Google, WhatsApp e outras apoiam Apple em disputa com FBI sobre criptografia

A Apple prometeu lutar contra a decisão até o último recurso, e recebeu apoio de várias entidades e empresas de tecnologia.

Um caso judicial nos EUA promete impactar a criptografia ao redor do mundo. Uma juíza ordenou que a Apple ajude o FBI em uma investigação, mudando o software de um iPhone bloqueado para realizar nele um ataque de força bruta.

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A Apple prometeu lutar contra a decisão até o último recurso, e recebeu apoio de várias entidades e empresas de tecnologia.

>>> Por que a Apple está lutando contra o FBI para não criar brechas de criptografia

Como explicamos por aqui, se a decisão for cumprida, isso pode comprometer a criptografia de inúmeros iPhones protegidos por um código numérico, nos EUA ou em outros países. Pior: isso abriria um precedente legal perigoso, forçando outras fabricantes – no ecossistema do Android, Windows, BlackBerry e mais – a criar backdoors na criptografia para facilitar investigações.

“Liberdades estão em jogo”

O primeiro grande apoio à Apple veio de Jan Koum, chefe do WhatsApp. Em um post no Facebook, ele mostra concordar com a carta aberta de Tim Cook, e diz: “não podemos permitir que este perigoso precedente seja criado. Hoje, as nossas liberdades estão em jogo”.

O WhatsApp vem implementando criptografia ponta-a-ponta nas mensagens de texto desde 2014. As mensagens devem mostrar um indicador de segurança em breve.

Sundar Pichai, CEO do Google, se manifestou depois via Twitter. Ele lembra que “nós damos acesso a dados para agências da lei com base em ordens legais válidas”, mas diz que “forçar empresas a permitir invasões pode comprometer a privacidade dos usuários”, e que este “poderia ser um precedente preocupante”.

O Google também se dedica à criptografia. Eles oferecem proteção ponta-a-ponta no Gmail desde 2014; priorizam sites HTTPS nas buscas; e obrigam fabricantes a ativar criptografia em novos dispositivos com Android Marshmallow (que sejam rápidos o bastante).

Também tivemos um comunicado do Reform Government Surveillance, grupo que reúne Microsoft, Facebook, Twitter, Yahoo, Dropbox, Evernote, LinkedIn e AOL, além de Apple e Google.

O RGS diz que é importante ajudar a combater terroristas, mas “empresas de tecnologia não devem ser obrigadas a embutir backdoors nas tecnologias que mantêm seguras as informações de seus usuários”.

Entidades de direitos ao cidadão também se posicionaram a favor da Apple. A Anistia Internacional, EFF (Electronic Frontier Foundation) e ACLU (American Civil Liberties Union) deixam claro que “esta é uma medida governamental sem precedentes, imprudente e ilegal”, e que “a Apple está certa em revidar neste caso”.

Edward Snowden se manifestou via Twitter, dizendo que “o FBI está criando um mundo no qual os cidadãos contam com a Apple para defender seus direitos, ao invés do contrário”.

O caso

O caso judicial se refere ao tiroteio de San Bernardino, Califórnia. Em dezembro de 2015, Syed Rizwan Farook e Tashfeen Malik mataram 14 pessoas e deixaram 22 gravemente feridas. O casal foi morto pela polícia em um tiroteio.

A dupla tentou destruir a própria vida digital antes do atentado, quebrando celulares e discos rígidos, mas o FBI conseguiu obter o iPhone 5c de um dos terroristas – mas ele está protegido por senha.

O iOS não deixa que alguém tente adivinhar a senha mais de dez vezes. Por isso, a juíza pediu que a Apple atualize o software para permitir que o FBI faça um ataque de força bruta. De acordo com a Apple, esse software não existe, porque criaria um backdoor na segurança do sistema.

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