EA Sports UFC 2: jogo não vence por nocaute, mas ganha por pontos
por Bruno Izidro
Transformar as lutas vistas no UFC em videogame sempre se mostrou um grande problema para as produtoras. A fama da marca e seus eventos em octógonos têm um potencial enorme para ser um sucesso, mas desde os tempos da série Undisputed, da finada THQ, nenhum game conseguiu se destacar, mesmo com o apelo de todos os lutadores profissionais presentes em versões digitais.
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Aí, em 2014, a EA pegou a licença da marca e lançou EA Sports UFC direto para os consoles da atual geração. O jogo é lindo e consegue transmitir bem o clima de espetáculo das lutas, mas com comandos complicados e uma curva de aprendizagem ridiculamente alta, ele acabou sendo mais conhecido por seus bugs bizarros e engraçados.
Ainda assim, a EA insiste na franquia (afinal, ter a licença da marca UFC não deve ter sido nada barato) e acaba de lançar EA Sports UFC 2 pra PS4 e Xbox One, um jogo que em muitos aspectos é melhor que o anterior, traz novidades interessantes, mas ainda está bem longe de ser o jogo definitivo de MMA.
1º Round
Logo de cara o que dá pra perceber é que UFC 2 consegue ser mais bonito que o primeiro game, com uma fidelidade visual dos lutadores realmente impressionante. A continuação é desenvolvida na mesma engine do anterior, a EA Ignite, mas esses dois anos separando os games fez com que a empresa soubesse recriar mais perfeitamente os lutadores, principalmente com as caras amassadas e cheia de sangue depois das lutas.
O game também continua fiel em passar todo o espetáculo que o evento de MMA proporciona. O show na apresentação dos lutadores, o famoso “It’s Time” do apresentador Bruce Buffer, o octógono ficando sujo de sangue durante a luta. Tá tudo aqui. Se dependesse só desse aspecto, UFC 2 seria espetacular, uma vitória por nocaute para todos os amantes das lutas de MMA, mas é na parte jogo é que as coisas se complicam.
Talvez seja porque fazer uma jogabailidade de luta que mistura vários estilos seja mais complicado, mas tudo em UFC 2 é burocrático e sistemático demais na hora de jogar. Talvez seja também porque MMA se pode lutar de duas maneiras: em pé, com chutes e socos normais, ou no agarrão, no chão. Então, essa combinação de mecânicas muitas vezes parece entranha e complicada. A EA ainda ouviu o feedback de jogadores do game anterior e facilitou muitas coisas. Os comandos de defesa estão mais fáceis e intuitivos de serem feitos e a luta no chão, que antes era uma confusão só, agora é facilitada com indicações do que se fazer na tela.
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Essas melhorias nos controles dos personagens fazem com que você pegue a manha do jogo mais rápido. Leva um tempinho e muitas lutas perdidas por finalização, mas pega. Ainda assim, é uma barreira bem alta e logo no início que se tem que passar pra começar a aproveitar melhor o jogo.
2º Round
Depois dessa primeira rodada em que tanto se bate quanto se apanha, UFC 2 mostra o seu melhor gancho de direita com ótimos modos de jogo. Aqui o game oferece uma variedade muito bem vinda e possibilita aproveitar ele de várias formas, desde o tradicional modo carreira ao super útil modo desafios de habilidades, que faz você se acostumar melhor com os controles. Porém, os destaques mesmo ficam para duas novidades desta versão.
O primeiro é o modo nocaute, que como a própria descrição no game diz, é “diversão para se esparramar no sofá”. Ele consiste em uma luta rápida e direta, sem limite de tempo e que acaba no primeiro a dar um nocaute, afinal sabemos que são essas finalizações matadoras que são os momentos que todos esperamos de uma luta, quase como um gol no futebol. E nada melhor pra demonstrar esse modo do que um embate entre a lenda Bruce Lee (personagem especial no jogo) contra o atual campeão do peso pena: Conor McGregor.
Já a segunda e certamente a maior novidade em UFC 2 é o Ultimate Team. Sim, a EA importou o popular modo com cartas de Fifa pra cá, mas, claro, com adaptações. Como no modo carreira, aqui é possível criar um lutador do zero, escolhendo desde aparência, estilo de luta (Boxe ou Kickboxing são para lutar em pé; no Judô ou Jiu Jitsu o lutador é mais forte na luta no chão e por aí vai) e a categoria em que vai competir, indo desde o peso palha feminino até o peso pesado masculino.
O grande lance no Ultimate Team são as cartas e no UFC elas funcionam como modificadores para o seu lutador. Pense nelas como as cartas de Titanfall, onde um buster pode conter novos golpes ou finalizações que serão permanentes ou vantagens que são consumíveis por apenas uma luta, como fortalecimento das pernas ou melhorar a condição física.
A sacada aí está que esses busters de cartas são comprados tanto por dinheiro ganhado dentro do jogo, conforme se ganha lutas ou aumenta de nível, ou com dinheiro real. No total, é possível ter até cinco lutadores de uma vez no Ultimate Team. Quanto as lutas em si, é possível tanto jogar online com outros competidores ou off-line, onde você enfrenta bonecos criados por outros jogadores, mas controlados pela IA, assim é possível seguir o caminho da glória no ranking do UFC e quem sabe se tornar campeã do peso galo, como aconteceu com a minha lutadora.
Decisão por pontos
Dá pra perceber que no soar do gongo, UFC 2 continua sendo um jogo regular assim como foi o primeiro, mas com algumas melhorias e vantagens que chamam mais a atenção, o que faz ele ganhar só nos pontos. O grande problema é que há dois pré-requisitos quase indispensáveis para se curtir ele: ser fã de UFC e gostar de jogos de luta.
Aqueles seus amigos que vão para o bar todo sábado à noite assistir aos confrontos na TV, com certeza vão querer replicar o que assistem também no game, mas se eles não tiverem paciência e um mínimo de interação com jogos em geral, podem acabar se decepcionando com lutas tão chatas e maçantes quanto os confrontos que abrem os cards dos eventos.
Por fim, uma vantagem para jogadores de Xbox One é que EA Sports 2 pode ser testado de graça, por dez horas, pra quem é assinante do serviço EA Access (que não está disponível no PS4), o que já é tempo suficiente para você sentir a pegada do jogo.