meu redor e não tropeçar nas coisas, como no Google Glass. É porque a Microsoft encontrou uma maneira de mesclar realidade e gráficos de computador.

Em Marte

Andando por um corredor estreito no porão do Edifício 92, eu fui conduzido a uma sala pequena. Sentei-me em uma cadeira para que eles pudessem colocar uma unidade de processamento gigante ao redor do meu pescoço, e colocar delicadamente o protótipo HoloLens na minha cabeça. O protótipo é frágil por enquanto, tanto que não fomos autorizados a tocá-lo – só a unidade de processamento no pescoço.

Um funcionário da Microsoft ajustou esse dispositivo no meu pescoço, apertando um controle giratório na extremidade traseira, enquanto outro funcionário digitou minha distância interpupilar em um PC conectado. A Microsoft diz que a versão final vai medir automaticamente a distância entre seus olhos, mas os protótipos não têm esse recurso ainda.

E então eu passei a olhar a superfície de Marte. Ou um pedaço estreito do planeta, pelo menos. Não é como o Oculus Rift, onde você está totalmente imerso em um mundo virtual em praticamente qualquer lugar que você olhe. O campo de visão do HoloLens, por enquanto, é bem pequeno! De início, eu não fiquei impressionado.

Mas foi aí que percebi: eu não estava apenas olhando para alguma representação fantasmagórica e transparente de Marte sobreposta à minha visão. Eu estava em pé em uma sala cheia de objetos, e com pôsteres cobrindo as paredes. De alguma forma, sem bloquear a minha visão, o HoloLens estava fazendo com que esses objetos ficassem quase totalmente invisíveis.

Algumas coisas muito brilhantes na sala – a alça de prata de um jarro, se bem me lembro – refletia luz o bastante e continuava visível. Fora isso, eu estava em Marte. Para todo lugar que eu virava minha cabeça, eu via um feixe estreito da superfície do planeta.

O HoloLens também consegue manter alguns objetos visíveis. No caso, era um computador real, que estava lá comigo na superfície de Marte. Um representante da Microsoft pediu para eu dar uma olhada na tela. “Nada do que você está vendo aqui foi retocado por um artista”, explicou ele: a paisagem ao meu redor foi gerada diretamente a partir de imagens reais e dados de telemetria que o Mars Rover enviou de volta à Terra.

Mas o HoloLens não é apenas uma experiência passiva, e oferece a você um pouco de controle. Eu podia mover a minha cabeça pela paisagem marciana para destacar objetos, e depois definir pontos de interesse para o rover (ou pontos para disparar o laser ChemCam) com um movimento do meu dedo indicador. Os pontos que surgiam à minha frente também apareciam na tela do computador.

E eu podia fazer isso em colaboração com outra pessoa: na metade da demonstração, um avatar fantasmagórico de um cientista real da NASA apareceu para me mostrar como aumentar o zoom em um terreno distante e destacar pontos para exploração futura.

Instruções via Skype

Depois, fui levado para outra sala, para falar com o Joe via Skype. Aparentemente, Joe é um amigo meu, que se ofereceu para me ajudar a brincar de eletricista amador, instalando um interruptor de luz real em uma parede de verdade. Comparado a Marte, isto foi uma demonstração bem simples de realidade aumentada: Joe apenas apontou para os objetos e desenhou alguns diagramas para eu não me perder – mas era tudo bastante prático.

Agora que eu tive a experiência de instalar um interruptor de luz em apenas seis minutos, com um assistente pessoal me orientando a cada passo, imagino que esse poderia ser o futuro de fazer pequenos consertos na casa. Quem sabe no carro, também?

Criando (e destruindo) objetos

Eu não cheguei a usar o HoloStudio para construir o meu próprio quadcóptero feito em impressão 3D, como no evento do Windows 10. Neste caso, a Microsoft apenas acomodou os jornalistas em cadeiras confortáveis para ver outra pessoa fazendo esse trabalho.

E eu suspeito que isso é por causa de um dos pontos fracos atuais do HoloLens: ainda não há uma boa maneira de alcançar e tocar objetos. É muito impressionante como você pode construir objetos 3D apenas apontando a cabeça para o que você quer selecionar e sacudir um dedo, mas eu fiquei cansado só de ver o nosso demonstrador tendo que mover constantemente a cabeça para selecionar peças e movê-las. Isso deve cansar rápido.

Mas foi muito legal vê-lo apenas dizer “Copiar” ao selecionar uma roda de um caminhão vermelho, juntamente a uma ferramenta “imã”: isso imediatamente gerava cópias da roda, que automaticamente se prendiam aos eixos do caminhão.

E foi sensacional jogar Minecraft – ou melhor, o clone de Minecraft que a Microsoft chama de “Holobuilder” – com objetos do mundo real. Imagine se suas paredes e superfícies fossem feitas de blocos de Minecraft. O que aconteceria se você as quebrasse?

Eu abri um buraco em uma mesa que permitiu ver através dela: lá embaixo, havia um subterrâneo cavernoso com um poço de lava gigante. Eu arrebentei uma parede da vida real e descobri uma caverna do outro lado. Como os óculos da Microsoft tornam invisível essa parte da parede, enganando minha visão para me deixar ver a caverna, ela parecia surpreendentemente real.

Um trabalho em andamento

Pelo menos, tão real quanto o protótipo da Microsoft permitia. Dizer que este é um trabalho em andamento seria um eufemismo. A versão final do HoloLens deve ser leve, pequena e livre de fios; a versão que eu experimentei envolve colocar uma unidade de processamento ao redor do pescoço, que estava conectado a um fio que ia ao teto e, em seguida, a um PC próximo.

O protótipo é um pouco pesado na frente, tem um campo de visão bem estreito, e circuitos expostos por todo canto. Eu vi pelo menos quatro câmeras, um laser, e que parecia ser telêmetros de ultrassom, que medem a distância entre você e os objetos.

Só que mesmo o protótipo já parecia mágica. A mistura do real e virtual é tão convincente quanto eu esperava. Agora é acompanhar de perto como o projeto HoloLens vai se desenvolver.

Imagens via Microsoft

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