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Por que o próximo lançamento do foguete da SpaceX é importante para todo o negócio espacial

Desde a sua concepção, a SpaceX tem trabalhado no desenvolvimento de foguetes reutilizáveis e hoje a empresa colocará o conceito à prova

Desde a sua concepção, a SpaceX tem trabalhado no desenvolvimento de foguetes reutilizáveis. Do ponto de vista orçamentário, a iniciativa faz muito sentido: não ter que pagar dezenas de milhões de dólares para construir um propulsor de primeira fase todas as vezes que você for realizar um lançamento é econômico, e tornaria os lançamentos muito mais fáceis também.

Nesta quinta-feira (30), a SpaceX finalmente testará o envio e pouso de um foguete Falcon 9 que já foi utilizado em abril do ano passado para enviar um cápsula para a Estação Espacial Internacional (ISS).

• A SpaceX conseguiu pousar um foguete em uma plataforma no mar
• A aterrissagem deste foguete da SpaceX é simplesmente divina

Se a SpaceX tiver sucesso, será a primeira vez que um foguete reutilizável prova-se possível.

“Se alguém descobrir como reutilizar efetivamente os foguetes, assim como aviões, o custo do acesso ao espaço será reduzido drasticamente. Um veículo completamente reutilizável nunca foi feito antes. Esse é um avanço fundamental e necessário para revolucionar o acesso ao espaço”, diz Musk no site da SpaceX.

Desde dezembro de 2015, a companhia conseguiu pousar com sucesso os primeiros estágios do Falcon 9 em oito missões separadas. Primeiro no solo e depois, num feito mais desafiador, numa base no oceano.

A companhia cobra cerca de US$ 60 milhões para transportar uma carga, mas no caso do lançamento desta semana, a SpaceX deu à SES, operadora europeia de satélites de telecomunicações, um grande desconto pela utilização de um foguete recondicionado, de acordo com uma reportagem da Spaceflight Now. Se tudo sair como planejado, sem nenhum atraso, incidentes ou explosões, o Falcon 9 irá colocar o satélite de comunicações SES-10 em órbita no final desta semana.

O reaproveitamento faz muito sentido – então por que demorou tanto tempo para a indústria aeroespacial alcançar isso? Para ser justo, a empresa aerospacial de Jeff Bezos, a Blue Origin, lançou e pousou com sucesso seu foguete New Shepard em cinco ocasiões diferentes em menos de um ano – mas todos foram voos suborbitais. Vale notar também que o Space Shuttle da NASA, com seus impulsionadores de foguetes idênticos, também eram um veículo de lançamento reutilizável. Ainda assim, ninguém – e há muito mais companhias nesta mercado do que havia quando SpaceX foi fundada em 2002 – conseguiu realizar uma missão orbital com um foguete reutilizável e que pousa na vertical.

“No lançamento nesta semana, o que está sendo reutilizado é o primeiro estágio. Quando nós falamos de ‘foguetes reutilizáveis’, no final das contas, o que a indústria está construindo vai na direção de um foguete completamente reutilizável: reutilizaríamos o primeiro estágio, o segundo estágio, etc. Mas é no primeiro estágio que estão as peças maiores e mais caras”, conta Bobby Braun, reitor da Faculdade de Engenharia e Ciência Aplicada da Universidade do Colorado em Boulder, ao Gizmodo.

Reutilizar foguetes pode levar a lançamentos mais baratos para satélites comerciais e parceiros governamentais – a SpaceX indicou dar descontos de até 30% para seus clientes que utilizarem essa modalidade. E, se vamos mandar muitos humanos para viver em Marte, como pretende Elon Musk, precisamos de sistemas muito mais baratos para o lançamento.

“Se uma empresa como a SpaceX, Blue Origin ou NASA ou a força aérea consegue reduzir o custo de lançamento, isso traz uma grande implicação em todo o negócio espacial. O lançamento é emocionante por si mesmo, e acho que toda a comunidade espacial está torcendo para que a SpaceX tenha sucesso, não apenas pelos seus méritos, mas porque isso pode impactar toda a economia”, disse Braun.

No geral, as coisas parecem ótimas para o grande lançamento. Na segunda-feira, a SpaceX conduziu um teste bem sucedido com fogo estático do propulsor do Falcon 9 no bloco 39A do Kennedy Space Center da NASA na Flórida. Braun se sente otimista, também.

“Acho que as chances de sucesso são muito boas. Acho que são iguais as da primeira utilização de qualquer sistema. O voo espacial é uma proposição de risco… Então você coloca um primeiro estágio reutilizado por meio do mesmo processo que faria com um primeiro estágio totalmente novo. E se passar no teste, está qualificado para o voo espacial”.

A janela de lançamento começa nesta quinta-feira, às 7h do horário de Brasília e termina às 9h30.

Imagem do topo: SpaceX via Flickr

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